24 Mai 2018
Cinco padres, entre os quais estão Eugenio de la Fuente e Francisco Astaburuaga, foram convidados por Francisco ao Vaticano, entre 1 e 3 de junho.
A reportagem é de María José Blanco e Sergio Rodríguez, publicada por La Tercera, 23-05-2018. A tradução é de André Langer.
“Não temos antecedentes. Acabamos de tomar conhecimento agora, como todos vocês”, disse na terça-feira o bispo auxiliar de Santiago e secretário geral da Conferência Episcopal (Cech), Fernando Ramos, poucos minutos depois que, do Vaticano, o Papa anunciou que nos dias 1 e 03 de junho receberá cinco sacerdotes que foram vítimas de abusos (de consciência, de poder e/ou sexuais) por parte de Fernando Karadima.
Na coletiva de imprensa que aconteceu na sede da Cech, tanto Ramos como os bispos Santiago Silva (presidente da entidade católica) e Juan Ignacio González (bispo de San Bernardo) reconheceram que souberam pela imprensa este novo gesto de reconhecimento estendido às vítimas do ex-pároco de El Bosque, quase uma semana depois do término do encontro do Pontífice com 34 bispos do Chile e a renúncia de 31 deles.
Junto com esses cinco padres abusados viajarão outros dois religiosos, que ajudaram as vítimas “em sua batalha jurídica e espiritual” e dois leigos ligados ao mesmo processo. Os nove foram convidados para a residência de Santa Marta, no Vaticano.
Ontem à noite, no entanto, este grupo de religiosos emitiu um comunicado ratificando que irão expor ao Pontífice “o sistema abusivo que era praticado na Paróquia do Sagrado Coração de Providência”. O documento foi assinado pelos padres Francisco Astaburuaga, Alejandro Vial e Eugenio de la Fuente.
Outro presbítero (do grupo de cinco pessoas) que conversou com La Tercera e por enquanto pediu para não ser identificado afirmou que “eu fui um dos 64 testemunhos do Relatório Scicluna e quero ajudar o Papa. Penso que será um testemunho de ajuda e de bondade que ele saiba tudo o que aconteceu”.
Boletim da Sala de Imprensa do Vaticano
O boletim publicado durante a tarde da terça-feira pela Sala de Imprensa do Vaticano assinalou que “o Papa Francisco quer mostrar sua proximidade com os sacerdotes vítimas de abusos, acompanhá-los em seu sofrimento e ouvir sua valiosa opinião para melhorar as atuais medidas preventivas e combater os abusos na Igreja”.
O documento explicava que “conclui-se assim esta primeira fase de encontros que o Santo Padre quis ter com as vítimas do sistema abusivo instaurado há várias décadas na mencionada paróquia. Esses padres e leigos representam todas as vítimas dos abusos do clero no Chile. Entretanto, não está descartada a possibilidade de haver outras iniciativas similares no futuro”.
Sobre o encontro, foi especificado que “haverá várias reuniões durante o final de semana, que serão realizadas em um ambiente de confiança e confidencialidade. Na manhã do sábado, 2 de junho, o Papa celebrará uma missa privada na Casa Santa Marta; na primeira hora da tarde haverá uma reunião de grupo e depois encontros individuais”.
O boletim foi publicado minutos antes de os bispos Silva, Ramos e González falarem na coletiva de imprensa para prestarem contas do encontro que ocorreu na semana passada em Roma.
Diante do anúncio do Vaticano, o bispo Santiago Silva disse que “dentro do processo que o Papa tem para a renovação da Igreja no Chile estão estes desafios. Parece-nos muito bom que seja assim, que os receba”.
A organização de leigos de Osorno avalia como muito positivo o encontro: “Traça um caminho a seguir diante dos abusos: crescer, apoiar e acompanhar as vítimas (...). Até agora, o procedimento no Chile está muito longe disso (...), e também aborda um aspecto que é importante: os abusos sofridos pelo clero.
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Chile. Padre vítima de Karadima convidado a Roma: “Eu quero ajudar o Papa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU