07 Fevereiro 2024
"Mais uma vez, surge a suspeita de que não são as guerras que querem as armas, mas as armas que querem as guerras", escreve Tonio Dell’Olio, padre, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 05-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
E, então, entramos em guerra? Guerra de defesa (como sempre) e, portanto, justa (como sempre).
Guerra pela proteção dos nossos interesses econômicos (como sempre) e não de solo sagrado ou das fronteiras sagradas, porque obstruir a passagem para o Sul do Mar Vermelho "coloca em crise a nossa estabilidade econômica", palavras do Ministro Crosetto (Audiência nas Comissões de Defesa da Câmara e Senado 02/01/2024). Para superar alguma relutância ou reserva, os nossos aliados concederam-nos a "direção táticas" da missão. E estamos orgulhosos disso. Mas não ocorre a ninguém que talvez esta nossa entrada na guerra não seja coerente nem mesmo com a interpretação mais extensiva e elástica do art. 11 da Constituição? Em vez disso, o ministro não perdeu tempo para provocar um acréscimo de exultação aos senhores das armas: "O esforço militar no Mar Vermelho terá de encontrar apoio através de financiamento adicional face ao previsto na lei orçamentária para 2024”. Última pergunta simples e direta: mas alguém tentou falar com esses Houthis? E talvez nós não sejamos muito credíveis como mediadores, uma vez que fornecemos por anos aos sauditas as bombas que os matavam. E então, mais uma vez, surge a suspeita de que não são as guerras que querem as armas, mas as armas que querem as guerras.
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Estamos em guerra. Artigo de Tonio Dell’Olio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU