Desastres climáticos revelam: precisamos de uma política para sobrevivência

IHU segue discutindo o novo regime climático, agora, em conferência com o professor Luiz Marques, que está lançando obra que vê este decênio como decisivo para vida humana na Terra

Arte: Marcelo Zanotti

Por: João Vitor Santos | 20 Setembro 2023

Depois de um desastre climático que arrasou municípios no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e de dois ciclones extratropicais sucessivos no estado, nesta semana o Brasil todo está alarmado com a onda de calor extremo que vem tomando conta do país. Detalhe: a marca pode variar entre 40 e 45ºC, segundo a Metsul Meteorologia e estamos ainda no inverno.

 

A manchete do Observatório do Clima (acima) assusta, ainda mais se considerarmos que esta não é uma realidade apenas do Brasil. No mundo todo, estamos à beira de um colapso.

 

A partir deste cenário, Arno Kayser, engenheiro agrônomo e uma das referência no ativismo ambiental no Rio Grande do Sul, em entrevista concedida ao IHU, afirma que “estamos diante de um desafio global que pede uma mudança civilizatória na nossa relação com a natureza e as demais nações do planeta”.

Kayser: “estamos diante de um desafio global que pede uma mudança civilizatória na nossa relação com a natureza e as demais nações do planeta” | Foto: divulgação

Não temos saída, pois chegamos ao ponto que, embora ainda importantes, microações não serão mais capazes de realizar pontos de virada. Precisamos de grandes ações de Estado, em nível global, políticas públicas de sobrevivência para assegurar a vida humana na Terra. “Não é uma tarefa fácil, mas precisa ser feita porque os riscos de seguirmos fazendo o que temos feito até hoje podem nos levar a cenários muito mais traumáticos e sem controle. Cremos que a capacidade humana de mudar seu papel na ecologia do planeta é bem grande. Mas ela precisa acontecer num ritmo cada vez mais rápido antes de ser tarde demais”, completa Kayser.

Luiz Marques, professor da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, defende que, se atuarmos com seriedade e comprometimento diante da emergência da situação, ainda nesta década poderemos evitar a extinção em massa. Esta é a ideia central de seu recém-lançado livro O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência (Elefante, 2023). “Vivemos o último decênio em que mudanças estruturais em nossas sociedades podem ainda atenuar significativamente os impactos do processo de colapso socioambiental em curso”, ressalta o autor no prefácio.

Obra de Luiz Marques | Imagem: divulgação

No entanto, Marques não defende qualquer ação. Para ele, é necessário haver a chamada política de sobrevivência. Afinal, este é um regime em que, como no exemplo do Rio Grande do Sul, em poucos meses se vai de estiagem e seca extremas a tempestades e enchentes. A ideia de política de sobrevivência norteará o debate que ocorre nesta quinta-feira, dia 21-09-2023, via videoconferência, às 17h30, com transmissão ao vivo pelas redes do IHU.

 

A palestra com o professor Marques vem na esteira de outro debate promovido pelo Instituto em que, a partir da tragédia climática no Vale do Taquari, discutiu ações de enfrentamento ao colapso climático. Confira também!

 

Saiba quem é Luiz Marques

É graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – USP. Possui diploma de estudos aprofundados em Sociologia da Arte pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales – EHESS, de Paris. É doutor em História da Arte pela mesma instituição. Foi curador-chefe do Museu de Arte de São Paulo – MASP, entre 1995-1997.

Luiz Marques (Foto: divulgação)

É professor livre-docente aposentado e colaborador do Departamento de História da Unicamp e professor sênior da Ilum Escola de Ciência do CNPEM. Sobre a temática ambiental, publicou Capitalismo e colapso ambiental (Unicamp, 2018).

Entrevistas realizadas pelo IHU com Luiz Marques

 

Artigos reproduzidos pelo IHU com Luiz Marques

 

Ouça também o podcast Destaques da Semana em que a crise climática também é abordada

 

 

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