12 Dezembro 2024
As perspectivas mudam, tanto para a teologia quanto para o ministério cotidiano, diante de questões existenciais como de vida e morte, como é o caso de uma guerra. Refletindo sobre teologias de guerra e de paz, o bispo luterano Paulo Shvarts, de Kharkiv, na Ucrânia, mencionou que “é fácil dizer ‘eu sou pacifista’ quando você vive longe de uma guerra. Parece bem diferente quando foguetes estão atingindo sua própria casa”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Shvarts participou da Consulta da Federação Luterana Mundial (FLM) sobre “Igrejas Refletindo Juntas: Paz, Justiça e Reconciliação em Tempos de Guerra”, reunida em Viena, dias 2 a 4 de dezembro. Os mais de 1 mil dias de guerra na Ucrânia impactaram de diferentes maneiras igrejas na Europa, convidadas para esse encontro, quando trataram sobre o seu papel e missão, e os principais entendimentos teológicos que orientam seu ministério em tempos de guerra.
Igrejas luteranas da Europa responderam de inúmeras maneiras para dar suporte a pessoas necessitadas em decorrência da guerra. Casas paroquiais ofereceram acomodações, centros comunitários prepararam
alimentos, proporcionaram ensino de idiomas, suporte psicossocial, além de meios de subsistência financeira, construção e reforma de abrigos antiaéreos em território ucraniano.
As 44 pessoas que participaram da Consulta analisaram a face mutável do pacifismo e como a teologia luterana pode contribuir para a construção de sociedades justas e pacíficas.
“Tendemos a pensar sobre nossas posições em termos absolutos. Mas nossas posições são sempre contingenciais com os tempos em que vivemos. Precisamos refletir sobre onde nossas posições e nossas ideias nasceram, em que época e em que mundo”, defendeu o professor Dr. Petr Kratochvil, do Centro de Política Europeia do Instituto de Relações Internacionais em Praga.
“Nosso conceito de paz é construído histórica e contextualmente”, agregou a professora de História Contemporânea da Igreja, Dra. Katharina Kunker, da Faculdade de Teologia da Universidade de Helsinque. Ela admoestou que as igrejas precisam ser cuidadosas na linguagem que usam ao falar com o mundo. No movimento ecumênico, explicou, o conceito de “paz justa” é entendido, frequentemente, como algo muito específico, mas isso não é necessariamente entendido assim no espaço público mais amplo.
“E se olharmos para frente – prosseguiu a professora -, é bem provável que no final, para a Ucrânia, testemunhemos a paz mais injusta que já vimos em muitas décadas, em que o país pode ter que abrir mão de território agora ocupado pela Rússia. E se isso se tornar realidade, o que as igrejas dirão?”
Esta consulta, definiu o secretário regional da FLM para a Europa, pastor Dr. Ireneusz Lukas, “foi um ponto de partida para ouvir onde estamos como igrejas neste momento, e discernir uma direção sobre como avançar juntos como uma comunhão nos próximos anos”.
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O que igrejas dirão se parte da Ucrânia tiver que ser entregue à Rússia? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU