15 Setembro 2020
"Agora Viganò promoveu uma grotesca Cruzada do Rosário para propiciar a vitória de Trump em novembro. Orar nos 54 dias que faltam até 4 de novembro: a iniciativa foi anunciada em 8 de setembro pelo LifeSiteNews, um dos sites canadenses mais influentes do preconceito doutrinário. Election novena. Suspiro!", escreve Fabrizio D'Esposito, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 14-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na colorida galeria do duro e puro antibergoglismo destaca-se cada vez mais o perfil de comediante trágico de D. Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos que ainda se vale do título de arcebispo. Ele se tornou conhecido na época do Vatileaks 1 – o escândalo do Vaticano que contribuiu para a clamorosa renúncia de Bento XVI ao pontificado – na era franciscana Viganò foi transfigurou em arauto da direita clerical, convencido de que "uma conspiração maçônica mundial" quer destruir a Igreja através do próprio Bergoglio (comparado ao Anticristo do Apocalipse) e favorecer uma Nova Ordem baseada na homossexualidade, aborto e eutanásia. Também por isso, explicou o arcebispo no começo do ano, o Senhor enviou o "castigo divino" do Covid.
Durante o verão do hemisfério norte, no entanto, a ofensiva do antipapa Viganò (que neste papel destronou o peso-pesado estadunidense cardeal Burke) atingiu mais um ponto sem volta em sua guerra à misericórdia de Francisco. Por um lado, empreendeu uma grosseira campanha contra a "heresia" de todo o Concílio Vaticano II. Pelo outro lado, Viganò se destacou no apoio a Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Aliás, no início de junho, o próprio Trump relançou no Twitter uma carta do bispo na qual se lia que o assassinato de Floyd e o Black Lives Matter teriam sido tramados pela "conspiração maçônica mundial" que quer derrubar o presidente. Portanto, agora Viganò promoveu uma grotesca Cruzada do Rosário para propiciar a vitória de Trump em novembro. Orar nos 54 dias que faltam até 4 de novembro: a iniciativa foi anunciada em 8 de setembro pelo LifeSiteNews, um dos sites canadenses mais influentes do preconceito doutrinário. Election novena. Suspiro!
Na carta em que ilustra as razões dessa novena eleitoral inédita, o arcebispo cita uma das frases mais polêmicas e enigmáticas de Jesus, do Evangelho de Mateus. Regnum caelorum vim patitur et violenti rapiunt illud. “O reino dos céus sofre violência e os violentos o tomam pela força”. Exegetas famosos da Palavra escreveram sobre uma interpretação "ativa" e outra "passiva", por sua vez dividida em "positiva" e "negativa". Na "passiva positiva" especifica-se que a violência de Deus é diferente da violência humana: é "santa" e pode ser entendida como uma conversão radical entre a ascensão e a penitência. A segunda negativa, mais literal, reconhece o assalto do Mal ao Céu: nessa passagem de Mateus, Jesus fala do Batista, que depois foi decapitado.
Viganò adere à sua maneira à "santa violência" da oração e termina com a invocação ao Deus dos Exércitos: “Oramos pelos Estados Unidos da América; oramos por nosso presidente; oremos pela sua vitória, que o Senhor Deus dos Exércitos – Dominus Deus Sabaoth – lhe concederá, se souber colocar-se sob a sua proteção e quiser tornar-se paladino dos justos e defensor dos oprimidos. Rezamos para que se descubram as armadilhas que o inimigo invisível trama nas sombras, e que sejam derrotados aqueles que querem promover o vício e o pecado, a rebelião contra os mandamentos de Deus e as próprias leis da natureza”. Um delírio digno de um verdadeiro fariseu.
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EUA. D. Viganò lança a “election novena” para Trump - Instituto Humanitas Unisinos - IHU