Cardeal Sarah descarta “comunhão para levar” como algo “insano”

Foto: Vatican Media

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04 Mai 2020

Enquanto os bispos católicos da Europa e dos Estados Unidos discutem a reabertura da missa para os fiéis e ponderam o que fazer sobre a distribuição da comunhão, considerada um momento de “alto risco de contágio”, o cardeal Robert Sarah, de Gana, chefe do escritório litúrgico do Vaticano, alertou que a resposta não pode ser a “profanação da Eucaristia”.

A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 02-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O cardeal disse que “não se pode negar a confissão e a comunhão a ninguém”, portanto, mesmo que os fiéis não possam comparecer à missa, se um padre é convidado a dar alguma das duas, eles devem fazê-lo.

Nos dias atuais, a Conferência Episcopal Italiana e o governo do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, continuaram suas negociações após a recentemente anunciada Fase 2 da quarentena, ou seja, um alívio gradual das restrições ao confinamento, embora ainda não tenha sido anunciada nenhuma data para a retomada das missas.

De acordo com o jornal italiano La Stampa, uma das soluções que estão consideradas é uma comunhão “para levar”, porque a distribuição da Eucaristia é considerada como sendo de “alto risco de contágio”. Essa proposta sugere que as hóstias sejam colocadas em sacos plásticos para serem consagradas pelos padres e deixadas em prateleiras para as pessoas levarem.

“Não, não, não”, disse Sarah ao Nuova Bussola Quotidiana, um site conservador italiano, em uma entrevista publicada no sábado. “Não é absolutamente possível, Deus merece respeito. Não se pode colocá-lo em um saquinho. Não sei quem pensou esse absurdo, mas, se é verdade que a privação da Eucaristia é certamente um sofrimento, não se pode negociar sobre o modo d comungar. Comungamos de modo digna, digno de Deus que vem a nós.”

“Deve-se tratar a Eucaristia com fé, não podemos tratá-la como um objeto banal, não estamos no supermercado”, disse Sarah. “É totalmente insano.”

Quando o repórter perguntou ao prelado, que às vezes é visto como fora de sintonia com o Papa Francisco, sobre o fato de que esse método já está sendo usado em algumas igrejas na Alemanha, o prelado disse que, “infelizmente, na Alemanha, fazem-se muitas coisas que não têm mais nada de católico, mas isso não significa que se deve imitá-las”.

Sarah então disse que ouvira recentemente um bispo dizer que, no futuro, não haveria mais assembleias eucarísticas – a missa com a Eucaristia –, mas sim a Liturgia da Palavra: “Mas isso é protestantismo”, disse ele, sem citar o prelado.

O cardeal guineense, nomeado pelo Papa Francisco como prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em 2014, também disse que a Eucaristia não é um “direito ou um dever”, mas sim um dom dado livremente por Deus que deve ser acolhido com “veneração e amor”.

Os católicos acreditam na presença real de Cristo na Eucaristia depois que as hóstias são consagradas pelo padre. Segundo Sarah, na forma eucarística, Deus é uma pessoa, e “ninguém acolheria a pessoa que ama em um saquinho ou de qualquer modo indigno”.

“A resposta à privação da Eucaristia não pode ser a profanação”, afirmou. “Essa é realmente uma questão de fé. Se acreditamos nela, não podemos tratá-la de modo indigno.”

Quanto ao fato de as missas serem transmitidas pela internet ou pela TV durante a pandemia, Sarah disse que os católicos não podem “se acostumar com isso”, porque “Deus se encarnou, é carne e osso, não é uma realidade virtual”. Além disso, disse ele, é enganoso para os padres, que deveriam olhar para Deus durante a missa e não para a câmera, como se a liturgia fosse um “espetáculo”.

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