Coalização mostra a toxidade de plataformas digitais

Foto: Christopher Gower/Unsplash

Mais Lidos

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

20 Dezembro 2024

Coalizão em Defesa do Jornalismo registrou 35.876 ataques no X de 15 de agosto a 27 de outubro, uma média de 484 por dia; no TikTok, foram 10.239 ataques, com média de 138 por dia.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.

As plataformas X e do TikTok foram as mais tóxicas para a democracia e o exercício da imprensa no período das eleições municipais de 2024 no Brasil, analisado pela Coalizão em Defesa do Jornalismo em parceria com o Laboratório de Internet e Ciência de Dados (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo e o ITS Rio.

A Coalizão monitorou, de 15 de agosto a 27 de outubro, data do segundo turno, 451 contas no X, 868 no Instagram e 291 no TikTok, chegando a 57 mil ataques digitais, com a análise de 597 termos e hashtags. As capitais São Paulo, Cuiabá, Porto Alegre e Fortaleza foram as cidades com o maior número de episódios monitorados.

As análises, constata relatório final da Coalizão, “revelam padrões de agressão que ameaçam o exercício do jornalismo no país e o papel fundamental da mídia como vigilante do poder público” no intuito de gerar o descrédito da imprensa. As publicações analisadas frequentemente usavam expressões como “lixo”, “militante” e “fake news” para desqualificar jornalistas e veículos.

O X foi a plataforma com a maior concentração de discursos hostis. O monitoramento registrou 35.876 ataques no período, uma média de 484 por dia, seguida do TikTok, com 10.239 ataques, com média de 138 por dia. O Instagram trouxe 10.889 comentários ofensivos no período, ou uma média de 147 por dia.

Mulheres jornalistas foram as mais visadas, recebendo 50,8% do total de ataques, embora representassem 45,9% dos profissionais atacados. A título de comparação entre os campeões dos alvos de agressão, Vera Magalhães, âncora do programa Roda Viva, recebeu 1.706 ataques no Instagram; o colunista Josias de Souza teve 1.084 ataques no TikTok.

O monitoramento realizado pela Coalização registrou 11 casos de violência física ou verbal contra jornalistas, desde ameaças (45,4%), agressões físicas (27,3%) hostilizações (18,2%), intimidações (9,1%) até furto de equipamentos (9,1%).

O recurso ao Judiciário também representou uma ferramenta de censura. Foram registrados, no período, seis casos de processo judiciais para intimidar jornalistas e restringir a atuação da imprensa, incluindo ordens de remoção de conteúdo (66,6%), suspensão de portais e de perfis de redes sociais (16,6%) e outras formas de intimidação (16,6%).

O relatório da Coalizão mostra um cenário alarmante para a liberdade de imprensa no Brasil em períodos eleitorais, quando a polarização política é intensificada. Ela propõe ações, como o fortalecimento de políticas públicas para proteger jornalistas, a responsabilização de agressores dentro e fora do ambiente online, a revisão de práticas judiciais abusivas, e o desenvolvimento de mecanismos mais eficazes pelas plataformas digitais para conter ataques digitais.

Se medidas eficazes contra tais ataques não forem tomadas, as eleições de 2026 repetirão o cenário abusivo de 2024.

O relatório completo pode ser acessado aqui.

Leia mais