06 Mai 2020
Dias depois de a conferência episcopal dos EUA enviar um conjunto de sugestões sobre como os prelados católicos poderão retomar as celebrações públicas da missa durante a pandemia de coronavírus, a organização nacional dos coordenadores litúrgicos diocesanos publicou um conjunto próprio, com suas recomendações.
As diretrizes da Federação das Comissões Litúrgicas Diocesanas dos EUA diferem daquelas escritas pelos bispos em um ponto importante: se os católicos devem poder receber a Comunhão na língua.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 05-05-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Onde as diretrizes dos bispos, preparadas pelo Instituto Tomista da Câmara Dominicana de Estudos (Dominican House of Studies), em Washington, dizem que é possível dar a Comunhão na língua “sem risco desarrazoado”, as diretrizes propostas pela federação sugerem que a recepção na língua seja temporariamente proibida.
A federação ilumina a sua proposta com uma citação do Pe. Michael Nolan, vigário auxiliar da Diocese de Wichita, no estado do Kansas.
“Acho que a pandemia atual é uma razão muito justificável para exigir a sagrada comunhão na mão”, escreve Nolan.
“Ninguém tem o direito de pôr em perigo a vida do outro, mesmo sem saber, exigindo a Comunhão na língua quando as pessoas que se sucedem podem ficar expostas a um vírus do qual o recipiendário oral ainda não está ciente”, afirma o padre.
As novas diretrizes da federação, disponibilizadas em seu sítio eletrônico em 4 de maio, assumem a forma de uma série de sugestões práticas para que os coordenadores litúrgicos diocesanos considerem, consultando-as com seus respectivos bispos.
As diretrizes dos bispos americanos foram informadas pelo National Catholic Reporter em 3 de maio e enviadas aos prelados do país em 30 de abril pelo arcebispo de Hartford, em Connecticut, Dom Leonard Blair, presidente da Comissão para o Culto Divino dos bispos.
As diretrizes da federação abrem com uma série de sete princípios gerais, o primeiro sendo o de que “o bem comum é a nossa prioridade”.
“Nossa primeira consideração deve ser pela saúde e segurança dos paroquianos e daqueles com quem se encontrarão”, afirma.
“Admitamos que nós, como clérigos, liturgistas e músicos, temos experiência em práticas litúrgicas e teologia sacramental, devemos confiar nas equipes médicas e nos cientistas para dar os melhores conselhos nessas questões”, continua o texto.
Outros princípios incluem continuar realizando missas ao vivo para os mais vulneráveis aos efeitos do vírus e “pensar a longo prazo”.
“De modo compreensível, todos estamos ansiosos para voltar à normalidade”, lê-se. “Mas a ameaça do coronavírus ainda está muito presente. Mesmo agora, algumas regiões do país continuam registrando novos casos e vendo aumentar as taxas de mortalidade”.
“Isso certamente afetará a maneira como realizamos os nossos cultos e os rituais que são uma parte fundamental de nossa fé”, continua.
Entre as sugestões práticas apresentadas pela federação estão: higienizar corrimãos e maçanetas nas igrejas após cada celebração da missa, planejar com antecedência quando os suprimentos de higienização poderão se tornar escassos nas comunidades locais e manter a decoração da igreja ao mínimo, para não precisa desinfetar ou lavar todos os itens com frequência.
As diretrizes dos bispos americanos foram preparadas por um grupo de trabalho do Instituto Tomista que incluiu dois médicos e cinco padres.
O grupo seguiu o exemplo o plano apresentado pelo presidente Trump, de reabertura das atividades no país, plano que diz que os EUA voltarão à normalidade em três fases, permitindo inicialmente ajuntamentos de grupos de até 10 pessoas, depois 50 e, então, grupos mais regulares, com número ilimitado.
A federação menciona as diretrizes dos bispos no final de suas propostas, dizendo que, embora o documento episcopal “tenha muitos pontos positivos, ele possui alguns pontos com os quais os bispos individualmente podem discordar”.
“Por exemplo, ele sugere que a Comunhão na língua é possível e que o documento dá a opção de Comunhão para depois da missa (com desinfetante para as mãos sendo usado entre os fiéis)”, observa a federação a respeito do documento dos bispos.
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Federação das Comissões Litúrgicas Diocesanas dos EUA propõe proibir temporariamente a Comunhão na língua - Instituto Humanitas Unisinos - IHU