Jovens pacificadores: escolher a reconciliação

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21 Novembro 2025

"Será possível que eu, um bispo, não possa dialogar com você, fabricante de armas?" Assim, o bispo de Molfetta, Tonino Bello, desafiou o engenheiro Vito Alfieri Fontana, um fabricante de minas antipessoais de Bari que mais tarde se tornou um especialista em desminagem nos Balcãs.

A informação é de Maria Corbani, publicada na revista semanal Riforma, 21-11-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Essa questão está no cerne do terceiro encontro nacional dos jovens do Secretariado para Atividades Ecumênicas, intitulado "Como se tornar pacificadores: uma ponte chamada ecumenismo", realizado em Bari de 24 a 26 de outubro, em colaboração com a Comissão para o Ecumenismo, Diálogo Inter-religioso e Mediterrâneo da Arquidiocese de Bari-Bitonto.

O encontro não se limitou a mera denúncia de tragédias humanitárias, mas apresentou respostas concretas: como podemos promover a paz e fazer a diferença em um mundo onde 5 milhões de pessoas trabalham na produção bélica?

Uma resposta é a ética financeira. Em colaboração com o Grupo de Intervenção Territorial de Bari (BAT) do Banca Etica, exploramos esse tema por meio de uma oficina lúdica e educativa. Simulando a gestão de um capital, buscamos o equilíbrio entre riqueza e impacto socioambiental, compreendendo os valores da ética financeira, que também se expressam em nossas escolhas conscientes de compra e poupança.

A vida de Fontana também foi transformada por uma escolha: renunciar aos lucros da indústria bélica para se dedicar à causa da paz, contribuindo inclusive para a redação da Convenção de Ottawa de 1997. Acolher o apelo de dom Tonino Bello ao diálogo, transformou o engenheiro em um pacificador.

Nossas Igrejas também podem optar por abraçar uma paz autêntica baseada no diálogo e em práticas concretas, como demonstrado pela mesa-redonda ecumênica "Glória a Deus e Paz na Terra: práticas e doutrinas de paz", que contou com a participação do pastor batista Simone De Giuseppe, do padre Roberto Massaro e do diácono apostólico armênio Kegham J. Boloyan.

Podemos seguir a escolha da Igreja Batista, tornando-nos embaixadores da paz, praticando a não violência, aplicando o mandamento do amor e defendendo com determinação os direitos humanos.

Podemos encarnar a paz tornando-nos protagonistas ativos, como a Comunidade de Santo Egídio e a Pax Christi. Esse processo dinâmico se baseia no amor e na valorização do outro, não em sua opressão, como reiterou o Papa Francisco ao condenar a "guerra justa".

Podemos dar voz a uma Igreja que representa um povo oprimido como os armênios, auxiliando-a a preservar a fé, os direitos e a identidade nacional. A Igreja Apostólica Armênia, que colabora com o Conselho Mundial de Igrejas, é um exemplo brilhante da eficácia do ecumenismo, como também demonstram as declarações conjuntas do Papa João Paulo II e do Catholicos Karekin II de 2000.

Carlo Molari nos lembrou, em uma sessão da SAE dedicada ao tema da paz, que nós, como cristãos, temos a responsabilidade de nos tornarmos pacificadores e de "introduzir novas dinâmicas de reconciliação na sociedade" (Bem-aventurados os pacificadores, em Secretariado atividades ecumênicas, Conflitos, violência, paz: desafio às religiões; Atas da XXXVII Sessão de Formação Ecumênica, Chianciano Terme, 22-29 de julho de 2000, Àncora, 2001, pp. 202-214).

A paz é uma conquista que exige compromisso, desenvolvimento integral do potencial humano e capacidade de gerir conflitos com um coração verdadeiramente reconciliado. Isso é essencial para cultivar uma consciência ecumênica, capaz de perceber a unidade para além das divisões.

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