22 Março 2023
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que 10 milhões de crianças precisem urgentemente de assistência humanitária no Burquina Fasso, Mali e Níger, países que ocupam a região central do Sahel. Este número representa o dobro do registrado em 2020, alerta a ONU News.
A reportagem é publicada por 7 Margens, 20-03-2023.
O aumento é explicado pelo agravamento da violência naquela região africana, que apresenta um quadro de crianças “cada vez mais envolvidas no conflito armado, como vítimas de confrontos militares intensificados ou alvos de grupos armados não estatais.”
Em comunicado, a diretora regional da UNICEF para a África Ocidental e Central, Marie-Pierre Poirier, descreve “o ano de 2022 como particularmente violento para as crianças no Sahel Central”. A representante faz um apelo a todas as partes em conflito para que parem urgentemente os ataques “tanto contra as crianças, como contra as suas escolas, unidades de saúde, e casas”.
Na sua atuação, os grupos armados têm entre os seus alvos os estabelecimentos de educação do Estado: “queimam e pilham escolas sistematicamente, e ameaçam, raptam ou matam professores”, denuncia a UNICEF. Mais de 8.300 centros de ensino foram encerrados nos três países por terem sido diretamente visados, “porque os professores fugiram, ou porque os pais foram deslocados ou temiam enviar os seus filhos à escola”.
No Burquina Fasso, mais de uma em cada cinco escolas fecharam, e pelo menos 30% das centros de ensino na região de Tillaberi, no Níger, já não funcionam devido ao conflito.
Mapa da região do Sahel | Foto: Wikimedia Commons/Peter Fitzgerald
Nos países vizinhos, devido aos confrontos entre grupos armados e às movimentações das forças de segurança nacional entre fronteiras, estima-se que haja mais quatro milhões de menores em risco de sofrer com a violência. De acordo com a UNICEF, as populações na área fronteiriça entre Burquina Fasso, Mali e Níger estarão em situação de “insegurança alimentar catastrófica” até junho de 2023.
Só em 2022, foram registrados pelo menos 172 incidentes violentos, incluindo ações de grupos armados nas zonas fronteiriças a norte dos quatro países. A UNICEF faz um apelo aos governos para que aumentem de forma significativa o investimento na expansão do acesso aos serviços sociais essenciais e à proteção, como elementos vitais para a paz e para a segurança.
A agência da ONU pede ainda aos envolvidos no conflito que cumpram as suas obrigações morais e legais fundamentais para com as crianças sob o direito internacional humanitário e dos direitos humanos. As medidas recomendadas para conter a situação incluem o fim dos ataques a crianças e aos serviços de que elas precisam, o respeito ao espaço e ao acesso do auxílio e a implementação das regras sobre o tratamento de crianças afetadas.
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Sahel central: número de crianças a precisar de ajuda duplicou para 10 milhões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU