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06 Outubro 2023

" O ser humano é complexo e a esperança é a fiel serva do instinto de preservação. Quando se trata de se salvar, pode acontecer de se agarrar até às mais ilusórias considerações", escreve Lia Levi, escritora italiana, em artigo publicado por La Repubblica, 04-10-2023.

Eis o artigo.

Juntamente com a vossa família e os outros judeus pertencentes à vossa casa, sereis transferidos…

Olhem bem, leiam, o documento que fizemos questão que aparecesse também na capa desse livrinho.

É um modesto folheto, de aparência quase cúmplice, aquele entregue pelos esquadrões SS no dia 16 de outubro de 1943 aos chefes de família cada casa judaica. Estudem, repitam-no para seus filhos, porque é daquelas palavras toscas e elementares, sorrateiramente ligadas à normalidade do cotidiano, que o Apocalipse esticou seus braços. O Canto do Povo Judeu Massacrado disfarçado de ilusórias, mal-escritas “regras de viagem”!

Mais um insulto para "aqueles judeus tristes mas, no fundo, tão alegres / que buscavam ganhar o seu pão / que buscavam a Deus”. Levem consigo seus cartões de racionamento, sua carteira de identidade, seus copos e não se esqueçam de trancar a porta de casa. Detalhes ligados à vida, mas não, não no seu sentido sagrado. São instruções sobre falsas regras de uma falsa normalidade. Só no final, enquanto o terror está tentando conter a si mesmo, aquela misteriosa, e pavorosa estocada. Os doentes, mesmo casos muito graves, não podem ficar para trás por nenhum motivo. A enfermaria está localizada em campo. E, mesmo antes que as pessoas atordoadas consigam se perguntar por quê, a regra final número 6): 20 minutos após a apresentação deste bilhete a família deverá estar pronta para a partida, 20 minutos entre uma existência feita de amor e dor, discussões e abraços, filhos de olhos faiscantes capazes de ficar parados apenas para as fotos de família... e os sinos a dobrar incessantemente. Por que essa farsa sádica? A resposta mais simples já está ao nosso alcance: o Comando SS queria tranquilizar as vítimas para que não houvesse desordens, tentativas de fuga ou revoltas propriamente ditas. Mas será essa a única motivação? Uma carga tão forte de maldade apenas por motivos de ordem pública? Ou haveria outras, mais profundas?

É difícil responder. Mas sim, foi Primo Levi quem nos deixou escrita uma indelével opinião-advertência: “não só não se pode entender, como não deve entender porque já seria esboçar uma justificação". Mas, noutro contexto, uma sua resposta mais forte, que é também um grito de revolta contra quem considera uma virtude intelectual oferecer espaço equilibrado às motivações dos assassinos.

“A ferocidade e a desproporção do Holocausto decidido pelos nazistas abrigam um enigma que nenhum historiador resolveu até agora", afirmou ele em um de seus volumes das Opere. “Acima de tudo e para além cada exemplo animalesco, ninguém até agora entendeu por que o desejo de suprimir o adversário devia ser combinado com uma vontade mais forte de fazer com que sofresse os mais atrozes sofrimentos que se possa imaginar, humilhá-lo, aviltá-lo, tratá-lo como uma besta imunda, aliás, como um objeto inanimado. É realmente essa a característica única da perseguição nazista."

E essa era a componente fundamental do plano que em Roma implementou o Comando Germânico por meio de 365 militares SS (acompanhados por dois funcionários da polícia italiana com as suas equipes)? É difícil, quase impossível, acreditar em tudo isso, mas o mal certamente era o céu debaixo qual as tropas armadas avançavam com inalterável disciplina.

Mas o que sentiam elas, as vítimas, a que tronco flutuante se agarraram diante do gradual adensamento do perigo? O ser humano é complexo e a esperança é a fiel serva do instinto de preservação. Quando se trata de se salvar, pode acontecer de se agarrar até às mais ilusórias considerações. Os judeus de Roma, especialmente aqueles mais próximos da Praça, sentiam-se mais romanos do que os romanos. Em suma, uma espécie de desdobramento da cidade ainda mais antiga que o Coliseu, visto que a sua presença na cidade remontava a séculos e séculos. Nada de ruim poderia acontecer a eles agora. A cidade os defenderia. E, além disso, no nível prático contemporâneo, seria impossível que os alemães tivessem ousado realizar atos de violência contra os judeus romanos bem diante dos olhos de Sua Santidade o Papa. E mais, havia também o Pacto do Ouro. Cinquenta quilos de ouro entregues pela comunidade judaica aos alemães em troca da garantia: “nenhum judeu será preso e levado embora". Não um tratado clandestino, negociado na esquina de um beco, mas um ato oficial, assinado em um gabinete público do qual as autoridades italianas também haviam sido informadas. Os alemães, talvez, fossem sim um pouco maus, mas aqui se tratava de compromissos da classe dirigente de um Estado. E caso se quisesse acrescentar mais lenha para atiçar o fogo do otimismo, teria sido suficiente pensar nos exércitos aliados agora tão próximos que poderiam libertar Roma a qualquer momento.

Depois, naquele dia, o mundo virou de cabeça para baixo. O turbilhão de vozes entrelaçadas, os gritos, as tentativas de fuga desajeitadas e improvisadas e, novamente, fragmentos de ilusão. “Eles vieram pegar os homens para trabalhar”. Era a ideia que circulava e, felizmente, muitos jovens escaparam a tempo. Mas talvez não estivesse acontecendo assim. “Estão levando todo mundo embora, absolutamente todo mundo”, era agora o grito que voava de um pátio a outro. Entre os gritos das sacadas e o choro das crianças, um transtorno aterrorizado tinha começado a tomar conta. "Para onde estão nos levando?" Mas, apesar de tudo, mesmo naquele momento estamos ainda no velho mundo, aquele das regras primordiais da civilização. Ninguém tem condições de derrubar a ordem da criação de uma só vez.

Há uma frase que ficou gravada em minha mente. São poucas palavras. Remontam aos tempos em que, com outros colegas, trabalhava no jornal Shalom. Foi Settimia Spizzichino quem nos contou na redação. Sim, aquela Settimia, a única mulher entre os dezesseis sobreviventes do 16 de outubro de 1943, que mais tarde se tornou uma testemunha gloriosa e incansável do holocausto. Sua família é numerosa, seis filhos da mãe Grazia e do pai Mosé. Naquela manhã, seu esconderijo improvisado é logo descoberto. Grazia, Settimia e outras duas irmãs, a mais velha com a filha nos braços, são imediatamente levadas embora. Mas entre o pânico e o crescente terror a voz da mãe insinua-se para acalmar. "Você verá, o que eles podem fazer?" continua a repetir, apertando o braço de uma ou outra filha. Mas é incrível o que acontece depois. O depois é quando, na estação Tiburtina, com os deportados já amontoados nos vagões: “o que você acha que podem fazer? Claro que não vão nos matar. Nós vamos para trabalhar." Mesmo ali, naquela confusão quase infernal, foi a voz materna da tranquilização que abriu caminho através da escuridão.

Em vez disso mataram você, Grazia Disegni casada com Spizzichino. Eles mataram você no mesmo dia de sua chegada a Auschwitz, junto com aquela das suas filhas que segurava a menina. A voz com a qual você conseguiu rasgar as trevas não foi ingenuidade ou a inadequação dos humildes. Foi o candor dos Justos.

E todos nós, Grazia, somos gratos a você por aquela sua frase que devolveu espaço e dignidade ao conceito do que deve ser o Homem.

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