10 Setembro 2024
"Nossas fontes falam de uma história confirmada por gravações de vídeo e mensagens telefônicas; de acordo com elas, os vídeos também se tornaram visíveis em sites pornogay da internet", escreve Fabrizio D'Esposito, professor italiano, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 09-09-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Seu nome é Péter Gergoő Bese e ele é o pároco de Dunavecse, um pequeno vilarejo no sul da Hungria a cerca de setenta quilômetros de Budapeste. O padre Bese é o sacerdote predileto do primeiro-ministro Viktor Orbán e de seu partido, o Fidesz. O padre também abençoou os novos gabinetes do primeiro-ministro no antigo mosteiro carmelita nas colinas de Buda.
Há alguns dias, no entanto, todos os vestígios de Bese foram apagados das mídias sociais do regime de Orbán, em especial as fotos que o retratam na companhia do autocrata “iliberal”, defensor de uma Hungria fechada, nacionalista e clerical. Em 6 de setembro, o padre Bese foi de fato suspenso pelo arcebispo de sua diocese de Kalocsa-Kecskemét após o furo de reportagem do Válasz Online, um dos poucos jornais ainda independentes do país. A revista revelou a existência de um dossiê do governo sobre a vida dupla do sacerdote: pároco anti-LGBTQ, mas participante de festas gays. O Válasz Online, que define o padre Bese como “uma estrela do Ner”, ou seja, da ordem constitucional promulgada em janeiro de 2012, afirma:
“O Válasz Online recebeu informações de quatro políticos do Fidesz e do KDNP (Partido do Povo Cristão Democrata, aliado do Fidesz) sobre um dossiê que demonstra a participação do pároco de Dunavecse, Gergoö Bese, em festas homossexuais e suas relações íntimas com outros homens. Nossas fontes falam de uma história confirmada por gravações de vídeo e mensagens telefônicas; de acordo com elas, os vídeos também se tornaram visíveis em sites pornogay da internet”.
O autor do artigo tentou, em vão, ouvir o próprio padre, “porque Bese é uma figura pública que fala regularmente na televisão, no rádio e nas plataformas online”. Quem respondeu, no entanto, foi o Vaticano, por meio da Nunciatura Apostólica na Hungria, que fala de “graves acusações” (obviamente em relação ao status de religioso consagrado do padre Bese) e pediu para investigar ao arcebispo de Kalocsa-Kecskemét, que imediatamente decidiu suspender o pároco de Dunavecse.
A última invectiva do padre Bese remonta à cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris, contra a versão drag queen da Última Ceia. Tudo culpa do “lobby LGBTQ” que quer “conquistar o mundo”, com a “cumplicidade” das famílias monoparentais criadas pelos divórcios: “No passado, o pai, o avô e a sociedade masculina ajudavam o menino, agora a mãe é obrigada a fazer isso. Isso torna mais difícil para um menino em crescimento encontrar maneiras de desenvolver sua própria identidade. A propaganda LGBTQ encontra o menino nessa posição frágil”.
E não é só isso. O padre Bese tem sido frequentemente acusado de colocar a propaganda política acima da fé e de cuidar muito do aspecto econômico: sua mãe e seu irmão receberam fundos públicos de 41 milhões de florins (pouco mais de 100.000 euros) para as atividades de suas associações cívicas. O escândalo do padre-pornô do regime lembra o de József Szájer em 2020, no auge da emergência do Covid. Um dos fundadores do Fidesz, eurodeputado e vice-presidente do Ppe na época, Szájer foi surpreendido pela polícia enquanto fugia de uma orgia com 25 homens em uma casa em Bruxelas, violando o toque de recolher contra o coronavírus.
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Hungria. Suspenso o padre homofóbico do regime de Orbán: é protagonista de vídeos gays em sites pornográficos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU