10 Julho 2025
"A paz é impura, é compromisso. É feita com os materiais à disposição da história, não com as nossas ideias de perfeição ou conveniência. É um caminho, como lembrou o Cardeal Matteo Zuppi (que entende de paz, tendo mediado a de Moçambique e artífice de muitas negociações para Santo Egídio), 'e, além disso, um caminho em subida'", escreve Giancarlo Penza, coordenador do serviço de atendimento aos idosos de Sant'Egidio, em artigo publicado por Domani, 08-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cada vez mais se pensa que a guerra sempre existiu e sempre existirá, faria parte da natureza intrinsecamente má do homem. De vez em quando, cita-se uma passagem do De Civitate Dei, de Santo Agostinho, sobre a paz como um bem que só os tolos esperam. Um exagero. Trabalhar pela paz é sempre possível. Hoje, os líderes e diplomatas mundiais preferem falar de paz acrescentando adjetivos: justa, duradoura, equitativa, imparcial. Mas a paz sempre foi um compromisso. Cada vez mais se pensa que a guerra sempre existiu e sempre existirá. É inútil se iludir: a guerra faria parte da natureza intrinsecamente má do homem. Há algum tempo, em um artigo no Il Foglio, o ex-presidente do Senado, Marcello Pera, afirmou que, devido ao pecado original, o homem estará sempre em guerra, citando uma passagem do De Civitate Dei, de Santo Agostinho: "Quem espera um bem tão grande neste mundo e nesta terra — a paz —, na verdade, comporta-se como um tolo".
Além do fato de o bispo de Hipona — pelo menos segundo as traduções mais confiáveis — não falar em "tolo", mas em "sábio insipiente", o que não é a mesma coisa, parece-me que se faz alguma confusão sobre o grande Padre da Igreja Ocidental.
Testemunhando a iminente queda do Império Romano no fim de uma época e o início incerto de outra, Agostinho raciocinava sobre o sentido da história na perspectiva de uma salvação escatológica. Contrariamente à visão cíclica do paganismo, ele pensava que o cristianismo havia conferido ao tempo uma dinâmica linear, direcionada a um fim, mas também a um propósito: a vinda do Reino de Deus e a salvação da humanidade. Oscar Cullmann explicava isso admiravelmente há muitos anos: "Uma vez que o tempo é concebido como uma linha contínua, torna-se possível a realização progressiva e completa de um plano divino."
Em outras palavras, para Santo Agostinho e para os cristãos depois dele, a justiça e a paz são realidades escatológicas que se realizarão plenamente no fim dos tempos. Ou, se assim se preferir, são dádivas de Deus. É por isso que os cristãos rezam pela paz. Mas os cristãos e os homens e mulheres de boa vontade também têm a tarefa de abordá-la com constância, tenacidade e fidelidade, como pacificadores.
Com esperança e até mesmo otimismo. Porque a essência do otimismo, escrevia Bonhoeffer em um momento terrível e pouco antes de ser executado pelo regime nazista, "é uma força vital, a força da esperança quando os outros desistem, a força de manter a cabeça erguida quando parece que tudo está fracassando, a força de suportar os insucessos, uma força que nunca deixa o futuro para os adversários, mas o reivindica para si". É por isso que a guerra deve ser interrompida e trabalhar pela paz é sempre possível. Aliás, deve ser possível.
Hoje, líderes mundiais e diplomatas, em vez de simplesmente paz, preferem falar sobre paz adicionando adjetivos: paz justa, duradoura, equitativa, imparcial. Caso contrário, não seria paz.
Como quando se fala que a paz não é a ausência de guerra. Vão contar isso aos 473 milhões de crianças, quase uma em cada cinco no mundo, que vivem em zonas de guerra, das quais 7,5 milhões na Ucrânia ou 2,2 milhões na Palestina. Ou aos mais de oito milhões de refugiados no Sudão. Mas a paz justa, como mencionado, é a de Deus. E então, vamos esclarecer outro mal-entendido: já houve na história, pelo menos recentemente, uma paz justa? Foi justa a paz de Versalhes, em 1919, com a humilhação dos países derrotados, de onde o nazifascismo brotou poucos anos depois? Foi justa a de Dayton, em 1995, com os complicados equilíbrios territoriais e étnicos, que certamente não bloquearam reivindicações e pretensões? A lista é interminável.
A paz é impura, é compromisso. É feita com os materiais à disposição da história, não com as nossas ideias de perfeição ou conveniência. É um caminho, como lembrou o Cardeal Matteo Zuppi (que entende de paz, tendo mediado a de Moçambique e artífice de muitas negociações para Santo Egídio), "e, além disso, um caminho em subida. É necessária uma revolução de mentalidade para entender que a paz não é um dado, mas uma conquista. Não um bem de consumo, mas o produto de um empenho". E para isso, como dizia o Papa Francisco, não se precisa de intermediários interessados "que dão descontos a ambas as partes para obter o seu merecido ganho", mas de mediadores "pacientes que gastam tudo o que têm para persuadir, escutar, aproximar".