14 Agosto 2025
Segundo o Telegraph, o presidente estaria disposto a abrir os recursos naturais do país para a Rússia, juntamente com o levantamento das sanções americanas à indústria aeronáutica.
A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 14-08-2025.
Um acordo entre empresários para pôr fim à guerra na Ucrânia. Todos têm a ganhar: Vladimir Putin terá acesso às terras raras, tão valiosas para novas tecnologias, e o presidente dos EUA, Donald Trump, conquistará uma vitória que poderá impulsionar sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz. De acordo com o Telegraph, na cúpula de meados de agosto em Anchorage, Alasca, Trump oferecerá a Putin acesso aos minerais de terras raras como incentivo para pôr fim à guerra.
Entre as propostas estão a abertura dos recursos naturais do Alasca a Moscou e o levantamento das sanções americanas à indústria aeronáutica russa. O magnata também gostaria de conceder acesso a minerais de terras raras na Ucrânia e assinar acordos para a exploração dos campos de petróleo e gás do Alasca. Este pacote de propostas foi apresentado por Scott Bessent, secretário do Tesouro americano. O magnata afirmou que Putin enfrentaria "graves consequências" se não concordasse em encerrar a guerra. É uma declaração forte, que pode ocultar certa confiança na obtenção de um resultado. O líder americano também revelou sua intenção de organizar imediatamente um segundo encontro com Putin, desta vez em conjunto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Talvez para selar o cessar-fogo. Os elementos de terras raras continuam sendo uma questão fundamental.
A Ucrânia detém 10% das reservas mundiais de lítio, usado na produção de baterias. Dois dos maiores depósitos estão localizados em áreas tomadas pela Rússia. "Existem vários incentivos, e um potencial acordo sobre minerais de terras raras pode ser um deles", disse uma fonte familiarizada com as propostas ao jornal britânico. Em maio, os Estados Unidos assinaram um acordo com Kiev sobre a exploração de minerais de terras raras. Washington terá que iniciar novas explorações de mineração, que poderão ser conduzidas em conjunto com a Rússia. Outros incentivos incluem a suspensão das proibições de exportação de peças e equipamentos necessários para a manutenção de aeronaves russas, muitas das quais estão em más condições e sem peças de reposição, após o congelamento da ajuda dos países ocidentais. Quase 30% das aeronaves russas de fabricação ocidental, sem manutenção, poderão ser deixadas fora de uso nos próximos cinco anos, de acordo com Sergei Chemezov, chefe do conglomerado estatal russo Rostec.
A suspensão das sanções poderia ser outra fonte de ganho para os EUA, particularmente para a empresa americana Boeing: com uma frota de mais de 700 aeronaves, dominada pela Airbus e pela Boeing, as empresas russas poderiam retornar ao fornecimento americano. Trump também considera oferecer à Rússia oportunidades de explorar recursos naturais no estreito que a separa dos EUA. O Alasca, separado da Rússia por apenas cinco quilômetros no Estreito de Bering, supostamente contém reservas significativas de petróleo e gás inexploradas, incluindo 13% do petróleo mundial. Esse acesso fortaleceria os interesses estratégicos de Putin no Ártico, que representou 80% da produção de gás russa em 2022.
Fontes do governo britânico disseram ao Telegraph que tais incentivos podem ser aceitáveis para a Europa, desde que não sejam repassados como uma recompensa a Moscou.
A ocupação da Cisjordânia por Israel é o modelo mais recente: a Rússia receberia o controle militar e econômico da Ucrânia ocupada sob seu próprio governo, semelhante ao controle israelense dos territórios palestinos. Segundo o Times, a ideia foi discutida entre Steve Witkoff, enviado especial da Casa Branca, e seus interlocutores russos.