16 Dezembro 2024
"O Papa Francisco acolhe a todos: vítimas e perseguidores, inocentes e pecadores, e pede para perdoar como Jesus que, antes de morrer, perdoou e pediu para perdoar aqueles que o crucificaram. Dois homens, aparentemente de mundos diferentes, com o mesmo coração e a mesma visão. O Santo Padre pediu a Paz, como também havia feito no dia anterior na solenidade da Imaculada Conceição, em frente ao presépio que havia chegado como presente de Belém", escreve Padre Ibahim Faltas, vigário da Custódia da Terra Santa em Jerusalém, em artigo publicado por Avvenire, 14-12-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Tive a possibilidade de encontrar o Papa Francisco duas vezes em poucos dias. Encontrar e ouvi-lo é sempre uma graça e um motivo de crescimento espiritual. Na quinta-feira, 12 de dezembro, fiz parte da delegação que acompanhou o presidente palestino Abu Mazen à audiência com o Santo Padre. Foi o encontro de dois homens adiantados nos anos que se compreendem e se apoiam. Dois homens que se olham nos olhos e no coração e que, por meio da verdade e da justiça, buscam e constroem a paz. O Papa Francisco não se cala, não tem medo de afirmar corajosamente a força da verdade e da justiça.
O Presidente Abu Mazen, como um pai sábio e afetuoso, tenta apoiar e manter unidos os filhos da Palestina, sofre com eles e por eles está em busca do direito à paz que parece tão difícil de obter. O Santo Padre não julga os seres humanos de acordo com a cor da pele, o local de nascimento ou a religião professada.
O Papa Francisco acolhe a todos: vítimas e perseguidores, inocentes e pecadores, e pede para perdoar como Jesus que, antes de morrer, perdoou e pediu para perdoar aqueles que o crucificaram. Dois homens, aparentemente de mundos diferentes, com o mesmo coração e a mesma visão. O Santo Padre pediu a Paz, como também havia feito no dia anterior na solenidade da Imaculada Conceição, em frente ao presépio que havia chegado como presente de Belém. São Francisco de Assis quis ver representado o presépio em Greccio: pela primeira vez, se visualizava o dom essencial da vinda do Salvador à terra, o Deus vivo.
No presépio, realizado pelas mãos de artesãos de Belém e doado ao Papa Francisco, os corações dos belemitas transformaram a madeira nas estátuas da Sagrada Família, a madrepérola na Estrela, a lã no velo das ovelhas e o tecido e as cores características do keffiyeh no calor que deve envolver todas as crianças do mundo representadas pelo Menino Jesus. Aquele pedaço de tecido protege o Santo Menino do frio da Gruta e da indiferença daqueles que não o acolheram e não quiseram compreender a sua mensagem de amor e paz. O tecido do keffiyeh é trançado para formar motivos de folhas de oliveira que representam o valor da terra palestina e a força de seu povo, motivos de redes de pesca porque um grande recurso para a Palestina foi o Mar Mediterrâneo, que é representado no tecido por ondas e linhas que simbolizam o contato com outros países e os intercâmbios entre povos vizinhos e diferentes.
Trabalha-se pela paz quando se tenta salvar as crianças, seu futuro e o da humanidade. Trabalha-se pela paz para não esquecer e apagar 20.000 crianças, privadas de um ou mais membros, que, se sobreviverem, carregarão marcas indeléveis em seus corpos pelo resto de suas vidas. Trabalha-se pela paz tomando o exemplo de dois homens de paz que, apesar do peso dos anos e de suas vivências, não perdem a esperança de conseguir ver a humanidade unida e sem guerras.
Enquanto isso, em Gaza e em todo o mundo, as crianças continuam a morrer e a sofrer, como os recém-nascidos da época do Menino Jesus, sofreram e morreram porque o poder do rei Herodes temia a humildade de uma criança nascida em uma gruta. Os dois homens de paz pedem proteção para as crianças que ninguém protege e às quais são negados direitos e necessidades vitais. Crianças que não têm voz para gritar a derrota, a vergonha e o escândalo da guerra. O Santo Padre faz isso por elas: “Chega de guerra! Chega de violência!”
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Proteção para aquelas crianças. O encontro do Papa com Abu Mazen. Artigo de Ibrahim Faltas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU