07 Agosto 2025
"O Papa Leão XIV sabe que, quando uma comunidade não tem mais o seu "pastor" a viver consigo, gradualmente se extingue. Essa é a luta e a extinção de muitas pequenas comunidades paroquiais. É por isso que muitos, inclusive eu, esperam que o Papa Leão XIV realize o milagre de multiplicar pastores, homens e mulheres, mesmo nas menores comunidades paroquiais", escreve o sociólogo italiano Luigi Berzano, em artigo publicado por Tempi di fraternità, 06-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eu também envio um desejo ao Papa Leão XIV da pequena comunidade paroquial do Vale de Andona, onde vivo como pároco há mais de cinquenta anos, na periferia rural da cidade de Asti. Desde o dia da sua eleição e em cada celebração, a oração será para que o Papa Leão XIV crie uma imagem da Igreja para amar. Uma Igreja que não seja a casa dos eleitos, a casa dos puros, mas a imagem pura da Igreja. Uma Igreja para amar e na qual todos possamos amar-nos uns aos outros nas nossas diversidades sociais, culturais, existenciais e espirituais. Uma Igreja na qual nunca se diga "nós" e "os outros", recordando as duras palavras do jovem rabino da Galileia, Jesus, aos seus discípulos, quando repetiam: "aqueles não são dos nossos".
O Papa Leão XIV, porém, sabe que, quando uma comunidade não tem mais o seu "pastor" a viver consigo, gradualmente se extingue. Essa é a luta e a extinção de muitas pequenas comunidades paroquiais. É por isso que muitos, inclusive eu, esperam que o Papa Leão XIV realize o milagre de multiplicar pastores, homens e mulheres, mesmo nas menores comunidades paroquiais. Muitos esperam esse milagre, para que possa renascer aquela comunidade inicial na qual homens e mulheres, alguns com as suas famílias, seguiam o Mestre pelas suaves paisagens da Galileia.
A Igreja como comunidade livre, com a sobriedade coletiva das coisas que possuía, aquela das origens de Jesus. Tão livre e sóbria a ponto de apaixonar discípulos e discípulas.
Uma Igreja que não vive apenas para si mesma e para a sua realidade sacramental. Certamente, o Reino de Deus é maior que a Igreja. Mas nós precisamos da Igreja, do Papa Leão XIV e dos muitos que a liderarão no futuro, porque é na Igreja que se mantém viva a mensagem evangélica e ainda encontramos presente o jovem rabino da Galileia transfigurado em Cristo.
A cada novo papa, surge a pergunta fundamental e radical: por que uma Igreja? O Evangelho não nos basta? São as perguntas colocadas por Ignazio Silone no romance "Avventura di un povero cristiano": "Por que o Pai quis uma casa aqui embaixo? (...) O que se torna o pobre Cristo nessa venerável superestrutura? (...) Por que uma Igreja que se sobrepõe a Cristo, o empobrece?"
A mensagem evangélica encontra profundo consenso no coração humano. Seu poder de sedução é grande em todo espírito nobre, mesmo não crente.
Mas quando o cristianismo se torna Igreja, essa luz se enfraquece, e surgem resistências e reservas, como as de Simone Weil, apaixonada por Cristo e distante da Igreja, e de muitos outros que levam uma vida de inspiração cristã à margem da Igreja. Ser cristãos na diáspora, ou seja, nas sociedades seculares e laicas, apesar de todas as dificuldades que isso acarreta, não poderia ser um grande sinal dos tempos que despoja a Igreja de todo o "supérfluo", restituindo-lhe a pura essencialidade de sua verdade divina? Uma Igreja pobre, livre e criativa como nas suas origens? Restituída à beleza original do jovem rabino da Galileia, Jesus? O teólogo Romano Guardini chamava esse renascimento da Igreja em seu Diário de "Purificar as Fontes". "Às vezes, a teologia como um todo parece uma enorme excrescência na vida da boa notícia. Então, compreende-se que de tempos em tempos, naturalmente em períodos longos, algo deve acontecer que faça morrer a excrescência e torne possível um novo começo".
Alguns se perguntarão com receio o que permanecerá. Permanecerá todo o essencial. Essa é a promessa de Cristo a Pedro.