08 Mai 2024
Ao menos 47 comunidades indígenas foram atingidas pelas chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul, conforme levantamento realizado por entidades indigenistas que atuam no Estado. O último levantamento divulgado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), nesta segunda-feira (6), apontou que mais de 8 mil famílias indígenas haviam sido atingidas pelos impactos das fortes chuvas no Estado. A Funai informou que atende cerca de 109 aldeias no Rio Grande do Sul, além de comunidades que residem em contextos urbanos e periurbanos.
A reportagem é publicada por Sul21, 07-05-2024.
Conforme documento assinado pela Comissão Guarani Yvyrupa, pelo Conselho Estadual dos Povos Indígenas (Cepi), pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi Sul) e pela frente FLD/Comin/Capa, há três casos emergenciais entre o povo Guarani. A comunidade Yjerê da Ponta do Arado, no bairro Belém Novo, onde o cacique Timóteo preferiu se manter na área após abandonarem suas casas às margens do Guaíba e se deslocarem para um terreno mais elevado. Já as comunidades Pekuruty, em Eldorado do Sul, Pindó Poty, no bairro Lami, precisaram deixar suas áreas com apoio da Defesa Civil pois elas ficaram submersas.
Joenia Wapichana conversa com indígenas do povo Guarani alojados no Centro Social Padre Pedro Leonardi | Foto: Divulgação/Funai
De acordo com o documento, as comunidades indígenas atingidas em situação de emergência são:
1. Água Santa: Kaingang Acampamento Faxinal e TI Carreteiro.
2. Barra do Ribeiro: Mbyá-Guarani Passo Grande Ponte, Flor do Campo, Yvy Poty, Ka’aguy Porã, Guapo’y e Coxilha da Cruz, Tapé Porã.
3. Benjamin Constant do Sul: Kaingang TI Votouro.
4. Bento Gonçalves: Kaingang Acampamento.
5. Cachoeira do Sul: Mbyá-Guarani Tekoá Araçaty, Mbya Guarani Acampamento Papagaio, Mbya Guarani Acampamento Irapuá.
6. Cachoeirinha: Mbyá-Guarani Karandaty (Mato do Júlio).
7. Cacique Doble: Kaingang TI Cacique Doble.
8. Camaquã: Mbyá-Guarani Yguá Porã (Pacheca), Yvy’a Poty, Tenondé, Ka’a Mirindy, Guavira Poty.
9. Canela: Kaingag Konhun Mag e Mbyá-Guarani Kurity e Yvya Porã.
10. Capela de Santana: Kaingang Goj Kosug.
11. Capivari do Sul: Mbyá-Guarani Acampamento RS-040 e Tekoa Araçaty.
12. Caraá: Mbya Guarani Varzinha.
13. Carazinho: Kaingang 2 Acampamentos.
14. Caxias do Sul: Kaingang Aldeia Forqueta.
15. Charqueadas: Mbya Guarani Guajayvi.
16. Charrua: Kaingang TI Ligeiro.
17. Constantina: Kaingang TI Segu.
18. Cruzeiro do Sul: Kaingang Acampamento TãnhMág (RS-453).
19. Eldorado do Sul: Mbya Guarani Pekuruty.
20. Engenho Velho: Kaingang TI Serrinha.
21. Erebango: Kaingang TI Ventarra, Guarani de Mato Preto.
22. Estrela Velha: Ka’aguy Poty.
23. Estrela: Kaingang Jamã Tý.
24. Farroupilha: Kaingang Pãnónh Mág.
25. Faxinalzinho: Kaingang TI Kandóia.
26. Iraí: Kaingang Goj Veso e Aeroporto.
27. Lajeado: Kaingang , Foxá.
28. Maquiné: Mbya Guarani Ka’aguy Porã, Yvy Ty e Guyra Nhendu.
29. Mato Castelhado: Kaingang Tijuco Preto.
30. Osório: Mbya Guarani Tekoa Sol Nascente.
31. Passo Fundo: Kaingang Goj Yur, Fág Nor.
32. Porto Alegre: Charrua Polidoro, Mbyá-Guarani Ponta do Arado e Pindó Poty, Mbya Anhatengua, Kaingang Gãh Ré (Morro Santana), Tupe Pan (Morro do Osso).
33. Riozinho: Ita Poty.
34. Rodeio Bonito e Liberato Salzano: TI Rio da Várzea (emergência na Linha Demétrio).
35. Salto do Jacuí: Kaingang Horto Florestal, Aeroporto e Júlio Borges, Mbyá-Guarani Tekoá Porã.
36. Santa Maria: Mbya Guarani Guaviraty Porã e Kaingang Kētƴjyg Tēgtū (Três Soitas).
37. Santo Ângelo: Mbya Guarani Yakã Ju.
38. São Francisco de Paula: Xokleng Konglui.
39. São Leopoldo: Kaingang Por Fi Gá.
40. São Gabriel: Mbya Guarani Jekupe Amba.
41. São Miguel das Missões: Mbyá-Guarani Koenju.
42. Tabaí: Kaingang PoMag.
43. Terra de Areia: Mbya Guarani Yy Rupa.
44. Torres: Mbya Guarani Nhu Porã.
45. Palmares do Sul, Mbya Guarani da Granja Vargas.
46. Viamão: Mbya Guarani Nhe’engatu (Fepagro), Pindó Mirim, Jatai’ty TI Cantagalo e Takua Hovy.
47. Vicente Dutra: Kaingang TI Rio dos Índios.
As entidades, contudo, alertam que a lista não é definitiva, uma vez que novas informações vão chegando.
No documento, as entidades pedem que o poder público preste assistência adequada neste momento e informa que as comunidades necessitam de doações de alimentação, água, roupas, agasalhos, calçados, material de higiene e limpeza, além de lonas, telhas, colchões e cobertores.
Presidenta da Funai, Joenia Wapichana disse na segunda-feira, em reunião na Assembleia Legislativa do Estado, em Porto Alegre, que as comunidades indígenas afetadas irão precisar de políticas públicas específicas para reconstruir suas moradias e modos de vida.
Segundo ela, a Funai irá contribuir, inicialmente, com o suporte das Coordenações Regionais (CRs) Litoral Sul e de Passo Fundo, além das Coordenações Técnicas Locais (CTLs), para o levantamento das necessidades desses povos. O objetivo é garantir que as demandas sejam incluídas nas medidas de auxílio promovidas pelos órgãos governamentais.
“Aqui no Rio Grande do Sul, estamos trabalhando para fazer essa articulação e integração das intuições públicas e para que as questões das comunidades indígenas sejam incorporadas nos planos de trabalho, tanto dos municípios quanto do estado e nas ações do Governo Federal”, afirmou Joenia Wapichana.
No domingo (5), Joenia visitou em Porto Alegre a aldeia Polidoro, do povo Charrua, e ouviu relatos sobre os impactos das chuvas na comunidade. Segundo a cacica Acuab, há escassez de água para beber e para realizar as tarefas domésticas. Além disso, existe a preocupação de que os próximos temporais levem os telhados das casas.
A cacica Acuab oficializou uma carta à Funai com a solicitação de apoio urgente à comunidade, a ser incluída no planejamento de atendimento às demandas.
Joenia também visitou indígenas do povo Guarani, atualmente alojados no Centro Social Padre Pedro Leonardi, no bairro Restinga. As famílias Guarani estão recebendo doações e aguardam a melhoria das condições climáticas para retornarem às suas casas.
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Mais de 8 mil famílias indígenas foram atingidas pelas chuvas no RS, diz Funai - Instituto Humanitas Unisinos - IHU