03 Junho 2025
A evacuação de Khan Younis e Rafah foi ordenada. Ontem, num ataque a Jabalia, trinta vítimas, incluindo seis crianças.
A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 03-06-2025.
Com as negociações de cessar-fogo novamente paralisadas, a ofensiva militar israelense se expande, tomando quase toda Khan Younis, bombardeando um prédio em Jabalia, onde trinta pessoas morrem, incluindo seis crianças, e comprimindo ainda mais o espaço vital dos palestinos na Faixa de Gaza. Onde agora, segundo estimativas das Nações Unidas, 80% do território está fora dos limites, portanto, em teoria, inabitável, por ter sido declarada zona militar ou por estar sob ordem de evacuação.
Em teoria, porque na prática muitos moradores de Gaza permanecem em suas casas, mesmo que estejam em ruínas, semidestruídas ou em áreas de alto risco. Eles não têm para onde ir: a cidade de tendas de al-Mawasi está lotada, e a ordem de evacuação de vários bairros ocidentais de Khan Younis, emitida pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), ocupou Deir al-Balah e a faixa de terra até Rafah, onde estão localizados três dos quatro centros de distribuição de alimentos atualmente em operação, administrados pela Fundação Humanitária Americana para Gaza. "O plano de Netanyahu é empurrar a população para o sul, concentrá-la em um só lugar e depois forçá-la a sair", denunciam há semanas as organizações não governamentais que não participam do novo sistema humanitário militarizado, que depende de empreiteiros armados.
A mudança na intensidade dos tanques da Operação Gideon ocorre após a declaração do Ministro da Defesa, Israel Katz: "Continuem avançando em Gaza em direção a todos os objetivos, independentemente de quaisquer negociações". A mídia palestina relatou na manhã de ontem o avanço do exército do centro em direção ao sul da Faixa, em Khan Yunis.
Depois, veio a confirmação dos próprios militares: "As tropas expandiram suas operações terrestres, eliminaram terroristas e destruíram numerosos depósitos de armas e infraestrutura terrorista, incluindo subterrânea", enquanto a força aérea atingiu "dezenas de alvos em toda Gaza, incluindo células terroristas, edifícios usados por grupos terroristas, túneis e depósitos de armas". Mas também um prédio em Jabalia, palco de outro massacre de civis: pelo menos 14 mortes confirmadas, incluindo, precisamente, seis crianças e três mulheres, com cerca de vinte pessoas desaparecidas sob os escombros. Muitas das vítimas eram membros da mesma família. O prédio, que também abrigava famílias desabrigadas, "já havia sido bombardeado no passado", diz Musa al-Bursh, que escapou do ataque.
Após 605 dias de guerra, o número total de mortos ultrapassou 54 mil, segundo as autoridades locais. Em Beit Lahiya, segundo o Ministério da Saúde Palestino, um ataque teve como alvo o Centro Noura al-Kaabi, o último centro de diálise na Faixa de Gaza. Em Khan, escavadeiras derrubaram um muro do Hospital Europeu.
Um míssil lançado pelos houthis e direcionado a Jerusalém foi interceptado bem além das fronteiras de Israel. E o Hamas, cuja resposta à última versão da proposta de Steve Witkoff decepcionou tanto os Estados Unidos quanto o Estado judaico, agora afirma estar disposto a "retomar as negociações indiretas".