Antes da eutanásia, jovem faz festa de dois dias com música, filme e pizza

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15 Agosto 2016

Um violoncelo, uma harmônica, o filme favorito, pizzas e coquetéis. Betsy Davis morreu com uma injeção letal de medicamentos depois de dar adeus a todos os seus amigos em uma festa que durou dois dias.

A reportagem é de Raffaella Scuderi, publicada no jornal La Repubblica, 13-08-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A artista de 41 anos, californiana e portadora da esclerose lateral amiotrófica (ELA), tinha enviado, no início de julho, um convite via e-mail: "Vai ser uma festa diferente de todas aquelas de que vocês participaram", escreveu. "Ela requer resistência emocional, equilíbrio e abertura mental." E mais uma regra: era proibido chorar na frente dela.

Chegaram em 30, de Nova York, Chicago e de outras cidades estadunidenses. Tocaram para ela, dançaram, beberam e comeram. Esforçaram-se para sorrir, para manter a promessa, embora chorando às escondidas.

No seu quarto, foi exibido o seu filme favorito: "A Dança da Realidade", de 2013, de Alejandro Jodorowsky. Foi entregue a todos uma espécie de programa dos dois dias da despedida, incluindo a hora em que eles deveriam dar-lhe adeus para sempre.

As fotos contam-na sorridente, serena, cercada pelo amor dos seus amigos. No fim dos dois dias, depois de uma última foto todos juntos e depois de receber um beijo dos 30 convidados, vestida com um quimono japonês, ela foi levado em uma cadeira de rodas para o topo de uma colina, onde, diante do pôr do sol, foi-lhe administrada a dose letal de medicamentos.

"A mais bela morte que uma pessoa pode se dar", contou um dos convidados. "Betsy transformou-a em uma obra de arte."

Davis é uma das primeiras pessoas a receber a eutanásia na Califórnia, onde o suicídio assistido se tornou lei em outubro de 2015, depois da assinatura sofrida do governador Jerry Brown, católico e ex-seminarista.

E, com a Califórnia, agora, são cinco os Estados estadunidenses onde a prática é permitida: Oregon, Montana, Vermont e Washington. A decisão também foi, com toda a probabilidade, ditada pelo recente suicídio assistido de Brittany Maynard, a jovem californiana de 29 anos forçada a morrer no Oregon.