17 Junho 2025
"Observam nos palácios sagrados que não se trata de um princípio abstrato, mas de uma visão que nasce da consciência de que cada pessoa – mesmo vulnerável, doente, em estado terminal – continua sendo portadora de uma dignidade absoluta, que ninguém pode apagar", escreve Giacomo Galeazzi, vaticanista, em artigo publicado por La Stampa, 16-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Sobre o fim da vida, Leão XIV "convoca todos a defender e não minar a civilização do amor e da compaixão". Na Inglaterra, na França (e em breve também na Itália), o Parlamento discute o acesso legal à eutanásia, que já é permitido na Espanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Leão XIV enviou uma mensagem justamente aos bispos britânicos e irlandeses, assegurando "proximidade espiritual" aos que participaram do Dia pela Vida de 2025, "celebrado pelas Conferências Episcopais da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda".
Diretrizes do Magistério que dizem respeito à Igreja universal. E acrescentou: "Neste Ano Jubilar centrado na virtude teologal da esperança, é oportuno que o tema ‘A esperança não desilude - Encontrar um sentido no sofrimento’ procure chamar a atenção das pessoas para como o mistério do sofrimento, tão presente na condição humana, pode ser transformado pela graça em uma experiência da presença do Senhor". O Pontífice continua: "Deus está sempre próximo de quem sofre e nos guia a apreciar o sentido mais profundo da vida, no amor e na proximidade".
Quanto ao fim da vida, entrementes, governo italiano e Vaticano dialogam. Os construtores da ponte trabalham tanto por canais oficiais quanto informais, como é costume entre Estado e Igreja. Amanhã, Prevost se reunirá pela primeira vez com os bispos italianos envolvidos na mediação com as forças políticas para chegar a uma lei de compromisso que proíba tanto a eutanásia quanto a obstinação terapêutica. Ao mesmo tempo, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, e o Vice premiê, ministro das Relações Exteriores e líder de Forza Italia, Antonio Tajani, celebrarão em um encontro na Villa Madama (sede da revisão da Concordata) o centenário do nascimento de Don Oreste Benzi, paladino da defesa da vida, fundador da Comunidade Papa João XXII, criador de casas familiares, agora em processo de beatificação.
Ontem, Leão XIV citou o apelo lançado por Francisco no 33º Dia Mundial do Doente e garantiu aos manifestantes "pró-vida" suas orações. Para que "através do seu testemunho comum da dignidade doada por Deus a cada pessoa, sem exceção, e do terno acompanhamento cristão aos doentes graves, todos na sociedade sejam encorajados a defender, em vez de minar, uma civilização fundada no amor autêntico e na compaixão autêntica". Em seguida, Robert Francis Prevost confiou "os esforços" dos participantes do "Dia pela Vida" à intercessão de Nossa Senhora do Bom Conselho e, "como penhor de força, alegria e paz no Senhor ressuscitado", abençoou "todos aqueles que apoiam o Dia pela Vida".
Dentro dos limites bioéticos estabelecidos por Leão XIV, trabalha-se no Vaticano para definir um modelo concreto de acompanhamento para a vida que está chegando ao fim. Seis anos após a decisão em que o Tribunal Constitucional solicitou à Itália que preenchesse a lacuna normativa, a Santa Sé acredita que não existe uma morte "doce" que possa ser administrada, mas sim uma vida que possa ser acompanhada com doçura até o fim, garantindo o acesso aos cuidados paliativos e à terapia da dor. De fato, todo ser humano é portador de uma dignidade inalienável, desde a concepção até o último suspiro. O sofrimento, reiteram na Cúria, não é um desvalor a ser eliminado, e a tarefa da comunidade civil e cristã é nunca deixar os moribundos sozinhos. Francisco já havia reiterado diversas vezes que a verdadeira resposta ao morrer em sofrimento não é antecipar a morte, mas cuidar da vida do homem.
A encíclica "Fratelli tutti" nos convida a estar próximos também na doença terminal, reconhecendo a presença de Deus naqueles que sofrem. Observam nos palácios sagrados que não se trata de um princípio abstrato, mas de uma visão que nasce da consciência de que cada pessoa – mesmo vulnerável, doente, em estado terminal – continua sendo portadora de uma dignidade absoluta, que ninguém pode apagar. As hierarquias eclesiásticas, portanto, estão cientes de que também na Itália a questão do suicídio assistido está agora presente no debate público e nas práticas administrativas. Em 2019, precisamente com a decisão n.º 242 do Tribunal Constitucional, abriu-se um espaço jurídico. O Tribunal, de fato, declarou o suicídio assistido não punível em casos específicos, mas solicitou ao Parlamento que legislasse sobre o assunto. Tal lei ainda não existe. Agora, porém, o momento parece propício.