12 Abril 2025
"O que foi dito até agora coloca em jogo pelo menos duas outras questões: considerar a relação da teologia com o fundamento bíblico, um tema que emergiu amplamente no debate que se seguiu ao relatório de Milena Mariani. Neste volume não há vestígios desse debate; mas acredito que é igualmente importante lembrá-lo e relembrá-lo para sublinhar como a comparação, que surge a cada vez das ricas relações, representa um momento qualificador do trabalho do Congresso", escreve Jean Paul Lieggi, professor de cristologia e teologia trinitária e teologia patrística na Faculdade Teológica Pugliese e membro do Conselho Diretor da Associação Teológica Italiana, em artigo publicado por Settimana News, 06-04-2025.
Não só a riqueza dos conteúdos oferecidos pelos vários palestrantes nas contribuições coletadas nas páginas deste volume, mas também a discussão aberta, viva e frutífera que deles surgiu durante os trabalhos do XXVIII Congresso Nacional realizado na Villa Cagnola em Gazzada Schianno (VA) de 28 de agosto a 1º de setembro de 2023, e não menos importante a partilha dos diferentes dias e a contemplação da beleza dos lugares visitados juntos e do o seu património natural e artístico; tudo isso tornou frutífero o evento cujos frutos esta publicação pretende entregar a um público mais amplo.
Estas conclusões não pretendem ser uma retomada mais ou menos ordenada das inúmeras contribuições oferecidas durante os dias do Congresso e dos variados estímulos que nos foram entregues, pelos quais é justo agradecer: o Conselho de Administração da Associação, que construiu a arquitetura do Congresso, articulada em torno de algumas junções fundamentais (que agora se tornaram as partes deste volume); os palestrantes; aqueles que quiseram contribuir para a riqueza dos debates com suas intervenções; todos aqueles que tornaram este evento possível, colaborando de diferentes formas na sua organização e, por último, mas não menos importante, todos aqueles que nele participaram.
Não uma retomada dos diversos conteúdos, portanto, mas uma reflexão pessoal que, a partir de alguns dos temas, atenções e sugestões que surgiram nos últimos dias, quer ter a modesta intenção de fazer algumas considerações que dizem respeito à tarefa a que todos somos chamados: a de "pensar no Filho de Deus" hoje, como ele diz, precisamente, o título do congresso.
A ocasião do Congresso, como foi repetida várias vezes durante o evento, foi oferecida pela aproximação do 1.700º aniversário da celebração do Concílio de Niceia. E foi lembrado várias vezes que o "gesto fundamental" daquele Concílio pode ser considerado a introdução de οὐσία no Símbolo da Fé.
Eu gostaria de dizer aqui, no entanto, retomando uma sugestão oferecida por Emmanuel Falque em um dos dois ensaios introdutórios, que talvez o τουτέστιν, o "isto é" que precede aquele "da substância do Pai", possa e deva ser considerado também um "gesto fundamental".
Este "isto é", de fato, como Falque muito bem sublinhou, põe em jogo a relação inescapável entre filosofia e teologia; e será precisamente em virtude desta relação que um termo "recolhido" do vocabulário e da experiência do mundo grego poderá aparecer num texto que pretende confessar a fé cristã.
Além disso, em minha opinião, o "isto é" niceno não representa apenas a referência à relação iniludível entre filosofia e teologia, mas também representa, de alguma forma, a "legitimação" do gesto teológico. Por que é isso? Porque o "isto é" de Niceia reconhece que as afirmações bíblicas não são suficientes para expressar Deus e a identidade do Filho de Deus! De fato, se considerarmos necessário colocar um "isto é" depois de confessar o que a Bíblia diz sobre Jesus Cristo (ele é o Filho de Deus, ele é gerado do Pai, ele é o Unigênito), estamos apenas afirmando que é necessário comparar as palavras da Bíblia com as da teologia; neste caso, palavras que a teologia também tira da filosofia, reconfigurando-as em relação ao significado que tinham em seu próprio quadro filosófico.
O que foi dito até agora coloca em jogo pelo menos duas outras questões: considerar a relação da teologia com o fundamento bíblico, um tema que emergiu amplamente no debate que se seguiu ao relatório de Milena Mariani. Neste volume não há vestígios desse debate; mas acredito que é igualmente importante lembrá-lo e relembrá-lo para sublinhar como a comparação, que surge a cada vez das ricas relações, representa um momento qualificador do trabalho do Congresso.
A teologia é, portanto, chamada não só a fazer exegese da Bíblia e da história, mas também a tentar dizer algo significativo que, usando – entre outras coisas – um quadro filosófico de referência, ajude a definir a identidade do Filho de Deus.
A esta primeira consideração acrescento outra, desta vez retomando o outro ensaio introdutório do Congresso, o oferecido por Emanuela Prinzivalli: a respeito do gesto fundamental de Niceia, talvez não seja ocioso perguntar como esse gesto aconteceu e quais foram suas consequências.
Como isso aconteceu? Prinzivalli sugeriu, para encontrar uma resposta a esta primeira pergunta, olhar também para o Segundo Concílio Ecumênico, o de Constantinopla, celebrado em 381. Os métodos de trabalho dos dois concílios eram de fato bastante diferentes, pois no segundo concílio havia muito mais tempo para discutir as questões em jogo. Em particular, um elemento de significativa importância que ajuda a fazer uma comparação eficaz entre os dois concílios é representado precisamente pelo homoousios: foi inserido no Concílio de Niceia, mas no Concílio de Constantinopla não foi acrescentado no caso do Espírito Santo, que nem sequer é expressamente chamado de "Deus" no artigo do Credo que lhe diz respeito, expandido em relação a Niceia. A consubstancialidade e a divindade do Espírito são facilmente deduzidas e são claramente confessadas do que é dito no artigo, embora não sejam explicitamente declaradas. Por que essa escolha? Uma possível resposta poderia ser a seguinte: foi uma tentativa de recuperar a comunhão na fé com o pneumatômaco.
Desta eventualidade, porém, surge uma outra questão, talvez ainda mais necessária e "incômoda" do que a primeira: como interpretar esta escolha? Na verdade, traz consigo muitos riscos de "ambiguidade". Não seria, de fato, muito melhor e não deveria ser desejável ser "claro" na condenação da heresia? Como interpretar esse desejo de recuperar à comunhão da Igreja aqueles que se tornam partidários de uma doutrina errônea? Essa atitude não deveria ser vista como um sinal de "fraqueza", em uma busca de compromisso que presta pouca atenção à defesa da verdade?
No entanto, talvez seja possível olhar para esta "operação" de outra perspectiva, bem diferente daquela sugerida pelas perguntas expressas até agora: por trás do "gesto" de Constantinopla pode haver a vontade de buscar um consenso, sem contudo perder de vista o desejo e a intenção de salvaguardar a verdade. Talvez seja precisamente esta a perspectiva delineada por Falque quando sugeriu recuperar, na esteira do que Tomás fez na Summa pro gentilibus, a busca de um "lugar-comum".
Esta pesquisa em Niceia não foi realizada! Isso pode ser deduzido do fato de que tudo foi feito para inserir no Credo da Fé expressões e afirmações que, de maneira clara, mostram o erro da doutrina ariana, não menos importante o anatematismo final do Credo.
Abre-se, portanto, uma segunda questão: quais são as consequências desta escolha? Acredito que podemos reconhecer seus ganhos e "perdas" ou limites.
No que diz respeito aos ganhos, deve-se antes de tudo enfatizar e apreciar a afirmação clara e decisiva da plena divindade do Filho de Deus, contra todo subordinacionismo. E não é um ganho pequeno, pois em várias ocasiões e de muitos quadrantes durante os dias do Congresso, nos relatórios e debates, emergiu o perigo ligado às "hierarquias" que invalidam o reconhecimento da dignidade plena e igual das pessoas divinas, antes de tudo, e das criaturas entre elas.
Mas não seria correto não reconhecer que essa escolha também traz consigo limites e "perdas". Que? Pelo menos dois deles aparecem. Por um lado, para enfatizar a consubstancialidade, outras categorias teológicas ficaram em segundo plano, igualmente relevantes e essenciais para pensar e dizer o Filho de Deus. Refiro-me, em particular, à "ordem", à "mediação" (a este propósito, ver a "rejeição" sugerida por Jullien, como recordou Annalisa Caputo no seu relatório), a "Sophia". Para este último, não se pode deixar de reconhecer que hoje a reflexão teológica, especialmente a reflexão feminista, a recuperou muito, mas depois de Ário foi, talvez, muito e injustamente negligenciada. E isto não será surpreendente, considerando que – como é sabido – o "cavalo de guerra" de Ário era precisamente um texto do Antigo Testamento no qual se falava da Sabedoria (ver Pr 8, 22).
Por outro lado, apontar a oposição entre as partes não faz mais do que alimentar uma lógica de "caça herética", com base na qual cada uma se considera sempre na posição correta, considerando a do outro errônea, assim pronta a olhar – justamente – para o outro, antes de tudo o erro.
Esta postura, sempre atenta aos erros e incapaz de ver a boa intenção que talvez mova o outro e as instâncias às quais o outro pretende ser fiel, é obviamente incapaz de aceitar as antinomias e o paradoxo a que o mistério cristão não pode nem deve renunciar. Obviamente, não pretendo promover um relativismo total de posições, mas simplesmente lembrar que nenhuma língua sozinha pode pretender falar o mistério do Inefável.
A que conclusão pretendo chegar sublinhando e recordando as duas questões que acabam de surgir? Que a reflexão sobre a tarefa da teologia, por ocasião do 1.700º aniversário de Niceia, nos chama a olhar não só para os conteúdos, categorias, conceitos, quadro filosófico do pensamento, mas ainda mais para o estilo do pensamento teológico. Para colocar com a metáfora que Annalisa Caputo nos deu no início de seu discurso, retomando-a dos textos de Marcel Proust: os conceitos são lentes que nos ajudam a olhar para a realidade; deve-se, portanto, ter muito cuidado para não usar apenas algumas lentes, excluindo outras a priori; além disso, devemos redescobrir e valorizar a necessidade da pluralidade de lentes, olhando contra uma abordagem do dogma que está simplesmente na lógica do progresso linear.
Em particular, o que pretendo enfatizar é a importância de superar um estilo de prática teológica em que as posições são opostas, sem poder considerar adequadamente o que há de bom na posição do outro, em uma cultura de apreciação, como nos foi sugerido por Rocco Viviano, vivendo assim uma certa "simpatia" mesmo em relação aos erros cometidos, tanto os seus próprios quanto os outros. Obviamente, não repetir erros, mas deixar-se ajudar a libertar-se de toda a "arrogância" e "presunção" de pensar em Deus.
É apenas esse estilo que abre – para retornar à metáfora retomada por Proust – a necessidade da pluralidade de lentes, muitas vezes incompreendidas. Um exemplo notável foi oferecido por Gianni Criveller, lembrando que, em 1704, o Santo Ofício proibiu o uso do termo "Grande Pai-Mãe", enquanto hoje não temos dificuldade em compreender e apreciar a importância que ele pode trazer.
Um exemplo de lentes que a tradição patrística usou em seus primeiros passos e depois abandonou e que, talvez, seria apropriado reconsiderar (ou, pelo menos, seria útil discutir essa oportunidade, não descartá-la por princípio) é a doutrina dos dois estágios do Logos: primeiro ἐνδιάθετος e depois προφορικός, primeiro imanente na mente do Pai e depois proferido, gerado, emitido. O desejo de se referir a esta doutrina, claramente presente nos escritos e no pensamento dos padres apologistas e depois tão claramente posta de lado na reflexão teológica sucessiva, surge aqui por duas razões.
Em primeiro lugar, para deixar espaço à questão de saber se um certo renascimento desta doutrina, embora não esconda a natureza problemática que ela traz consigo, não poderia ainda dizer algo à reflexão cristológica e trinitária sobre aquela dinâmica trinitária tão evocada por Leonardo Paris ao lidar com a liberdade. Mas há também outra razão pela qual trago à atenção do leitor: reconhecer, com gratidão, que a riqueza do Congresso reside não apenas nos relatórios e no debate na sala, mas também no confronto que acompanha todo o tempo da permanência juntos durante os dias do Congresso, "já que a ideia de voltar a considerar essa doutrina surgiu precisamente de um confronto vivido no tempo 'livre'", exceto o reservado para relatórios e debates relacionados.
Ao concluir estas observações, saliento que os trabalhos do Congresso mostraram obviamente que a reflexão daqueles que hoje pretendem "pensar no Filho de Deus" deve ser muito mais ampla, e que há muitos temas que devem ser abordados. Limitar-me-ei a recordar uma, a da "tradução". Foi-nos sugerido por Annalisa Caputo que, com o seu relatório, propôs um caminho deixando-se guiar por François Jullien que, a este tema, dedicou ampla atenção, com resultados intrigantes e estimulantes também para o pensamento teológico.
Na esperança de não banalizar a questão, tentarei dizer isso dando aos leitores uma pergunta simples, que surge do reconhecimento da necessidade de refigurar os conceitos e categorias que usamos ao fazer teologia. Em outras palavras, deve-se perguntar: como podemos "traduzir" o ὁμοούσιος de Niceia hoje sem abandoná-lo? Aceitemos esta pergunta como um convite a prosseguir na fascinante tarefa a que a teologia sempre nos chama: falar de Deus hoje, para que o seu anúncio da salvação chegue a cada homem e a cada mulher.