14 Março 2024
À espera que alguém a pegue, bem alto no mundo tremula a gloriosa bandeira branca do Papa Francisco.
O comentário é de Raniero La Valle, jornalista e ex-senador italiano, em artigo publicado por Chiesa di Tutti, Chiesa dei Poveri, 13-03-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Segundo ele, "há quem se refira explicitamente a 1939, e lamente que em Roma esteja o Papa Francisco, não alguém como Pio XII (considerado capelão do Ocidente): mas a partir dos documentos secretos da Santa Sé publicados depois da guerra, resulta que Tardini, vice-secretário de Estado, queria e escrevia que a guerra devia terminar não só com a derrota da Alemanha nazista, mas também com a liquidação da União Soviética e do seu comunismo".
"Nesta situação, - conclui - pedir para ter a coragem de negociar, “para não levar o país ao suicídio” (e isso também se aplica ao Hamas com os palestinos), não é uma blasfêmia, é um convite à salvação, uma centelha de verdade.
Se o Papa, em resposta à televisão suíça, tivesse falado apenas de negociação, como tem feito incessantemente desde o início da guerra, apresentando-a como um dever moral além de político, ninguém teria prestado atenção nele, porque a esta altura as palavras de bom senso não podem mais nem ser pronunciadas neste mundo (ocidental) de uma só dimensão (a guerra). Em vez disso, ele pegou a metáfora que o entrevistador lhe ofereceu e falou de bandeira branca, e todos ficaram indignados, especialmente aqueles, como Biden e os nossos jornais, que enviam os outros para a guerra.
Mas toda a entrevista era dedicada ao branco, como símbolo da pureza, da mansidão e da bondade, e acabou aparecendo até a razão, desconhecida de todos, pela qual o Papa se veste de branco, que não é aquela de mostrá-lo sem pecado (porque eu peco como os outros, explicou Francisco, homem e não vigário de Deus, que não tem Vigários na terra, ou melhor, tem oito bilhões, tantos quantos somos no mundo), mas é simplesmente aquela que Pio V era um Dominicano e, portanto, usava o hábito branco, e desde então prevaleceu a tradição de vestir de branco também os seus sucessores (o faz pela primeira vez o mestre de cerimônias, antes de anunciar que "habemus papam").
Assim, graças ao simbolismo do branco, que não significa de forma alguma a rendição, mas sim a coragem de permanecer humanos quando é associado à bandeira, todos tiveram que ouvir a única voz do mundo, que enquanto a maioria enaltece a impossível e inevitável vitória dos exércitos de Kiev, cada vez mais abarrotados de armas e cada vez mais privados de homens (e mulheres), diz que o rei está nu, quando o rei (e, infelizmente, que rei!) está realmente nu. E até o Núncio foi convocado a Kiev, como o último dos embaixadores, para informá-lo que a única bandeira da Ucrânia é aquela amarela e azul, ainda que infelizmente, hoje e sabe-se lá por quanto tempo decidirem seus “governantes”, está a meio mastro.
O fato singular é que, embora Biden se tenha permitido dizer a Netanyahu que está causando a ruina do seu povo (e, na verdade, de todos os judeus espalhados pelo mundo), e ninguém o desmentiu, também porque é a sacrossanta verdade, todos descontaram no Papa Francisco que laicamente também fez um discurso de sabedoria e conveniência política.
Juntando tudo isso, o que resulta é que na demência pandêmica, que parece ser a verdadeira segunda epidemia deste início de século, os poderes que nos governam estão voltando para 1939, quando a Alemanha, começando pela Polônia, queria chegar a Moscou, e deu início à guerra mundial, que era então a segunda. Como a Alemanha da época, a OTAN está avançando para o Leste e o Ministro do Exterior polonês revelou que “o pessoal militar da OTAN já está presente na Ucrânia” (europeus incluídos) e, como o mundo se alargou, o plano é, depois da Rússia, eliminar a China. Mas hoje, além disso, existem as armas nucleares, os mísseis, os drones, e até a bucha de canhão aumentou, visto que na Terra somos, de fato, oito bilhões de pessoas. Na época os Estados Unidos não queriam intervir, foi preciso Pearl Harbor, enquanto agora eles já estão aqui, e um pouco de fascismo é disseminado também por eles, e aqui na Itália há uma cultura fascista no poder.
Há quem se refira explicitamente a 1939, e lamente que em Roma esteja o Papa Francisco, não alguém como Pio XII (considerado capelão do Ocidente): mas a partir dos documentos secretos da Santa Sé publicados depois da guerra, resulta que Tardini, vice-secretário de Estado, queria e escrevia que a guerra devia terminar não só com a derrota da Alemanha nazista, mas também com a liquidação da União Soviética e do seu comunismo.
Nesta situação, pedir para ter a coragem de negociar, “para não levar o país ao suicídio” (e isso também se aplica ao Hamas com os palestinos), não é uma blasfêmia, é um convite à salvação, uma centelha de verdade.
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Querem voltar para 1939. Artigo de Raniero La Valle - Instituto Humanitas Unisinos - IHU