13 Setembro 2025
"Deixam os dias escaparem por entre os dedos como se fossem as areias áridas de uma ampulheta. Mas, esse tempo ainda poderia ser uma semente fértil e vital".
O artigo é de Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 07-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Envelheço aprendendo sempre muitas coisas. Era 15-11-1960, e no então “Programma Nazionale” da televisão Rai, começava às 19h, de segunda a sábado, o curso de educação para adultos analfabetos “Non è mai troppo tardi” (Nunca é tarde demais). A figura carismática do professor, Alberto Manzi, falecido em 1997, foi lendária. Por meio de uma didática eficaz e direta, sem jamais ser pedante, ele conduzia muitos à possibilidade do conhecimento básico. Aquele programa, com seu título, nos permite repercorrer o curso dos séculos até chegar à confissão autobiográfica que propomos. Foi proferida — segundo a tradição — pelo legislador ateniense Sólon, um dos chamados "sete sábios", que viveu entre os séculos VII e VI a.C. e se tornou um emblema de político sábio. Esse lema foi repetido inúmeras vezes pelos mais diversos autores clássicos. Reza a lenda que, à beira da morte, teria levantado a cabeça da cama onde jazia para aprender algo mais com os amigos que conversavam no quarto.
Nessa frase reside uma verdade profunda que também brota do terreno da humildade e da consciência da imensidão do saber e do viver, como sugeria outro sábio da antiguidade, Sêneca, em seu De brevitate vitae, quando afirmava que "deve-se aprender a viver por toda a vida, e toda a vida é um aprender a morrer". Aqueles que gostam de se questionar sabem que nunca se para de aprender, e que uma pessoa começa a "envelhecer" não tanto no sentido da idade marcada na carteira de identidade, mas no espírito e na mente, quando começa a perder o gosto pela pesquisa, pela escuta e pelo conhecimento. São aqueles que Petrarca, em sua canção "Spirito gentil", definia como "velhos cansados que odeiam a si mesmos e a vida excessivamente longa". Deixam os dias escaparem por entre os dedos como se fossem as areias áridas de uma ampulheta. Mas, esse tempo ainda poderia ser uma semente fértil e vital.
Quem escreve agora estas linhas é um homem idoso e pode confirmar isso serenamente.
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