03 Junho 2025
“A eleição de Leão XIV produziu com surpreendente rapidez um resultado fundamental: a reunificação da Igreja Católica”. O Cardeal Camillo Ruini, por 17 anos, de 1991 a 2008, vigário geral da diocese de Roma e por 16 anos, de 1991 a 2007, presidente da Conferência Episcopal Italiana, não tem dúvidas. O cardeal, teólogo refinado e homem que teve a total confiança de São João Paulo II, por quem ainda hoje conserva uma profunda devoção, 20 anos após a morte do papa polonês, conta ao il Fatto sobre suas primeiras impressões sobre Leão XIV. Ele o faz com a clareza e a ampla visão que o distinguem.
A entrevista é de Francesco A. Grana, publicada por il Fatto Quotidiano, 01-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Antes do Conclave, o cardeal havia formulado quatro votos para a era pós-Francisco: “Confio em uma Igreja boa e caridosa, doutrinariamente segura, governada de acordo com as normas da lei, profundamente unida internamente”. Ruini também não havia omitido uma crítica pesada ao antecessor direto de Jorge Mario Bergoglio: “O pontificado de Bento XVI foi prejudicado por sua falta de aptidão para governar, e essa é uma preocupação que vale para todos os tempos, inclusive o futuro próximo”. O cardeal participou das doze congregações gerais de cardeais realizadas durante a Sede Vacante, mas obviamente não participou do Conclave que elegeu Robert Francis Prevost, pois tem 94 anos.
Eminência, está satisfeito com a eleição de Leão XIV, já que estamos a quase um mês do Conclave?
A eleição de Leão XIV produziu com rapidez surpreendente um resultado fundamental: a reunificação da Igreja Católica. Esse é o primeiro motivo pelo qual estou feliz com esse novo papa.
Por que o senhor está convencido de que Leão XIV já reunificou a Igreja Católica?
Tentando fazer uma breve análise dos motivos que produziram tal resultado, provavelmente podemos encontrá-los em certos sinais, como a forte ênfase na fé e na oração, ou mesmo na estola e na mozeta que ele usou. Os não poucos fiéis que, com ou sem razão, se sentiam desconfortáveis com as - verdadeiras ou supostas - aberturas doutrinárias do Papa Francisco se sentiram tranquilizados.
E, além disso?
Além disso, é claro, há os aspectos pessoais do Papa Leão, começando por sua humildade e simplicidade e chegando ao grande testemunho de amor e serviço ao próximo que ele deu nas várias fases de sua vida: basta ver o que ele fez no Peru pelos migrantes e, em particular, pela redenção das prostitutas.
Qual é o clima que se respira hoje na Igreja Católica?
O clima que respiramos na Igreja Católica hoje pode ser descrito como de alegria e paz. Confiamos no papa, em sua sabedoria e caridade de pastor, para que esse clima perdure e se enraíze, mas nenhum crente pode se isentar de fazer sua parte para isso. Devemos recuperar e fortalecer a vontade de sermos filhos, filhos de Deus, mas também filhos da Igreja. E assim nos sentirmos unidos para formar o corpo de Cristo, que tem muitos e diversos membros, mas é um só. Ao longo desse caminho, o Papa Leão é nosso guia.
O senhor já se encontrou com o Papa Prevost?
Ainda não me encontrei pessoalmente, mas sinto que ele já me deu muito, que fez crescer meu envolvimento com os acontecimentos e as esperanças da Igreja. O mundo em que vivemos é cheio de dificuldades e contrastes, aliás, como sempre foi: nesse aspecto, é fácil prever que o novo papa, assim como seu antecessor, enfrentará muitas provas difíceis. As provas, no entanto, se bem vividas, fortalecem e purificam aqueles que as experimentam.
Quais são essas provas?
São provas que surgem de dentro e de fora da Igreja. Quanto às primeiras, dou o exemplo das novidades trazidas pelo Papa Francisco, que alguns acolhem com alegria, enquanto outros contestam. Do lado de fora, no mundo, há as guerras, de Gaza à Ucrânia. Sim, quanto às segundas, basta pensar nas muitas guerras que cobrem o mundo de sangue. O novo papa precisa, portanto, muito de nossa cooperação e de nossas orações.