01 Agosto 2025
Em correspondência dirigida à direção da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) um grupo de pastores e professores jubilados vinculados à denominação propõe o reforço de sua identidade confessional e que faça um apelo para a construção da paz e o entendimento entre os povos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Inquieta-nos a generalização adotada no Censo, embora os dados ainda sejam preliminares, de ‘os evangélicos’. Quem são ‘os evangélicos’, uma classificação que engloba desde igrejas da missão, igrejas estruturadas administrativamente, igrejas individuais, igrejas de garagens e até empresas de marketing religioso”, expressa o apelo.
Frisa que evangélicos luteranos são herdeiros de Lutero, que tem sua base confessional estribada nos pilares da Reforma do século 16: Somente pela Graça, Somente pela Fé, Somente pelas Escrituras, Somente por Cristo. A salvação de Deus dá-se por graça. “Ela não nos alcança por meio de negociatas entre criatura e Criador, nem mesmo por acordos que exigem o dízimo e cartões de crédito”, aponta.
Ancorados no Evangelho e nos ensinamentos de Jesus, o grupo reforça a defesa da democracia, uma justa distribuição da renda, terra para famílias que nela queiram produzir, a existência de minorias e a livre manifestação do pensamento, “desde que realizada com responsabilidade”.
O texto lembra que o luteranismo chegou a terras brasileiras junto com os primeiros imigrantes alemães, em 1824. “Mas não nos enrolamos em bandeiras da Alemanha, nem em bandeiras de Israel, embora o Antigo Testamento integre as Sagradas Escrituras, o livro dos cristãos”.
O grupo entende que o Estado de Israel não é o povo judeu que saiu do Egito sob a liderança de Moisés, e que ele não tem o direito de usar a força para acabar com quem o contesta. Solidariza-se, assim, como a população civil da Palestina, de Gaza, da Cisjordânia, atacada como se soldados fossem.
Apela, ainda, aos senhores da guerra, também da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, “que não façam desse jardim criado por Deus um cemitério da humanidade”. A mensagem encerra com um chamado “à reflexão e ação para a construção da paz e o entendimento entre os povos”.