26 Março 2018
Após a promulgação, em 6 de março último, do decreto da Congregação para as Causas dos Santos que reconhece o milagre atribuído aos Beato Oscar Arnulfo Romero e ao Papa Paulo VI, agora espera-se a data e o local da canonização. Na véspera do martírio em odium fidei do arcebispo de San Salvador (24 de março de 1980), fala com o SIR o cardeal Gregorio Rosa Chávez, amigo e colaborador de D. Romero.
A entrevista é de Patrizia Caiffa, publicada por Servizio di Informazione Religiosa - SIR, 24-03- 2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
A canonização do Beato Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador assassinado em 1980 enquanto celebrava a missa, poderia acontecer em janeiro de 2019, coincidindo com o Dia Mundial da Juventude, no Panamá. Este é o desejo e pedido dos bispos de El Salvador, expresso em uma carta ao Papa Francisco. Enquanto se aguarda a resposta do Vaticano, e em vista de 24 de março, o dia do martírio em odium fidei de Dom Romero em 1980, assassinado por pistoleiros enquanto celebrava a missa por causa de suas homilias incômodas, fala o cardeal Gregorio Rosa Chávez, bispo auxiliar de San Salvador. Em sua juventude, ele foi amigo e colaborador de dom Romero. Papa Francisco em 6 de março autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar os decretos sobre o milagre atribuído à intercessão dos dois beatos Paulo VI e Oscar Arnulfo Romero. Ambos os milagres dizem respeito à vida em nascimento. Os dois futuros santos estão ligados por um vínculo especial, como ressalta o Cardeal Rosa Chávez.
Qual poderia ser a data e o local da canonização de Dom Romero?
Após o anúncio oficial da canonização surgiram muitas especulações. Como bispos de El Salvador escrevemos uma carta ao Papa Francisco solicitando que a canonização de Mons. Romero possa ser realizada aqui em El Salvador, para permitir aos pobres participarem da missa.
Nós sugerimos duas opções: que o Papa venha até aqui para celebrar a cerimônia de canonização em janeiro 2019 antes de ir para o Panamá para a Jornada Mundial da Juventude, ou se não for possível, que possa ao menos fazer uma parada para visitar o seu túmulo, ainda no âmbito do Dia Mundial da juventude, de que D. Romero é patrono. Este é o desejo dos bispos de El Salvador. Esperamos a resposta do Vaticano.
Quais as iniciativas que organizaram em El Salvador para comemorar o aniversário do martírio de Mons. Romero, em 24 de março?
Em 23 de março, eu presidi uma missa solene e a festa do padroeiro na paróquia Beato Oscar Romero, que é uma nova paróquia. Em 24 de março, vou presidir uma missa solene na catedral de El Salvador com todos os bispos de El Salvador.
Também será um ato em memória dos outros missionários mártires do mundo?
Esta é uma boa e louvável iniciativa dos bispos italianos que gostaríamos de propor também nos próximos anos, mas até agora nunca o fizemos.
Qual foi a reação pública de Salvador ao ouvir a notícia da canonização, em 6 de março último?
A notícia teve muita ênfase, e foi publicada nas páginas dos jornais de uma forma positiva. Muito foi falado sobre o milagre de D. Romero, relacionado com o tema da vida e da família. Muitas pessoas que não o conheciam agora já sabem quem ele é. Há muita alegria e expectativa pela canonização.
O senhor disse que o maior milagre que D. Romero pode fazer por El Salvador é o milagre da paz. Por quê?
Na carta que o Papa escreveu-nos em 23 de maio de 2015, ele nos disse: em primeiro lugar é preciso conhecer D. Romero, imitar a sua ação e, depois invocá-lo para pedir paz. É preciso caminhar como caminhava Mons. Romero. A nossa é uma nação que sofre muito, a cada semana, há dezenas de assassinatos, e em um país com 7 milhões de habitantes, isso é uma epidemia.
É uma violência cega, brutal e selvagem: o único caminho a seguir é que o país se una em torno dessa figura para buscar caminhos de paz e esperança.
O Papa Francisco deu a notícia da canonização de Mons. Romero simultaneamente com a de Paulo VI: que têm em comum estas duas personalidades?
Eu li um artigo que afirmava que o Papa Francisco e o Bispo Romero têm em comum o amor por Paulo VI, um grande papa por seu ministério. Esta avaliação me impressionou muito, acho que verdadeira.
Monsenhor Romero tinha um grande amor por Paulo VI e nas suas homilias frequentemente citava a sua exortação apostólica Evangelii nuntiandi: o tema da libertação dos pobres era muito complicado naquela época, e ambos foram muito corajosos em sua denúncia evangélica. Estou muito satisfeito que estas duas figuras extraordinárias foram aproximadas. É uma homenagem ao monsenhor Romero, é como se a Igreja também o reconhecesse como um mártir do magistério.
São duas figuras de referência importantes também para o futuro da Igreja dos pobres na América Latina?
Certamente, para dar novo ímpeto e credibilidade ao projeto da Igreja e um caminho mais claro para a doutrina e exemplo do papa Francisco.
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Romero: o cardeal Rosa Chávez (San Salvador), "Esperamos que seja nomeado santo em janeiro de 2019, entre os nossos pobres" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU