05 Julho 2025
“Crescer juntos”. Ou seja: cooperar, em todos os níveis – ético, político, social. Essa é a mensagem que Giorgia Meloni levou para dentro dos muros do Vaticano, recebida ontem pela primeira vez em audiência pelo Papa Leão XIV.
O artigo é de Giacomo Galeazzi, vaticanista, e Francesco Malfetano, jornalista, publicado por La Stampa, 03-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Crescer juntos”. Ou seja: cooperar, em todos os níveis – ético, político, social. Essa é a mensagem que Giorgia Meloni levou para dentro dos muros do Vaticano, recebida ontem pela primeira vez em audiência pelo Papa Leão XIV.
Um encontro que durou mais de meia hora, na biblioteca privada do Palácio Apostólico, cara a cara e em conformidade com o protocolo. Cenário diferente da visita ao Papa Francisco, quando a Primeira‑Ministra se apresentou com a sua filha Ginevra e o seu então companheiro Andrea Giambruno. Desta vez, ela cruzou a fronteira do Vaticano acompanhada pelos vice‑primeiro‑ministro Antonio Tajani e Matteo Salvini – não recebidos por Prevost, mas envolvidos, juntamente com o subsecretário Alfredo Mantovano e o embaixador junto à Santa Sé, Francesco Di Nitto, no encontro com o cardeal Pietro Parolin e o arcebispo Paul Richard Gallagher. Uma escolha para transmitir ao pontífice estadunidense uma mensagem de abertura de todo o governo e para responder ao impulso vaticano que imediatamente pediu uma mudança de registro em relação à gestão anterior, reivindicando sua centralidade diplomática.
O profundo sentido da audiência emerge precisamente do que não foi dito. Da concisa mensagem confiada ao X pela primeira‑ministra ("Foi um prazer e uma honra ser recebido em audiência hoje por Sua Santidade o Papa Leão XIV") e, acima de tudo, do silêncio absoluto da Santa Sé sobre o conteúdo da conversa confidencial.
Um silêncio que nos permite vislumbrar resquícios ligados à gestão pública – considerada nada cuidadosa – dos dois telefonemas (15 e 21 de maio) nos quais Meloni colaborou com Prevost para estabelecer um canal vaticano de negociações entre Moscou e Kiev. Um tropeço a ser arquivado. Um objetivo pelo qual Mantovano, grande artífice das relações entre as duas margens do Tibre, trabalhou arduamente por meio de contatos consolidados na Cúria. A presença de Salvini também é carregada de significado.
Se Tajani é um rosto conhecido nos palácios sagrados, visto que em junho acompanhou Sergio Mattarella ao Vaticano e, graças ao empenho humanitário do Ministério das Relações Exteriores pela infância de Gaza juntamente com o Patriarcado de Jerusalém e a Comunidade de João XXIII, construiu uma relação direta com a Santa Sé, o membro da Liga do Norte nunca foi recebido por Francisco, pagando com o ostracismo vaticano suas posições antimigrantes como Ministro do Interior. E justamente aqui, no tema da migração, reside outro indício relevante.
Não é por acaso que os comunicados oficiais não o mencionam. "É um sinal", explicam fontes bem informadas, "de que se preferiu não insistir nas questões polêmicas, mesmo que tenham sido abordadas". Como o imposto 8 por mil ou o alarme pobreza lançado por Prevost e Parolin após o último relatório da Caritas: em dez anos, os pobres atendidos por centros diocesanos aumentaram 62%. Apesar da centralidade das questões internacionais abordadas no encontro presencial entre Meloni e o Pontífice, a agenda compartilhada no encontro liderado por Parolin foi mais ampla.
"Acabou o tempo em que o Vaticano advogava para si a relação com a política", explica o Arcebispo Michele Pennisi ao La Stampa. "Hoje, a cooperação cabe ao episcopado nacional. É práxis comum que, no encontro com o Papa, sejam tratados temas gerais e, em seguida, no encontro com o Secretário de Estado, questões de caráter social e ético. Em Cuba, Karol Wojtyla falou com Fidel Castro sobre paz universal, e o Secretário de Estado apresentou a lista de presos políticos a serem libertados".
O leque de temas abordados alarga‑se, assim, desde a vontade de cooperar na área da inteligência artificial até ao empenho pelo meio ambiente, relançado ontem pelo próprio Leão XIV com palavras claras: "Nossa Terra já está em ruínas. Assistimos a uma devastação humana e ecológica". Daí o pedido de apoio da Santa Sé para concluir o megassistema fotovoltaico de Santa Maria di Galeria e realizar o sonho verde de Francisco: tornar a Cidade do Vaticano inteiramente autossuficiente.
A mesa "alargada" também aborda a questão espinhosa: a lei sobre o fim da vida. Deixando de lado as reservas ideológicas que unem grande parte da centro‑direita ao mundo católico, parece ganhar força até mesmo nas hierarquias eclesiásticas a ideia de que a lei compartilhada, prevista para meados de julho, poderia ser o mal menor. Ou seja, que uma norma aprovada agora, com critérios restritivos em relação aos limites estabelecidos pela Consulta, possa ser a solução. Desde que a maioria consiga administrar a iminente chegada do texto à Câmara.
Em suma, a cooperação é total. E diz respeito tanto à complexa gestão do Jubileu — que agora entra em sua fase mais intensa com a Jornada Mundial da Juventude em Tor Vergata e as esperadas canonizações de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati — quanto à futura transferência do hospital pediátrico Bambino Gesù para a antiga área do Forlanini.