29 Fevereiro 2024
"O profeta não vê as cercas e rega com sonhos um amanhã melhor para todos e para todas. Claro, ele também sente o desgaste da esperança", escreve Tonio Dell’Olio, padre, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 27-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Serpenteia por lugares que você nem imaginaria e se move como uma tentação sorrateira e persuasiva. Não se trata de perder a esperança, mas sim de um desgaste da esperança que corre o risco de tornar-se crônico. Talvez porque tenhamos criado sociedades de orientação empresarial que medem tudo pelos resultados que se produzem. “Não existe conversa fiada” – costuma se dizer.
E eis que a esperança está arquivada mais entre as “conversas fiadas” do que entre os impulsionadores ou combustíveis da mudança. O desgaste da esperança é um sentimento cuja razão e raiz podem ser entendidas, mas não ser aceito como um fato inevitável. Mais uma vez temos que dar razão a Pasolini que muitas vezes falava antecipadamente e, por isso, não podia ser compreendido quando dizia que não conseguimos educar para a derrota. E talvez seja precisamente essa a diferença entre o administrador e o profeta.
O primeiro administra o existente para garantir o sucesso e a evolução de tudo o que se encontra no cercado de suas competências e do seu lucro.
O profeta não vê as cercas e rega com sonhos um amanhã melhor para todos e para todas. Claro, ele também sente o desgaste da esperança. Ou melhor, ele o percebe muito mais como uma tentação e um pecado, mas considera a derrota – mesmo quando é dolorosa como uma ferida – como parte de um caminho que leva muito mais longe. Isso é o que chamamos de esperança.
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O desgaste da esperança. Artigo de Tonio Dell’Olio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU