25 Julho 2025
"Lembrem-se de mim como uma mulher que amou a vida." Assim termina a carta-testamento deixado por Laura Santi, 50 anos, a jornalista que morreu após a autoadministração do fármaco letal em sua casa, em Perugia, acompanhada pelo marido Stefano Massoli. A mulher, que sofria de esclerose múltipla, travava há três anos uma batalha jurídica e política pelo acesso ao suicídio assistido. Somente em novembro de 2024 ela recebeu a aprovação da comissão médica que atestava a posse dos requisitos estabelecidos pelo Tribunal Constitucional (acórdão 242 de 2019) e, um mês atrás, a aprovação da comissão médica de peritos e do comitê de ética sobre o protocolo farmacológico e as modalidades de administração.
A reportagem é de Lucia Bellaspiga, publicada por Avvenire, 23-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Quando vocês lerem estas linhas, eu não estarei mais aqui, porque terei decidido parar de sofrer", escreve ela nas primeiras linhas da carta divulgada pela associação Luca Coscioni, da qual era ativista.
Ciente de que seu gesto extremo causaria desconforto nos amigos e parentes, ela pede então "um esforço adicional de compreensão", porque se a morte já é um momento para o qual nunca estamos totalmente preparados, a morte intencional por uma injeção, resposta a uma dor que não é mais suportável, é chocante. "Muitos sofrerão por não terem podido fazer uma última espedida", prevê a mulher, pedindo aos amigos que entendam por que agiu sem avisar a ninguém, apesar de sua vontade ser conhecida há anos: "Mesmo na certeza da minha decisão", explica, "trata-se do gesto mais total e definitivo que um ser humano pode fazer; exige sangue frio".
Ela sabia muito bem que tentariam dissuadi-la; "como eu poderia acrescentar um luto antecipado, resistência, lágrimas e apego?" Evitar as despedidas ajuda a ir embora. Por fim, a explicação do que a levou ao gesto final: "Não conseguir mais realizar o menor gesto, não poder mais desfrutar da vida e das relações sociais, que é o que constitui uma vida digna para mim". Essa vida digna que milhares de outras pessoas com deficiência grave e afetadas por doenças degenerativas ainda conseguem apreciar ou mesmo amar profundamente (quantas delas conhecemos), se receberem toda a assistência e cuidados paliativos (muitas vezes negados!), as ajudas a que têm direito e a presença, mesmo silenciosa, de quem pode oferecer conforto. Mas para Laura Santi, tudo isso não era mais suficiente: "Entendam-me, acredito que qualquer vida continua digna de ser vivida, mesmo nas condições mais extremas", enfatiza, "mas somos nós que decidimos".
Assim, após receber a injeção da Autoridade Sanitária Local da Úmbria (ASL 1) (que expressa sua profunda tristeza e enfatiza ter agido em conformidade com a lei), ela tirou a própria vida. Para aliviar seu desespero não bastaram todas as pessoas que de diversas maneiras lhe estiveram próximas, a quem ela agradece uma a uma, desde médicos de cuidados paliativos até seu marido e o Arcebispo de Perugia, Ivan Maffeis, que ela define como "um amigo especial, com quem tive mais de uma conversa sobre a vida e a morte".
Um ano atrás, o Arcebispo a visitou em sua casa, apresentando-se simplesmente como "Don Ivan", e ela o recebeu, delimitando imediatamente o campo: "Sou ateia, abri mão do batismo, membro dirigente da associação Luca Coscioni e gosto de De André. Mas, enfim, vamos nos encontrar." Poucos dias depois, o encontro. A jornalista o relatou mais tarde com uma mistura de assombro e delicadeza: "Conversamos sobre a minha vida, meus sofrimentos e lutas. E, acima de tudo, ele me escutou. Não fez nenhuma referência à Igreja ou a Deus. Tive a impressão de um homem livre, muito humilde e profundo. Ele não tentou me convencer ou dissuadir de fazer nada. Ele me abraçou, me alcançou a garrafa de água, me escutou. A escuta, o abraço... aquele ‘estar ali’ que vale mais que mil palavras”.
Mas para Laura Santi, não bastou para suportar uma vida de sofrimento por mais tempo. Ao seu redor, sempre, o conselho político dos "amigos da associação Coscioni": "Só venci graças a eles, os sigam!", escreveu a jornalista, que concluiu a carta escrita com a associação com um apelo político. "Sobre o fim da vida, ouço intermináveis conversas vazias, a ingerência crônica do Vaticano, a incompetência da política. Exijam uma boa lei que respeite os doentes e suas necessidades!"
Justamente pelo respeito aos doentes e suas necessidades lutam todos os dias muitos médicos, muitas associações, grande parte das quais ligadas à Igreja, exércitos de voluntários e cuidadores que, com sua presença respeitosa, são verdadeiras transfusões de coragem e esperança, que não é uma imposição e se interrompe onde começa a liberdade da pessoa. “A Associação Italiana Esclerose Múltipla (AISM) não se intromete nas escolhas individuais, mas reafirma firmemente seu compromisso de garantir a cada paciente o direito à saúde ao bem-estar e à possibilidade de viver com dignidade", comenta o Presidente Mario Alberto Battaglia, destacando os progressos alcançados pela pesquisa. "Hoje, existem soluções que não estavam disponíveis antes, e novas perspectivas estão se abrindo até mesmo para a forma progressiva da doença." Então a lembrança de Laura, "uma figura alegre e combativa na AISM por muitos anos, defendendo os direitos das pessoas com esclerose múltipla".
A Sociedade Italiana de Neurologia (SIN) levanta-se em defesa desses direitos que são frequentemente desrespeitados, "desde sempre empenhada na proteção da dignidade das pessoas e com uma medicina centrada no paciente. Estamos todos os dias ao lado das pessoas que enfrentam patologias neurodegenerativas com coragem e dignidade. É nosso dever garantir-lhes cuidados adequados, apoio humano e, quando aprovado por lei, acompanhamento nas decisões mais difíceis." Depois a estocada: "Acreditamos ser essencial um investimento real e estrutural em cuidados paliativos: essas pessoas são afetadas por condições graves e incapacitantes, necessitando de um apoio integrado e multidisciplinar que garanta qualidade de vida e respeito pelos seus direitos fundamentais."