11 Abril 2025
Manifesto foi entregue a André Corrêa do Lago em cerimônia no ATL que lançou o Círculo dos Povos e a Comissão Indígena Internacional da COP30.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 11-04-2025.
“As COPs devem ser um ponto de virada. É hora de redistribuir o poder político e econômico, acabar com a dependência dos combustíveis fósseis e construir um futuro baseado na justiça e na sustentabilidade, através da rápida expansão das energias renováveis. Isto só pode ser realizado através da participação ativa e significativa daqueles que representam a verdadeira autoridade moral em relação à proteção do nosso mundo natural: os Povos Indígenas e as Comunidades Tradicionais.”
Este é um trecho de um manifesto, assinado por 180 organizações indígenas e da sociedade civil, sob a coordenação da 350.org, que exige urgentemente que a COP30 reafirme o compromisso global pelo fim dos combustíveis fósseis, e que apoie a implementação de uma transição justa e equitativa para as energias renováveis.
O documento foi entregue na 5ª feira (10/4) ao presidente da conferência do clima no Brasil, André Corrêa do Lago, que participou de uma cerimônia no Acampamento Terra Livre (ATL) para o lançamento do Círculo dos Povos e a Comissão Indígena Internacional da COP30. O evento também contou com a presença das ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, e da diretora-executiva da conferência, Ana Toni.
O manifesto lembrou a primeira carta de Corrêa do Lago como presidente da COP30, lançada em março. Ressaltou que a conferência “é um dos poucos fóruns onde a sociedade civil pode responsabilizar os governos por ações climáticas significativas e pressionar por acordos legalmente vinculantes que priorizem a população e que sejam justos e equitativos”. E que por isso contava com a presidência da COP30 para “garantir que aqueles que sofrem as piores consequências desta crise não sejam novamente marginalizados enquanto as nações mais responsáveis dominam e impedem as negociações”.
As demandas à presidência da COP30 se dividem em três linhas de ação: potencializar as energias renováveis de forma justa e equitativa; eliminar os combustíveis fósseis para uma transição justa imediata; e promover a liderança indígena e das Comunidades Tradicionais na COP, “pois sem elas não há Justiça”.
“Exigimos o fim da era dos combustíveis fósseis e uma transição energética justa. O presidente da COP30 disse que a conferência deve ser um ponto de virada. Isto só acontecerá quando a autoridade climática dos Povos Indígenas for ouvida e incorporada nas decisões. A resposta somos nós, todos nós!”, destacou Toya Manchineri, coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), que integra o G9 da Amazônia Indígena.
No primeiro dia do ATL, Povos Indígenas da Amazônia, do Pacífico e da Austrália já haviam lançado uma declaração reivindicando equiparação de representantes indígenas aos chefes de Estado na COP e um compromisso da conferência para garantir a eliminação dos combustíveis fósseis. O documento “Unidos pela Força da Terra: A Resposta Somos Nós” é assinado pelo G9, a Troika indígena das COPs 29, 30 e 31 e os Pacific Climate Warriors.
Indígenas reunidos no ATL ainda promoveram ontem a 2ª marcha da mobilização, que termina nesta 6ª feira (11/4), em Brasília. Milhares de pessoas participaram da marcha “A Resposta Somos Nós”, mostra a Mídia Ninja, em direção ao Congresso Nacional, relata o g1. Os manifestantes foram recebidos com violência pela polícia legislativa. Policiais lançaram bombas de efeito moral contra indígenas que estavam no gramado do Congresso. Imagens do Metrópoles mostram pessoas em fuga e até desacordadas.