20 Março 2024
Não podemos resignar-nos a um aumento descontrolado de armas, muito menos à guerra como caminho para a paz”. O cardeal presidente da CEI Matteo Zuppi, ao abrir ontem à tarde em Roma o Conselho Episcopal permanente, colocou no centro do seu discurso o tema da paz, uma “prioridade” absoluta dados “os conflitos de que a humanidade está se tornando protagonista neste primeiro quarto de século".
A reportagem é de Luca Kocci, publicada por Il Manifesto, 19-03-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em particular, é a guerra na Ucrânia que analisa o chefe dos bispos italianos, que retomou – e defendeu – as declarações do Papa Francisco à Rádio e Televisão da Suíça Italiana na semana passada (“É preciso ter a coragem de negociar”), criticadas pela OTAN, pelos EUA, pela Europa e por Kiev pelo indício de rendição que segundo eles transmitiam. “As palavras do Papa são tudo menos ingênuas”, explicou Zuppi, reiterando a necessidade de encontrar uma via pacífica para a “solução de conflitos”, “fazendo triunfar o direito e o sentido de responsabilidade supranacional”.
A história, acrescentou, “exige encontrar um novo quadro, um paradigma diferente, envolvendo a comunidade internacional para encontrar juntos com as partes envolvidas uma paz justa e segura”. “Podemos ainda aceitar que só a guerra seria a solução para os conflitos? Repudiá-la não significa travar a sua progressão ou temos de esperar pelo irreparável para entender e escolher?”, questionou o presidente da CEI, que nas próximas semanas voará para Paris para se encontrar com o presidente francês Macron – o principal patrocinador do envio de tropas em apoio à Ucrânia contra a Rússia – depois de já ter estado em Kiev, Moscou, Washington e Pequim em representação do Papa Francisco.
“A Itália repudia a guerra”, “A Europa não?”, concluiu Zuppi (e “qual Europa num mundo em guerra?” é o tema do encontro promovido em Roma, amanhã, às 18 horas, pela Pax Christi e pelo Movimento dos Focolares com o ex-diretor de Avvenire Marco Tarquinio). O presidente da CEI também falou também de política italiana, em termos não propriamente amigáveis em relação ao governo. No que diz respeito ao fim da vida, convidou a recorrer aos cuidados paliativos “sem qualquer discricionariedade” (“regidas por uma boa lei, mas ainda desatendida”) e a aplicar plenamente a norma “sobre as disposições antecipadas de tratamento”, o chamado testamento vital.
Sobre a autonomia diferenciada, além disso, a rejeição é total, prefigurando também um empenho direto da CEI contra a lei defendida sobretudo pela Liga. “A estabilidade do sistema do país desperta preocupação, em particular naquelas áreas que já há algum tempo enfrentam a crise econômica e social, com o despovoamento e a falta de serviços – disse Zuppi -. Não pode falhar um quadro institucional que possa promover um desenvolvimento unitário, de acordo com os princípios da solidariedade, da subsidiariedade e da coesão social. Nessa frente, a nossa atenção é constante e continuará vigilante”.
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Zuppi: “Mas a Europa não repudia a guerra?” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU