16 Julho 2024
Amazon Mining Watch releva “corrida do ouro” sem precedentes, e Greenpeace mostra que garimpo devastou 584 campos de futebol em três Terras Indígenas neste ano.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-07-2024.
Em 2018, a Amazônia registrava 963.000 hectares desmatados pelo garimpo ilegal, de acordo com imagens do satélite Sentinel 2, da Agência Espacial Europeia, analisadas pelo Amazon Mining Watch. A plataforma foi criada pela Rainforest Investigations Network, do Pulitzer Center, a Earth Genome e a Amazon Conservation para monitorar a mineração na região.
Cinco anos depois, a devastação continuou. A plataforma detectou que outros 944.000 hectares haviam sido desmatados pela atividade garimpeira no bioma. “O resultado não poderia ser mais preocupante: comparado a uma linha de base de 2018, o total de áreas de garimpo nos nove países da Amazônia dobrou entre 2019 e 2023”, destacou Gustavo Faleiros, editor de Investigações Ambientais do Pulitzer Center.
O impacto vai além das árvores derrubadas. A “corrida do ouro” criou uma crise social e ambiental sem precedentes para a Amazônia, seja no Peru, no Brasil ou no escudo das Guianas. Além das matas destruídas, os rios e as pessoas estão contaminados, destaca a InfoAmazonia.
No Brasil, a crise humanitária na Terra Yanomami é um símbolo da tragédia provocada pelo garimpo ilegal. Desde o início de 2023, com a chegada de Lula à presidência, o governo tenta expulsar os garimpeiros deste e de outros territórios indígenas. Mas a tarefa é árdua, e a extinção dessa ilegalidade parece estar longe de se tornar realidade.
Apesar da aprovação, pela Câmara dos Deputados, da Medida Provisória 1.209/24, que destina R$ 1 bilhão para proteger os Yanomami e combater o garimpo ilegal, a situação ainda é dramática. A denúncia foi feita em uma reunião da comissão externa da Casa de Governo, instalada em março em Boa Vista, que acompanha a situação dos indígenas em Roraima, relata o Correio Braziliense. Todavia, as operações contra o garimpo ilegal já causaram um prejuízo de R$ 110 milhões aos criminosos, segundo Ricardo Noblat, no Metrópoles, e Correio Braziliense.
Em tempo
Um outro levantamento, do Greenpeace Brasil, também feito via satélite, identificou que o garimpo devastou 417 hectares nas Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami entre janeiro e junho, destaca Mônica Bergamo na Folha. É uma área equivalente a cerca de 584 campos de futebol. O estudo mostra que os índices de desmatamento nas TIs diminuíram de forma expressiva em comparação a anos anteriores. Mas alerta que garimpeiros têm aberto novas áreas no entorno de regiões já exploradas como forma de dificultar a detecção por imagens de satélite.
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Áreas de garimpo dobraram nos países da Amazônia entre 2019 e 2023 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU