30 Julho 2025
"Quando influenciadores católicos operam apenas dentro de sua 'bolha', a Igreja perde o diálogo aberto necessário para a reflexão crítica e o enfrentamento dos desafios sociais. Isso é o fundamentalismo 'católico' em sua forma mais pura: uma encenação populista da fé que pouco tem a ver com a amplitude da autêntica tradição católica".
O artigo é do Padre Max Cappabianca, publicado por Katholisch, 29-07-2025.
Max Cappabianca é membro da Ordem Dominicana e, entre outras coisas, trabalha como apresentador de programas da igreja no sábado.
O "Jubileu dos Missionários Digitais e Influenciadores Católicos" está acontecendo atualmente em Roma. Isso atraiu a atenção internacional. Títulos como "Padres atraentes espalham a fé na era digital" sugerem que o Vaticano está empregando sistematicamente clérigos atraentes para conquistar novos seguidores.
Na Alemanha, o fenômeno do "influenciador católico" (ainda) não é tão difundido quanto em outros lugares: é impressionante olhar para a América Latina ou os EUA, por exemplo, e ver como figuras católicas individuais têm milhões de seguidores no Instagram, TikTok ou outras plataformas. Um exemplo é o polêmico bispo Robert Barron, com mais de meio milhão de seguidores somente no Instagram.
A presença de influenciadores católicos nas mídias sociais certamente oferece oportunidades, e faz sentido se engajar nesse mercado digital. No entanto, o perigo de se alinhar demais à lógica dessas plataformas — uma lógica frequentemente caracterizada por polarização, velocidade e contagem de cliques — não deve ser ignorado.
Influenciadores católicos também operam em uma "bolha" que os coloca em competição com atores evangélicos e fundamentalistas. Estes se baseiam em conteúdo provocativo que evoca fortes reações emocionais para gerar atenção. Se a Igreja Católica se apoiar demais nessas estratégias, corre o risco de perder a profundidade e a compreensão de sua fé.
Algoritmos garantem que um público amplo seja alcançado apenas aparentemente. Na realidade, criam-se mundos paralelos que reforçam as próprias posições, ao mesmo tempo que protegem o indivíduo do questionamento crítico da própria perspectiva. Inadvertidamente, adotam os mecanismos que já caracterizam o cenário evangélico: polarização, câmaras de eco e a redução da fé a afirmações cativantes.
Quando influenciadores católicos operam apenas dentro de sua "bolha", a Igreja perde o diálogo aberto necessário para a reflexão crítica e o enfrentamento dos desafios sociais. Isso é o fundamentalismo "católico" em sua forma mais pura: uma encenação populista da fé que pouco tem a ver com a amplitude da autêntica tradição católica.