23 Agosto 2024
Embate ocorreu após ação conjunta com Funai e Ibama; a Polícia Federal destruiu 223 balsas de garimpo que atuavam de forma ilegal no rio Madeira.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 23-08-2024.
Policiais federais e agentes da Funai e do Ibama foram atacados por garimpeiros durante uma ação conjunta de fiscalização realizada em um porto de Humaitá, no Amazonas, na última 4ª feira (21/8). Os garimpeiros utilizaram bombas e rojões contra as forças federais, que reagiram com tiros de balas de borracha. Segundo a Polícia Federal, não houve feridos.
O embate aconteceu depois da operação, batizada de “Prensa”, ter resultado na destruição de 223 balsas de garimpo no rio Madeira e em dois afluentes, Aripuanã e Manicoré. Segundo a PF, a operação será contínua e com prazo indeterminado para finalizar.
A situação em Humaitá ainda é delicada. Depois de serem dispersos pelos agentes federais, os garimpeiros tentaram invadir o prédio da prefeitura municipal, o que provocou outro confronto, desta vez com a Polícia Militar amazonense. O g1 mostrou imagens do conflito, com moradores correndo pelas ruas para fugir dos rojões e balas de borracha e comerciantes fechando apressadamente seus estabelecimentos.

Ataque de garimpeiros à prefeitura de Humaitá (Foto: divulgação | redes sociais)
“Fizeram a cidade de Humaitá viver um verdadeiro terror”, comentou o major Anderson Saif, comandante do 4º Batalhão da PM de Humaitá, ao jornal A Crítica. “Primeiro tentaram invadir o porto da cidade, para tentar fazer policiais federais de reféns. Não tiveram êxito, e por isso tentaram invadir a casa do prefeito e, posteriormente, ameaçaram incendiar a prefeitura. Tentamos o diálogo, mas não foi possível.” Dezesseis pessoas foram detidas, reporta o g1.
Como destacou o Amazonas Atual, o ataque dos garimpeiros à PF foi a terceira agressão violenta registrada em Humaitá. Em maio passado, garimpeiros atearam fogo em pneus e pedaços de madeira para bloquear a rodovia AM-230, um dos trechos da Transamazônica, em protesto contra uma operação de fiscalização ambiental. Em outubro de 2017, a revolta generalizada resultou na destruição de vários prédios públicos na cidade, inclusive das sedes de Ibama e ICMBio.
O confronto entre policiais e garimpeiros em Humaitá também foi abordado por veículos como BNC Amazonas, CNN Brasil, g1, Metrópoles e SBT.
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