Leão XIV aos jornalistas: "Desarmemos a comunicação de todo preconceito, ressentimento, fanatismo e ódio, purifiquemo-la"

Foto: Vatican News

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Mai 2025

  • Prevost foi aplaudido de pé ao lembrar "dos jornalistas presos por buscar e relatar a verdade". "Peço a libertação desses jornalistas", insistiu, reconhecendo "a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito das pessoas de serem informadas".

  • A paz começa dentro de cada um de nós. Devemos rejeitar o paradigma da guerra. “A Igreja deve aceitar o desafio do tempo, e não deve haver comunicação ou jornalismo fora da história”, concluiu.

  • “Hoje, um dos desafios mais importantes é promover uma comunicação que nos tire da Torre de Babel em que às vezes nos encontramos, da confusão de mensagens sem amor, ideológicas e sectárias”.

A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 12-05-2025.

Expectativas na Aula Paulo VI antes da primeira audiência pública do Papa Leão XIV, um encontro com os jornalistas credenciados para cobrir o conclave. Um costume que tanto Bento XVI quanto Bergoglio já implementaram e que Robert Prevost quis manter. Mais de sete mil jornalistas cobriram um mês intenso, da morte de Francisco à eleição do primeiro Papa agostiniano e norte-americano da história da Igreja.

Leão XIV apareceu, caminhando confiante, com um sorriso nos lábios, agradecendo aos jornalistas pela primeira ovação de pé que recebeu. “Bom dia e obrigado por esta adorável recepção”, ele começou em inglês. "Agradeço os aplausos. Eu esperava por eles no começo, não no final." Depois, em italiano, o Papa deu as boas-vindas à mídia mundial, agradecendo-lhes pelo trabalho realizado "neste tempo de graça".

Não às palavras agressivas

Referindo-se ao Sermão da Montanha, Leão XIV recordou “os bem-aventurados que trabalham pela paz ”. Uma bênção “que diz respeito a todos nós”, para alcançar “uma comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, que não se cubra com palavras agressivas ”, que “não abrace o modelo da competição” e separe “a verdade do amor”.

Libertar jornalistas presos

“A paz começa dentro de cada um de nós, na maneira como nos olhamos, na maneira como falamos uns dos outros. A maneira como nos comunicamos é de fundamental importância. Devemos dizer não à guerra das palavras, das imagens; devemos rejeitar o paradigma da guerra ”, enfatizou Prevost, sendo aplaudido de pé ao lembrar “os jornalistas presos por buscar e relatar a verdade”.

"Peço a libertação desses jornalistas", insistiu, reconhecendo "a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito das pessoas de serem informadas, porque somente pessoas informadas podem tomar decisões livres".

"O sofrimento desses jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, convocando todos nós a salvaguardar o precioso valor da liberdade de expressão e de imprensa", enfatizou, agradecendo à mídia "por seu serviço à verdade".

Recordando a presença de jornalistas em Roma para relatar "os ritos da Semana Santa, a dor da morte do Papa Francisco (outra ovação)" e o conclave, "particularmente movimentado durante dias exaustivos".

"Nós somos os tempos"

“Vivemos tempos difíceis, que devemos atravessar e contar”, insistiu Leão XIV. "É um desafio para todos nós, do qual não devemos fugir. Se pede a cada um de nós, em nossas diferentes funções, que nunca cedamoos à mediocridade", continuou. “A Igreja deve aceitar o desafio do tempo, e não deve haver comunicação ou jornalismo fora da história”, concluiu.

"Obrigada pelo que vocês fazem para se libertar dos estereótipos e lugares-comuns pelos quais costumamos interpretar a vida. Obrigado por capturar a essência de quem somos e transmiti-la ao mundo inteiro por todos os meios". “ Hoje, um dos desafios mais importantes é promover uma comunicação que nos tire da Torre de Babel em que às vezes nos encontramos, da confusão de mensagens sem amor, ideológicas e sectárias.”

Diante disso, "o serviço que prestam, com as palavras e o estilo que adotam, é importante. Comunicação não é apenas a transmissão de informação, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais." Especialmente na era da IA, “com seu imenso potencial que exige discernimento para orientar ferramentas para o bem de todos ”. “Essa responsabilidade recai sobre todos.”

Por fim, Prevost reiterou a última mensagem do Papa aos jornalistas, com um apelo especial: "Desarmemos a comunicação de todo preconceito, ressentimento, fanatismo e ódio, purifiquemo-la".

“Servir a uma comunicação capaz de ouvir, de recolher as vozes dos fracos e dos que não têm voz. Desarmemos as palavras e contribuiremos para desarmar a Terra”, exclamou, argumentando que “a comunicação desarmada e desarmante nos permite compartilhar uma visão de mundo e agir de maneira consistente com nossa dignidade humana”.

"Vocês estão na linha de frente da cobertura de conflitos (...) e do trabalho silencioso de tantos por um mundo melhor. Escolham o caminho da comunicação da paz", concluiu, antes de descer as escadas da sala de aula e cumprimentar os jornalistas um a um.

Leia mais