22 Fevereiro 2025
"A pobreza é o horizonte da prosperidade, pelo simples motivo de que o pobre (e, portanto, o emigrante) nos coloca diante do humano sem máscaras, adereços, papéis e, nesse sentido, se torna um lugar teológico", escreve Giuseppe Lorizio, professor de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em artigo publicado por Settimana News, 21-02-2025.
Há uma notícia que nos faz refletir, além das posições mais ou menos ideológicas que podemos adotar: é aquela que se refere à citação em juízo, pela Conferência Episcopal dos Estados Unidos, contra o governo do presidente, na qual são contestados os cortes nos fundos para os refugiados. Isso poderia até parecer uma boa notícia, independentemente dos resultados que poderá registrar no âmbito judicial, mas não o é de forma alguma do ponto de vista da fé e teológico.
Isso porque a questão radical e fundamental é deslocada do campo da crença para o econômico e administrativo. Na opinião de quem escreve, o contexto exige um nível bem diferente de reflexão e posicionamento. Em última análise, trata-se da questão sobre a essência do cristianismo. E aqui as alternativas se contrapõem de maneira virulenta e pedem uma posição clara.
Por um lado, trata-se da emergente e vitoriosa, do ponto de vista eleitoral, "teologia da prosperidade", segundo a qual o bem-estar das pessoas e das classes sociais seria um sinal claro da aprovação que Deus lhes conferiria.
Não é difícil, mas pode ser enganoso, associar essa perspectiva à de Max Weber, expressa em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (ensaios de 1904-1905). Nesse caso, a posição dos bispos católicos estadunidenses não se dissociaria dessa interpretação do cristianismo.
Mas é enganoso porque, na base da posição teológica que habita a atual liderança estadunidense, dado que a pertença do vice-presidente seria católica, devem ser situadas posições evangélicas e pentecostais que nada têm a ver com o calvinismo ao qual Weber se refere.
A situação é certamente mais complexa, pois podem ter ocorrido adesões à perspectiva teológica indicada também em ambientes católicos e protestantes "tradicionais" e distanciamentos também no âmbito pentecostal e evangélico.
Por outro lado, acredito que é responsabilidade das igrejas e das teologias se expressarem de maneira crítica e radical sobre a identidade cristã no hoje da história, em vez de recriminarem, no âmbito judicial, subsídios e apoios econômicos para cuidar dos imigrantes. Nesse sentido, a pobreza da Igreja anda de mãos dadas com sua liberdade (a esse respeito, basta recordar as duas últimas chagas denunciadas por Antonio Rosmini).
E, nesse sentido, também em nosso país, temos muito a aprender, começando pelo episcopado. O vínculo econômico com o Estado não ajuda a evangelização, pelo contrário, a deprime. A Igreja não deveria recriminar privilégios, mas simplesmente exigir que seja reconhecida sua função social, também em relação aos mais fracos.
E aqui a decisão dos bispos estadunidenses faz sentido, mas no contexto de uma visão mais ampla, que exige um afastamento radical e profético da "teologia da prosperidade", que não tem nada a ver com o Evangelho, conforme o lemos no último domingo (Lc 6, 17.20-26). Esse trabalho não é exaustivo. A prosperidade não é um mal em si mesma, torna-se um mal quando absolutizada, como parece acontecer na direção que o atual arranjo político parece imprimir à sociedade.
A pobreza é o horizonte da prosperidade, pelo simples motivo de que o pobre (e, portanto, o emigrante) nos coloca diante do humano sem máscaras, adereços, papéis e, nesse sentido, se torna um "lugar teológico". Cristo não é pobre porque despreza o bem-estar e os bens terrenos, mas porque se identifica com a fragilidade e a nudez da condição humana tal como ela é, e diante da qual somos todos iguais, como experimentamos na doença e na agonia.
E aqui pode estar o sentido da famosa expressão de Blaise Pascal: "Jesus estará em agonia até o fim do mundo"; e é por isso que, antes de recriminar, devemos adorar e rezar.