06 Julho 2024
A inteligência artificial, algoritmos, internet, mídias digitais, redes sociais conformam um novo ambiente que configura uma nova realidade e que conduz a sociedade a um processo de midiatização. A cidadania está, pois, diante de um novo modo de relacionamento, um novo modo de fazer política e, também, de ser Igreja.
A reportagem é de Edelberto Behs.
A humanidade vive um importante momento cultural, “semelhante à invenção da escrita. Trata-se de um salto quântico, do qual não vamos mais regredir”, frisou o padre jesuíta Pedro Gilberto Gomes, doutor em Comunicação Social vinculado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no seminário de Comunicação realizado, de modo virtual, no dia 4 de julho, promovido pelo Sínodo Rio dos Sinos, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Reportando-se à Igreja Católica, Gomes apontou que hoje é possível participar de uma “missa a la carte”, quando o internauta assiste, via internet, a abertura da celebração realizada pelo padre fulano, mas busca a homilia do padre ciclano, porque o prefere, ainda, o encerramento oficiado pelo sacerdote beltrano.
A pastora Bianca Giesch, de Novo Hamburgo, questionou a multipossibilidade temporal de uma celebração transmitida e gravada via internet, assim que ela possa ser assistida a qualquer momento. Qual é a essência do culto, ela não está diluída? – indagou. O culto, definiu, “é o encontro de Deus conosco no culto, presencialmente, quando eu reservo o tempo para esse encontro”.
O teólogo luterano Pedro Ittner, que trabalha na Christian Vision (CV), que tem por objetivo equipar a Igreja para fazer evangelismo e colocar “conteúdo teológico bom na internet”, apresentou a tarefa dessa organização religiosa como “apresentar a Palavra de Deus para que ela não ficasse restrita aos domingos, mas todo os dias”. A CV está presente em 35 países do mundo, elabora no seu site páginas evangelísticas que coloca a disposição em parceria com igrejas.
Pedro Ittner foi um dos painelistas do encontro de comunicação, ao lado do padre Pedro Gilberto Gomes e da publicitária Ana Carolina Walzburger, que é responsável pela comunicação do Sínodo Rio dos Sinos.
Recorrendo ao episódio de Paulo em Atenas, quando se deparou com um altar “ao Deus desconhecido”, o apóstolo “aproveitou o gancho da cultura para falar de Cristo”, lembrou Ittner, destacando que é preciso estar atento aos contextos “em que estamos inseridos, atentos aos perigos e oportunidades”, que a nova ambiência, na visão do padre Pedro, está descortinando ao mundo.
Além da saturação de conteúdos digitais, a sobrecarga digital, com a qual qualquer cidadão conectado se depara, Ittner apresentou outro problema dos tempos hodiernos, mencionando sua própria experiência. Como procura assistir vídeos com conteúdo religioso no TikTok, o algoritmo faz essa leitura e o leva, também, à oferta de postagens sobre bruxaria, horóscopos e outros cultos que não o cristão.
Pedro Gomes desafiou os e as participantes do seminário a fazer da comunicação um tema de reflexão permanente. Ana Carolina mencionou que a internet é uma nova mídia e não tem como dela ficar desconectada. Ittner destacou que o impacto digital tem que ter consequências na vida real e que as comunidades devem ser espaços “gostosos”, no qual as pessoas gostam de lá estar. A internet pode valorizar esse convite voltado às comunidades.
O ex-secretário de Comunicação da IECLB, pastor emérito Sílvio Schneider, reportou-se ao Papa Francisco, ao lembrar que “os pobres nos evangelizam”. Ele entende que “o importante é o serviço e não o ser visto”. Daí porque é importante seguir “berrando o evangelho”.
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Como ser Igreja num novo ambiente digital? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU