"A discriminação se perpetua; a mudança é possível". Entrevista com Linda Pocher

Foto: Mateus Campos Felipe | Unsplash

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09 Dezembro 2025

"Se existe um diaconato entendido como serviço à comunidade, ao qual até mesmo homens casados podem ter acesso, por que não as mulheres?", questiona a Irmã Linda Pocher, teóloga salesiana e autora do livro "Donne e ministeri nella chiesa sinodale" (Paoline). Ela foi incumbida pelo Papa Francisco de organizar os encontros com os seus cardeais conselheiros com o objetivo de "desmasculinizar a Igreja".

A entrevista é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 05-12-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

Agora, comenta sobre a proibição do diaconato feminino.

Eu esperava que levassem um pouco mais de tempo. Estou cada vez mais convencida de que se trata mais de um problema cultural do que teológico, e quando se apressam demais as coisas, se criam grandes polarizações.

Por que um problema cultural?

Por trás de tudo está a ideia de que a ordenação reservada aos homens é o último bastião da diferença de gênero: enquanto houver algo que as mulheres não podem fazer, a unicidade masculina é preservada. Devemos respeitar as resistências dos outros, mas aqui se pretende que Jesus salvou a humanidade porque era homem: Jesus também era judeu, então quem o represente precisa ser judeu?

É um “não” definitivo às mulheres diácono?

O desenvolvimento da doutrina católica não funciona assim. A novidade interessante é a publicação integral da carta dirigida ao Papa, uma transparência notável em comparação com documentos anteriores da mesma comissão.

O problema é aceitar a presença de uma mulher no altar?

Certamente algumas imagens estão introjetadas em nós, e para mudá-las são necessárias experiências que nos façam ver as coisas de outro ponto de vista.

As mulheres diácono seriam a etapa que antecede as mulheres ordenadas sacerdotes?

O diaconato era o primeiro grau de ordenação: diácono, sacerdote e bispo. O Concílio Vaticano II restabeleceu o diaconato permanente, ao qual os homens casados também podem ter acesso: se existe um diaconato desse tipo, um serviço à comunidade, por que as mulheres não poderiam ter acesso a ele?

O Cardeal Petrocchi fala de duas visões teológicas opostas...

A aposta do Sínodo é que um problema se resolve quando se alcança uma convergência suficiente. Isso requer treinamento à escuta mútua e sem preconceitos. É a grande revolução de Francisco.

O documento desconsidera as mulheres que falaram de um forte "sentimento" de terem sido chamadas.

Não é considerado apropriado para a mulher aquele que é o discernimento normal para um homem, que entra no seminário porque sente a vocação.

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