Após trégua Irã-Israel, todos comemoram, mas questão nuclear permanece: "Adiada apenas alguns meses"

Foto: Narvikk/Canva

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Junho 2025

A estimativa do 007 dos EUA contradiz a Casa Branca. Os aiatolás, no entanto, emergem enfraquecidos. Os custos dos ataques pesam sobre Netanyahu.

A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 25-06-2025.

Como sempre, todos ganham em palavras. Netanyahu venceu, afirmando ter alcançado seus objetivos. Trump venceu, alegando ter aniquilado o programa nuclear de Pasdaran ("eles nunca mais reconstruirão suas instalações nucleares") com uma missão aérea sem perdas e, em seguida, ter imposto uma trégua aos beligerantes. E a República Islâmica venceu, onde o Conselho Supremo de Segurança afirma ter "forçado os inimigos a se refugiarem no cessar-fogo" e ter salvado os estoques de urânio. Este não é, e não pode ser, o caso.

O conflito de doze dias causou 610 mortes no Irã e 28 em Israel, e o nível de destruição sofrido pelos dois países não é nem sequer comparável: dados a partir dos quais se pode começar a avaliar o resultado. O potencial ofensivo iraniano é reduzido: para responder ao ataque surpresa, Teerã utilizou as armas mais poderosas de seu arsenal – os mísseis balísticos Qasem, Shekan, Ghadr e Emad –, mas o sistema de defesa do Estado judeu resistiu, interceptando mais de 90%. Além disso, o chamado anel de fogo que o regime financiou e armou contra Israel durante anos, do Hezbollah aos Houthis, não disparou um único tiro. O anel de fogo se apagou.

"Os dois pilares da estratégia militar dos aiatolás, as milícias xiitas e os mísseis balísticos, que drenaram tantos recursos – basta pensar nas centenas de milhares de foguetes fornecidos ao Hezbollah – foram quase completamente destruídos", explica o professor Meir Litvak, orientalista e pesquisador do Centro de Estudos Iranianos da Universidade de Tel Aviv. "E, no entanto, a derrota sofrida pelo Irã não pode ser considerada total, não é um nocaute. Os Pasdaran ainda têm urânio enriquecido e, hoje mais do que ontem, tentarão construir a bomba justamente para recuperar o poder de dissuasão perdido".

De acordo com a primeira avaliação da Agência de Inteligência de Defesa do Pentágono, revelada pela CNN, os ataques americanos às instalações de Fordow, Natanz e Isfahan não destruíram os principais componentes do programa nuclear, que foi atrasado "apenas alguns meses", apesar das declarações de Trump.

O Irã perdeu, mas não perdeu por uma margem avassaladora; o regime está vacilante, mas se mantém de pé. "E para não entrar em colapso, acredito que se tornará mais agressivo e brutal", disse o embaixador especial Novik Nimrod, membro do Fórum Político Israelense e conselheiro sênior de Shimon Peres, ao Repubblica. "Militarmente, o Irã se revelou um tigre de papel, e Israel restabeleceu sua capacidade de dissuasão. Mas Netanyahu pode realmente dizer que a missão foi cumprida? Com 400 quilos de urânio enriquecido a 60% armazenado em um local secreto no Irã? Bastam 500 centrífugas para, em poucas semanas, atingir um nível suficiente para construir uma bomba atômica. O mesmo vale para a capacidade balística: em poucos anos, a República Islâmica terá seu arsenal de volta". Como se dissesse: Israel venceu, mas não venceu por uma margem avassaladora.

Até mesmo a possibilidade de mudança de regime, à qual tanto Trump quanto Netanyahu aludiram, chegando a ameaçar matar Khamenei, permaneceu uma hipótese. "Isso teria criado o caos, e os vizinhos do Golfo, incluindo os amigos de Israel, não queriam isso", explica Nimrod. O raciocínio do veterano analista diplomático israelense olha para o futuro, para o médio prazo. "Se o Irã retornar à mesa de negociações e um acordo nuclear real for alcançado, será um verdadeiro sucesso para Israel".

Netanyahu é descrito como ora eufórico, ora exultante. "Uma vitória histórica que durará gerações". Lembra-me de seu "mudaremos a face do Oriente Médio", proferido imediatamente após o pogrom de 7 de outubro.

No entanto, duas questões logo chegarão ao ápice. A primeira é Gaza, a guerra pela qual o mundo inteiro o critica. "Trump, que espera ganhar o Prêmio Nobel da Paz, o pressionará a chegar a um acordo com o Hamas, e isso o colocará em apuros com a ala extremista do governo", acredita o professor Litvak, que vê outro problema para o primeiro-ministro vitorioso. "A guerra custou 300 bilhões de shekels (cerca de 75 bilhões de euros); em dois ou três meses, esse custo começará a pesar no bolso dos israelenses".

Por fim, Donald Trump. Nestes doze dias, ele disse tudo e o oposto de tudo, fingindo confiança na solução diplomática quando já havia dado a ordem para os bombardeiros decolarem. Os serviços secretos americanos o contradizem sobre a real extensão dos danos às instalações nucleares iranianas. "Trump agiu para se apropriar do sucesso", diz o Embaixador Nimrod. "Ele foi contra a vontade de sua própria base Maga. Veremos como a base reagirá ao seu renovado intervencionismo".

Leia mais