06 Dezembro 2025
Diversas comissões já deliberaram sobre a ordenação de mulheres na Igreja. O mais recente grupo de especialistas nomeado pelo Papa Francisco para tratar deste assunto também não conseguiu chegar a uma conclusão definitiva. Será que ainda é possível um avanço?
A reportagem é de Mario Trifunovic, publicada por Katholisch, 05-12-2025.
A questão de saber se as mulheres poderão em breve ser ordenadas diáconas na Igreja Católica ainda não recebeu uma resposta concreta da Igreja – nem mesmo no documento final publicado na quinta-feira pelo Vaticano, emitido pela comissão teológica nomeada pelo Papa Francisco e liderada pelo cardeal italiano Giuseppe Petrocchi. Simbolicamente, poderíamos dizer: o sinal permanece amarelo. O documento em si é uma análise sistemática e deliberadamente sóbria do trabalho da comissão e pretende servir de guia para o Papa Leão XIV em seu processo de tomada de decisão. O documento foi publicado a seu pedido, diferentemente das conclusões do primeiro grupo de especialistas. No entanto, isso não torna a decisão fácil para o Pontífice.
A comissão teológica, composta por cinco homens e cinco mulheres, afirmou por unanimidade, em sua primeira reunião em 2021, que o diaconato histórico "não era compreendido como um simples equivalente feminino do diaconato masculino e aparentemente carecia de caráter sacramental". A pesquisa histórica serve como ponto de partida, mas não como base para uma decisão. Pois, como afirma o documento, a perspectiva histórica não permite uma certeza definitiva.
Em vez disso, a questão deve ser decidida em nível magisterial. O Papa Bento XVI já havia enfatizado isso em sua carta por ocasião do 50º aniversário da criação da Comissão Teológica Internacional. No entanto, essa tarefa provavelmente será difícil, dadas as divergências teológicas e a falta de consenso. A comissão votou em diversas teses que ilustram claramente essas tensões.
Não há maioria a favor da justificativa clássica de que "Jesus era um homem"
Por exemplo, a discussão centrou-se na doutrina oficial de que apenas homens poderiam ser ordenados porque o próprio Jesus era homem. No entanto, a votação não conseguiu alcançar a maioria, terminando num empate de cinco a cinco. Da mesma forma, não se chegou a uma maioria para as propostas concretas de introdução de um diaconato sacramental para mulheres. Houve, contudo, consenso unânime de que um aprofundamento sistemático da teologia do diaconato em conexão com o sacramento da Ordem levanta "questões sobre a compatibilidade da ordenação diaconal de mulheres com o ensinamento católico sobre o sacramento da Ordem" — questões que parecem difíceis de resolver.
O documento declara, portanto, que, "tendo em conta a pesquisa histórica e a investigação teológica", a possibilidade de "avançar rumo à admissão de mulheres ao diaconato como uma etapa do sacramento da Ordem" está descartada. À luz das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério, esta avaliação é clara, mas atualmente não permite um juízo final – ao contrário da ordenação de sacerdotes, como João Paulo II estabeleceu definitivamente em 1994 com a sua Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis.
O conflito teológico gira em torno de duas posições fundamentais: um lado enfatiza que a ordenação diaconal é ad ministerium (para o serviço) e não ad sacerdotium (para o sacerdócio). Isso, argumentam, poderia abrir caminho para um diaconato feminino, mas impediria a ordenação sacerdotal de mulheres. A outra visão enfatiza a unidade inseparável do sacramento da Ordem em seus três graus (diácono, presbítero e bispo) e, portanto, rejeita a ordenação de mulheres como diaconisas. Admitir mulheres ao primeiro grau da Ordem tornaria inexplicável sua exclusão dos graus subsequentes.
Igreja em uma encruzilhada dogmática
O sacramento da Ordem, dividido em três níveis, é, portanto, um ponto central de controvérsia. Em seu motu proprio de 2009, Omnium in mentem, o Papa Bento XVI introduziu uma distinção clara entre diáconos e sacerdotes no direito canônico. O objetivo era estabelecer que somente bispos e sacerdotes atuam "in persona Christi", enquanto os diáconos são habilitados a servir "o Povo de Deus a serviço da liturgia, da Palavra e da caridade". Essa separação entre o primeiro nível da ordenação e o ministério de liderança da Igreja foi alvo de críticas na época, especialmente entre os diáconos permanentes, pois foi percebida como uma despromoção. Em 1967, o Papa Paulo VI havia aprovado o diaconato permanente no Concílio Vaticano II, mas este era reservado apenas a homens. A única novidade era que agora também estava aberto a homens casados.
O documento recém-publicado revela que a Igreja se encontra numa encruzilhada dogmática. Por um lado, diz "não" ao diaconato feminino como um passo dentro do sacramento da Ordem — embora não de forma definitiva, como no caso da ordenação sacerdotal. Por outro lado, os especialistas expressam abertura a "uma maior exploração teológica e pastoral". A introdução de novos ministérios é mencionada como uma possibilidade: "É oportuno hoje ampliar o acesso das mulheres aos ministérios atribuídos à comunidade e, assim, assegurar o devido reconhecimento eclesial da diaconia dos batizados, especialmente das mulheres".
Os dois motu proprios "Spiritus Domini" e "Antiquum ministerium" de 2021 já apontam nessa direção: Francisco abriu os ofícios de leitora, ministra extraordinária da Sagrada Comunhão e acólita às mulheres e criou o ministério leigo de catequista. Agora, de acordo com o relatório final, cabe ao discernimento pastoral dos pastores examinar quais outros ministérios leigos poderiam ser introduzidos para atender às necessidades da Igreja.
Assim, a questão do diaconato feminino permanece sem solução – pelo menos segundo a comissão teológica. O Cardeal Petrocchi enfatiza, portanto, que a investigação deve continuar. O diaconato como um todo precisa ser esclarecido com mais precisão em termos de sua "identidade sacramental e missão eclesial" para responder a certas questões pastorais e estruturais que permanecem em aberto.
Há, contudo, consenso sobre a necessidade de ampliar as oportunidades para que as mulheres participem adequadamente da vida da Igreja e dos processos de tomada de decisão – inclusive por meio da criação de novos ministérios leigos. Resta saber, porém, se essas medidas serão suficientes para enfrentar os desafios pastorais.
Sem resultados claros
Objetivamente falando, isso significa que mais uma comissão encerrou seus trabalhos sem um resultado claro, como já aconteceu diversas vezes. A Comissão Teológica Internacional já havia abordado a questão na década de 1970, mas sem chegar a uma conclusão. Na década de 1990, a comissão lançou uma nova tentativa. Sua conclusão: em princípio, nada impede a ordenação de mulheres como diaconisas. Contudo, o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, não promulgou o documento, mas o devolveu para revisão.
A iniciativa de 2002 também não conseguiu produzir um resultado claro. Em 2016, o Papa Francisco nomeou outra comissão para examinar a questão das diaconisas na Igreja primitiva. Sob a liderança do Cardeal Luis Ladaria, que mais tarde se tornou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, seis mulheres e seis homens — incluindo Karl-Heinz Menke, Marianne Schlosser e Phyllis Zagano — trabalharam em um estudo histórico. O relatório que apresentaram em 2019 novamente não conseguiu fornecer uma "resposta definitiva", pois os membros da comissão "divergiram em suas opiniões". Eles concordaram apenas até certo ponto. A questão central sobre a qualidade sacramental da ordenação histórica de diaconisas permaneceu sem resposta.
Visão transparente
O Sínodo da Amazônia de 2019, durante cujas deliberações a admissão de mulheres ao diaconato foi reiteradamente reivindicada, também não conseguiu alcançar um avanço significativo. O Papa Francisco não abordou essa demanda em sua exortação pós-sinodal Querida Amazônia, mas anunciou, juntamente com a comissão teológica liderada pelo Cardeal Petrocchi, a continuidade dos estudos. Entre seus membros estavam a teóloga dogmática Barbara Hallensleben, radicada na Suíça, e o teólogo Manfred Hauke. Contudo, houve também avanços no Sínodo, particularmente no documento final. Nele consta textualmente: "Além disso, a questão do acesso das mulheres ao ministério diaconal permanece em aberto e o respectivo processo de discernimento deve prosseguir" (nº 60).
Apesar de inúmeras comissões teológicas e de especialistas, uma resposta concreta permanece difícil de alcançar – em detrimento das mulheres, que já desempenham diversos serviços na Igreja, e sobretudo considerando as necessidades pastorais em muitas regiões. Contudo, é notável que o Papa Leão XIV, com a publicação deste documento, ofereça uma visão incomumente transparente do debate dinâmico sobre um tema tão sensível. Um passo à frente, dois para trás? O debate não está estagnado – está em constante evolução, como demonstram as votações sobre maior igualdade para as mulheres na Igreja. Mas será isso suficiente, e quais as consequências? A decisão está nas mãos do Papa Leão XIV.
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