"Tanto Trump quanto Xi saem vitoriosos. A China demonstrou sua capacidade de enfrentar os EUA". Entrevista com Wu Xinbo, conselheiro do Ministério das Relações Exteriores da China

Foto: The White House

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

31 Outubro 2025

Conselheiro do Ministério das Relações Exteriores da China: "Pequim tem demonstrado maior determinação em adotar uma postura intransigente, especialmente na questão do controle das exportações de terras raras."

A entrevista é de Gianluca Modolo, publicada por La Repubblica, 30-10-2025.

"Tanto os Estados Unidos quanto a China saem ganhando com essa partida, mas nós demonstramos que podemos nos defender contra os Estados Unidos", disse Wu Xinbo, reitor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade de Fudan, em Xangai, e assessor do Ministério das Relações Exteriores da China.

Eis a entrevista.

Quem realmente saiu ganhando após o encontro entre Xi Jinping e Donald Trump?

Acho que ambos saíram ganhando. A China obteve dos Estados Unidos uma redução nas tarifas alfandegárias, a suspensão da nova regra sobre sanções contra empresas chinesas e a suspensão das taxas sobre navios e instalações portuárias. Isso ajuda a reduzir a pressão sobre as empresas chinesas. Mas os Estados Unidos também conseguiram o que queriam, ou seja, terras raras e soja. E também a cooperação da China no combate ao fentanil. Acho que ambos saíram ganhando, mas isso não significa que a vitória seja igual: sempre há um lado que ganha um pouco mais e o outro que ganha um pouco menos. Digamos assim, senão Trump vai ficar bravo: ele, que se considera o negociador-chefe, sempre alega ter vencido, não é?”, diz ele, soltando uma risada.

Em comparação com o primeiro mandato do líder americano, a China estava mais bem preparada para enfrentar Trump?

Muito mais bem preparada. Pequim demonstrou maior determinação em adotar uma postura intransigente, especialmente na questão do controle das exportações de terras raras. Essa é uma das principais razões pelas quais Donald Trump teve que se sentar à mesa de negociações com a China e, por fim, ceder às exigências chinesas. Uma diferença fundamental em relação ao passado.

Pequim está satisfeita, mas…

Mas ainda existem muitos problemas entre nós e eles. Não podemos esperar resolvê-los todos de uma vez. Precisamos adotar uma abordagem gradual, passo a passo. Agora, vamos começar a trabalhar na próxima fase.

Não vimos nenhum avanço significativo desde esse encontro presencial. O que podemos esperar nos próximos meses, e será que essa trégua, que parece um tanto frágil, vai se manter?

A China e os EUA precisam começar a honrar seus compromissos. Acho que teremos outra rodada de negociações comerciais ainda este ano. Não podemos esperar um avanço significativo em um futuro próximo, mas, contanto que avancemos na direção certa e façamos progressos, teremos muito a ganhar em termos de estabilização das relações em geral. Trump disse que estará na China em abril; será uma boa oportunidade.

Qual foi o ponto mais importante para Pequim?

A redução de 10% nas tarifas. A China exporta muito mais para os Estados Unidos do que os Estados Unidos exportam para a China.

Trump disse que conversou com Xi sobre a questão ucraniana. Mas o que Pequim pode e vai fazer a respeito?

Acredito que Xi explicou a posição da China sobre o assunto a Trump: já foi tornada pública diversas vezes, nada de novo. Foi mais uma troca de opiniões do que um acordo sobre essa questão. Se o líder americano perguntasse: "Vocês podem parar de importar petróleo e gás da Rússia?", a resposta seria: "Não, não podemos, temos que importar, é importante para a nossa economia.

Leia mais