A artilharia ideológica das direitas mundiais. Artigo de Jorge Alemán

Manifestação de 15 de março de 2015 contra corrupção e a favor do impeachment de Dilma Rousseff (Foto: Wikimedia Commons CC)

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25 Junho 2020

“Os diferentes setores feministas, trabalhadores e gente de bem, que não suportam o ódio consumado e autoritário das direitas, devem reunir suas energias para mudar a correlação de forças nas relações do Capital com o Trabalho. Mas, desta vez, não é apenas a experiência coletiva que transformará o sujeito singular. Agora, também deve acontecer o inverso, o desejo ético do próprio sujeito singular (que não é o individualismo) deve ser um agente de subversão do coletivo”, escreve Jorge Alemán, psicanalista e escritor, em artigo publicado por Agencia Periodística Patagónica - APP, 23-06-2020. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

As direitas se desinibiram. Enquanto as correntes progressistas ou de esquerda ou nacionais e populares exigem renúncias em nome do bem comum, quarentenas que protegem a saúde da comunidade, as direitas saem às ruas, exibem-se sem máscaras e se pronunciam contra o “autoritarismo” quase comunista de Estado. O “fique em casa” é o inverso do tomar as ruas das esquerdas. É o “68” ao avesso. Agora, as direitas exigem gozar a liberdade.

‘Qual é a autoridade desses caras para me fazer ficar em casa?’ Dessa maneira, as direitas contam a seu favor com uma ininterrupta despolitização de grandes setores da população, iniciada nos anos 1980 e ressignificada nesta atual pandemia.

São as esquerdas que com recursos simbólicos muito escassos devem assumir os legados emancipatórios de diferentes signos e reinventá-los, correndo o risco de que, graças a dispositivos neoliberais, sejam apresentados como imposições arbitrárias.

Em toda política nacional e popular, em todo projeto de esquerda soberano, há sempre uma dimensão ética irredutível. E onde há ética, há sempre um dever de renúncia frente às pulsões narcisistas. As mesmas que a ordem neoliberal impulsiona ilimitadamente.

A tradicional xenofobia e racismo das direitas voltaram-se lentamente à verdadeira posição que as sustenta. Quando o governo é soberano ou tenta ser, dispara-se um algoritmo midiático no qual o governo é filocomunista e castro-bolivariano. Ficam excluídos do limite da Nação todos aqueles que amam seu povo e para essa operação já não é necessário um golpe de Estado clássico. É suficiente sua gradual e sustentada tendência ao estado de exceção, como já demonstrou que pode fazer quando se apropria do judiciário.

As direitas agora sabem que os projetos transformadores não podem, nem devem vencer. É um pacto Internacional que está acima das organizações internacionais, que por sua vez são tratadas pelas direitas mundiais com absoluto desdém.

As direitas mundiais têm mais do que nunca representantes casuais e aleatórios. Seus nomes próprios não contam muito, pois são meras correntes de transmissão da ditadura do Capital.

Dada essa ordem de coisas, que tipo de alianças um projeto de esquerda nacional e popular deve realizar para não cair sob o assédio de guerra das direitas? E qual é a substância ética e política que a deve sustentar?

Os diferentes setores feministas, trabalhadores e gente de bem, que não suportam o ódio consumado e autoritário das direitas, devem reunir suas energias para mudar a correlação de forças nas relações do Capital com o Trabalho. Mas, desta vez, não é apenas a experiência coletiva que transformará o sujeito singular. Agora, também deve acontecer o inverso, o desejo ético do próprio sujeito singular (que não é o individualismo) deve ser um agente de subversão do coletivo.

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