"Francisco lança o desafio de não se deixar tomar nem pelo narcisismo, desânimo ou pessimismo. O narcisismo reflete uma perigosa 'cultura do espelho' e do ensimesmamento, onde as pessoas acabam se afogando no solipsismo. O desânimo, por sua vez, provoca uma cultura da queixa e obstaculiza o que vem oferecido pelos outros como saída. Os que assim se deixam levar, só enxergam o que julgam perdido. E o pessimismo é uma porta que se fecha para o futuro e as novidades que pode anunciar".
O comentário é de Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais - PPCIR-UFJF.
Um livro precioso esse do papa Francisco, que nasceu de uma longa entrevista com Austen Ivereigh. Foi um livro gestado na quarentena, quando o papa aceitou o desafio do entrevistador, logo após ter nomeado uma comissão no Vaticano “para consultar peritos de todo o mundo sobre o futuro da pós-pandemia” [1]. O período das conversas ocorreu entre junho e agosto de 2020. O papa logo aceitou a proposta, para a surpresa do entrevistador,
“mas deixou claro que necessitaria (...) de mais do que apenas uma série de perguntas. Como ficou evidente em suas homilias cotidianas, transmitidas ao vivo a partir de sua resistência durante o confinamento, ele tinha muito a dizer, e não bastava o formato de perguntas e respostas” (VSJ 152 – pós-escrito por Austen Ivereigh).
O livro segue o modelo tradicional do ver-julgar-agir, remodelado por Francisco com os termos contemplar-discernir-propor. Dá no mesmo:
“Primeiro, examinar a realidade, por mais incômoda que ela seja, sobretudo a verdade do sofrimento nas periferias da sociedade. Segundo, discernir as diferentes forças em jogo, distinguindo o que constrói do que destrói, o que humaniza do que desumaniza e, desse modo, escolhendo o que é de Deus e resistindo ao contrário. Por último, propor um olhar novo e passos concretos que surjam do diagnóstico sobre o mal que nos afeta e de como podemos atuar de outra maneira” (VSJ 152 – pós-escrito por Austen Ivereigh).
O entrevistador assinala que ao final das gravações percebeu o clima de grande “energia, paixão e amor” em Francisco e “a intensidade com que vivia aquele momento: como sofria com os outros e seu senso de urgência” (VSJ 154).
O prólogo do livro começa como uma curiosa citação do evangelho de Lucas, quando diz que Satanás “quer peneirar você como trigo” (Lc 22,31). Eu logo me lembrei de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, onde o demo tem um papel central para desviar o rumo dos que buscam o caminho. Como bem assinalou Walnice Nogueira Galvão, que é das grandes especialistas no livro, “o Diabo ganha pequenas paradas, rápidas e logo concluídas dentro do grande fluir de tudo o que existe e que é Deus; mas nessas pequenas paradas pode se danar um homem (...). Tentar parar esse fluir através de uma certeza é a tarefa do Diabo. ´Deus é paciência. O contrário é o diabo`(GSV, 18)” [2].
Francisco começa falando da crise em que vivemos, sinalizando que “entrar em crise implica ser peneirado. É um momento em que tanto os nossos parâmetros como as nossas formas de pensar são sacudidos e as nossas prioridades e os nossos estilos de vida são postos em questão” (VSJ 7). É também, diz Francisco, um momento de provação, e a saída da crise é sempre surpreendente: “sai-se melhor ou pior; mas nunca igual” (VSJ 7). É o que ocorre na história: “Quando o coração das pessoas é posto à prova, elas tomam consciência do que as estava prendendo” (VSJ 8). É o mundo que está em gestação, mesmo nas crises, onde toda a criação, como diz São Paulo, “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8,22). Cita ainda Francisco uma passagem provocante do profeta Isaías, em que Deus interroga o profeta: “Venham e discutiremos. Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os frutos da terra, mas, se vocês recusam e se revoltam, serão devorados pela espada” (Is 1,18-20).
Francisco inicia sua reflexão nessa parte lembrando de nomes que transbordam em seu coração nesse tempo da pandemia. São pessoas que estão nas suas orações e pensamentos, “pessoas com muitos nomes e rostos, pessoas que morreram sem dizer adeus àqueles que amavam, famílias em dificuldades porque não há trabalho e que inclusive passam fome” (VSJ 17). Menciona os enfermeiros, médicos, profissionais de saúde, sacerdotes, religiosos e religiosas “e tantas outras pessoas com vocação para servir” (VSJ 19).
Francisco lança o desafio de não se deixar tomar nem pelo narcisismo, desânimo ou pessimismo. O narcisismo reflete uma perigosa “cultura do espelho” e do ensimesmamento, onde as pessoas acabam se afogando no solipsismo. O desânimo, por sua vez, provoca uma cultura da queixa e obstaculiza o que vem oferecido pelos outros como saída. Os que assim se deixam levar, só enxergam o que julgam perdido. E o pessimismo é uma porta que se fecha para o futuro e as novidades que pode anunciar (VSJ 22).
Francisco realça que a crise pela qual estamos passando é sinalizadora para voltarmos “a entrar em contato com a realidade”. Sublinha que “precisamos passar do virtual para o real, do abstrato para o concreto, da cultura do adjetivo para a do substantivo” (VSJ 23). Assinala a importância de assumirmos com coragem a “cultura do cuidado que responda com rapidez a todas as denúncias”. É algo que virá com o tempo, mas que deverá nos tomar por inteiro, como um “compromisso irremediável no qual devemos empenhar-nos com todas as nossas forças” (VSJ 32).
Em passagem ainda na primeira parte do livro, percebo um certo “escorregão” no ritmo de abertura que marca Francisco em suas falas, e isto se deve ao grande impedimento que bloqueia uma reflexão mais arejada da igreja católica no campo da moral. Quando se toca em certos assuntos, não há como captar a energia vital que o tempo atual nos exige. Como diz com acerto o teólogo francês Christian Duquoc, o peso da instituição em certos campos é quase irremovível, dificultando a tremenda tarefa de a igreja ser capaz de romper seu circuito reduzido. Indica que é mesmo muito dura a tarefa de “renunciar a si mesma” [3]. Para Duquoc é bem pesada a “pretensão eclesiástica de testemunhar a verdade”, e isto mesmo entre setores mais abertos, educados pelo Vaticano II. Uma tal pretensão vem reforçada pelo discurso doutrinal que serve, na prática, para amortecer a precariedade da instituição eclesial [4]. Em carta singular escrita por Teilhard de Chardin para a sua amiga Léontine Zanta, em maio de 1927, dizia que “as nossas igrejinhas nos escondem a Terra” [5]. Não é de se admirar que em seu polêmico livro onde defende a restauração da igreja, o cardeal Ratzinger, na ocasião prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, falava em “drama da moral”, reconhecendo que ali estava o principal ponto de desencontro entre os teólogos e o magistério da igreja” [6]. Isso continua valendo até hoje. Enquanto o mundo celebra avanços importantes como estão acontecendo na Argentina, o papa Francisco mantém o freio nas suas reflexões nesse campo. Daí discordar do que ele afirmou no livro: “Se você pensa que o aborto, a eutanásia e a pena de morte são aceitáveis, seu coração terá dificuldade em se preocupar com a contaminação dos rios e a destruição das florestas” (VSJ 42). Totalmente de acordo com sua crítica à pena de morte, mas quanto aos outros dois pontos, a reflexão deve ser bem mais matizada, seguindo pistas fundamentais traçadas por teólogos morais desde tempos, e cito aqui o grande Jaime Snoek, que atuou na Universidade Federal de Juiz de Fora.
O papa Francisco assinala que passou por três “Covids” em sua vida: a doença, a Alemanha e Córdoba. No primeiro caso, fala de sua doença aos 21 anos, em 1957, quando viveu o limite da dor e da solidão. Foi um passo importante para a mudança na sua vida. Depois veio o exílio voluntário na Alemanha, em 1986, que nomeou como “covid da desconexão”. Disse a respeito: “Você é tirado de onde está e enviado para o desconhecido, e nesse processo aprende que o que realmente importa é o lugar que deixou para trás” (VSJ 49). A terceira “covid” aconteceu quando foi enviado para Córdoba, entre 1990 e 1992. Foi quando atuou como provincial dos jesuítas e depois reitor na comunidade jesuíta. Ali passou um ano e dez meses. Foi um tempo precioso no reforço da oração, mas também de muitas tentações. Foi também uma oportunidade preciosa de ler os 37 volumes da história dos papas, escrito por Ludwig Pastor (VSJ 50).
Francisco se irrita com o fechamento das pessoas no tempo atual: “Aquelas que se dedicaram mais a sua forma de agir seguem colocando em prática a fórmula de sempre – procuram conservar o modo de fazer as coisas” (VSJ 52). Mas se regozija com a presença ativa do povo, em suas profundas demandas de mudança: “É povo pedindo uma mudança profunda, uma mudança que surja das raízes, das necessidades concretas, que brote da dignidade e da liberdade dos povos” (VSJ 53).
Para Francisco, como bom jesuíta, esse tempo é o do discernimento e das escolhas. É “um tempo de provação” que faculta uma boa condução ao futuro. Indica que “para este segundo passo, não precisamos apenas nos conectar com a realidade, mas de um conjunto de critérios que nos guiem: saber que somos amados por Deus, chamados enquanto povo ao serviço e à solidariedade” (VSJ 59). Para o devido discernimento, é necessário abrir caminhos essenciais de reflexão e silêncio, e sobretudo de oração: “Ouvir o chamado do Espírito e cultivar o diálogo, numa comunidade que nos apoie e nos convide a sonhar” (VSJ 59).
O momento, diz Francisco, é o de “recuperar valores, no sentido real da palavra: regressar àquilo que tem de fato valor. O valor da vida, da natureza, da dignidade da pessoa, do trabalho, dos vínculos – todos esses valores-chaves da vida humana, que não podem ser negociados nem sacrificados” (VSJ 60). E pistas bonitas são abertas por Jesus de Nazaré, em suas narrativas fundamentais, com a “gramática do Reino de Deus”. Menciona também o perene valor da Doutrina Social da igreja, sobretudo no âmbito da solidariedade e da subsidiariedade.
A situação do Coronavírus acabou por acelerar o desejo de “uma mudança de época”. Ou seja, “os parâmetros, suposições e modelos que antes serviam como base para nossas ações já não funcionam mais. Estamos passando agora por situações que jamais imaginamos que iria acontecer – o colapso ambiental, uma pandemia global, o retorno dos populismos” (VSJ 62-63). Estamos também diante do grande risco dos fundamentalismos, em que as pessoas se sentem mais “protegidas” de situações desestabilizadoras em troca de certo “quietismo existencial”. Como diz com acerto o sociólogo Peter Berger, “o fundamentalismo é um esforço para restaurar a verdade ameaçada” [7]. A nebulosa fundamentalista ganha também espaço nas igrejas e religiões. Trata-se do fundamentalismo escriturístico e doutrinal. O teólogo Claude Geffré relaciona o fundamentalismo a uma forte “experiência de conversão”, relacionada à leitura do texto bíblico lido e pregado. Ele expressa o clima com uma citação bem apropriada, que explicita essa obstinada busca por um fundamento seguro: “Levaram meu Senhor e não sei onde o puseram” (Jo 20,2).
Francisco expressa sua gratidão a Romano Guardini, que foi tema de sua tese doutoral não concluída. Com ele aprendeu
“a não exigir certezas absolutas, pois isso é sinal de espírito ansioso. Sua sabedoria me permitiu enfrentar problemas complexos que não podem ser resolvidos simplesmente com normas, mas com um estilo de pensamento que permite passar pelos momentos de conflito sem ficar preso neles” (VSJ 64).
O papa pontua que “a tradição não é um museu, a verdadeira religião não é um congelador e a doutrina não é estática, mas cresce e se desenvolve, como uma árvore que permanece a mesma mas fica cada vez maior e produz sempre mais frutos” (VSJ 65).
Francisco lamenta nesse nosso tempo, o que vem sendo sentido de forma muito especial nessa nova pandemia, o abandono dos idosos. Trata-se para ele de “um triste sinal dos nossos tempos”. Sublinha que “boa parte das mortes por Covid-19 foi observada em casas de repouso. Os que morreram eram vulneráveis, não apenas pela idade, mas por conta das condições em muitos desses abrigos: falta de recursos, pouca atenção, muitas mudanças de pessoal, baixa remuneração dos funcionários” (VSJ 66). Para Francisco, “o abandono dos idosos é uma enorme injustiça”. Lembra uma passagem do livro do profeta Joel: “Os filhos e as filhas de vocês se tornarão profetas; entre vocês, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões” (Jl 3,1).
Os profetas e discípulos de Jesus têm hoje como tarefa primordial captar o vento do Espírito, com extrema atenção aos rumos que suscita: “A voz de Deus nunca impõe, mas propõe, ao passo que o inimigo é barulhento e insistente e até mesmo monótono. A voz de Deus pode nos corrigir, mas suavemente, sempre encorajando, consolando, nos dando esperança” (VSJ 70).
Francisco reforça o papel fundamental exercido hoje pelas mulheres na igreja, que agora passam a ocupar cargos importantes no Vaticano. Foi uma decisão amadurecida e que vai dando seus primeiros frutos. E diz:
“Nomeei outras mulheres para cargos relevantes, mas como essas nomeações foram feitas de cada vez, ao longo de vários anos, não chamaram muito a atenção. Mas quando em 2020, nomeei de uma só vez seis mulheres para o Conselho da Economia do Vaticano, essas indicações viraram notícia” (VSJ 75).
Francisco aprecia nas mulheres o seu senso prático, e indica que durante sua longa experiência pastoral pôde aprender muito com suas recomendações, sempre sensatas e pé no chão.
Durante vários momentos do livro, Francisco coloca a igreja em alerta diante do risco da arrogância e da prepotência. Sublinha que o que o preocupa “é a condição espiritual expressa na arrogância de crer que a Igreja necessita ser salva de si mesma, e que trata a Igreja como se fosse uma corporação na qual os sócios podem exigir uma mudança de gerência” (VSJ 80).
Em seus anos de estudo de Guardini, Francisco aprendeu como lidar com as contradições de forma positiva. Elas não podem ser confundidas com as contraposições. Pensar assim reflete um afastamento da realidade: “O mau espírito – o espírito do conflito, que afeta o diálogo e a fraternidade – transforma sempre as contraposições em contradições, exigindo que escolhamos um dos lados e reduzindo a realidade a simples binários” (VSJ 88).
Linda a passagem do livro em que Francisco fala do caminho profundo do transbordamento. A expressão “transbordar” é uma possível tradução do grego perisseuo, que é
“a palavra usada pelo salmista cuja taça transborda com a graça de Deus, no salmo 23. É o que Jesus promete (Lc 6,38) e que será derramado em nosso colo quando perdoarmos. É a palavra utilizada no Evangelho de João (Jo 10,10) para caracterizar a vida que Jesus veio trazer, e o adjetivo usado por São Paulo (2 Cor 1,5) para descrever a generosidade de Deus” (VSJ 90).
Para Francisco, “tais transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus rebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível” (VSJ 90). O pensador que foi para mim decisivo para entender com clareza o que é consciência possível, para além da consciência real, foi o marxista Lucien Goldmann, em seus preciosos livros traduzidos ao português. São livros que valem muito a pena ser lidos [8].
Francisco inicia essa parte com uma bela citação do poeta Rabindranath Tagore: “Aproximaste de mim o distante e fizeste do desconhecido um irmão” (VSJ 107). No campo do agir, a opção de Francisco é bem clara, na linha dos bispos latino-americanos, com a escolha preferencial dos mais pobres e excluídos. Foi assim que deu início ao seu pontificado em Lampedusa, junto aos excluídos. Os poderosos, diz Francisco,
“se aproveitam e extraem deles tudo o que podem, sem darem nada em troca. A indiferença, o egoísmo, a cultura do bem-estar acomodado e as profundas divisões na sociedade, que degeneram em violência – todas essas coisas são sinais de que o povo perdeu a consciência da sua dignidade. Deixou de acreditar em si mesmo” (VSJ 108).
No profético livro de Davi Kopenawa e Bruce Albert, A queda do céu, o grande líder Yanomami denuncia com vigor o que ele chama de “comedores de terra”, que avançam sem pudor sobre o território indígena à caça dos tesouros sob a terra. Como sublinha, “esses brancos parecem querer devorar a terra, como tatus-canastras e queixadas! Se deixarmos seu número aumentar, vão devastar a floresta toda, do mesmo jeito que estão fazendo aqui” [9].
Nas calamidades, como essa da Covid-19, a vulnerabilidade dos povos vem à tona, com todo o seu ímpeto, e expõe as seguranças falsas e supérfluas em torno das quais havíamos organizado nossos planos, nossas rotinas e prioridades” (VSJ 109).
Na proposta de Francisco, encontra-se em primeiro lugar o resgate da dignidade do povo. Trata-se de recuperar sua vida e sabedoria, sua “maneira de olhar o mundo”, que tem tanto a nos ensinar (VSJ 113). O mesmo reconheceu Bruno Latour em obra preciosa sobre os modos de existência. Dizia que hoje estamos assistindo de forma singular o “retorno progressivo às cosmologias antigas e suas inquietudes”. E tomamos consciência de que elas não são assim inconsistentes como pensam os ilustrados e poderosos de nosso tempo [10].
O papa Francisco relata sua experiência com os cartoneros na Argentina, de onde colheu muitos frutos importantes para a sua reflexão pessoal. Ali pôde reconhecer o que significa a “cultura do descarte”. Sinaliza que eles, “ao se organizarem, criaram a dinâmica da própria conversão, uma reciclagem de suas próprias vidas. E no processo mudaram a maneira como os argentinos viam o lixo, ajudando-os a compreender o valor de reutilizar e reciclar” (VSJ 136). Aprendeu também muito com os encontros dos movimentos populares no Vaticano. Justas as suas reivindicações em favor da terra, do teto e do trabalho e sua luta contra todas as discriminações e violências (VSJ 138).
No epílogo, conclui com um lindo poema sobre a Esperança, de autoria de Aléxis Valdez, e cito aqui as quatro primeiras estrofes:
“Quando a tempestade tiver passado
e as estradas estiverem amansadas
e nós formos sobreviventes
de um naufrágio coletivo.
Com o coração em lágrimas
E o destino abençoado
Nos sentiremos felizes
Simplesmente por estarmos vivos.
E daremos um abraço
Ao primeiro desconhecido
E louvaremos a sorte
De conservar um amigo.
E então recordaremos
Tudo aquilo que perdemos
E de uma vez aprenderemos
Tudo o que não aprendemos (...)” (VSJ 149).
.....
[1] Papa Francisco. Vamos sonhar juntos. O caminho para um futuro melhor. Em conversa com com Austen Ivereigh. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020, p. 151. O livro será sempre citado no texto com a sigla VSJ, seguida da página.
[2] Walnice Nogueira GALVÃO. As formas do falso. 2 ed. São Paulo: Perspectiva,1986, p. 130.
[3] Christian DUQUOC. “Credo la chiesa”. Precarietà istituzionale e regno di Dio. Brescia: Queriniana, 2001, p. 165.
[4] Ibidem, p. 134-135.
[5] Teilhard de CHARDIN. Cartas a Léontine Zanta. São Paulo: Herder, Lisboa, 1967, p. 99.
[6] Vittorio MESSORI & Joseph RATZINGER. Rapporto sulla fede. Cisinello Balsamo: Paoline, 1985, p 87.
[7] Peter L. BERGER. Os múltiplos altares da modernidade. Rumo a um paradigma da religião numa época pluralista. Petrópolis: Vozes, 2017, p. 34.
[8] Lucien GOLDMANN. Ciências humanas e filosofia. São Paulo: Difel, 1967, p. 47-50.
[9] Davi KOPENAWA & Bruce ALBERT. A queda do céu. Palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 339.
[10] Bruno LATOUR. Enquête sur les modes d´existence. Une anthropologie des Modernes. Paris: La Découvert, 2012, p. 452.