28 Março 2022
“Não baixem a guarda sobre as alterações climáticas. Por favor, Itália e Europa, não façam isso."
A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, 24-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Seria um trágico erro. Se realmente querem contribuir para a paz e evitar transformar o mundo em um teatro de conflitos sem fim, vocês têm que lutar contra o aquecimento global. Este último já está tornando inabitáveis pedaços inteiros do planeta. E a superfície inabitável aumentará, juntamente com os migrantes forçados e com as tensões.” Isto foi dito em uníssono por Vanessa Nakate e Diana Nabiruma, jovens ativistas que vieram de Uganda para Roma, onde ontem participaram da audiência geral do Papa Francisco.
“Foi muito comovente”, dizem ainda emocionadas, depois do encontro com o Pontífice da Laudato si'. Vanessa é o rosto internacionalmente mais conhecido do movimento Fridays for future, juntamente com Greta Thunberg, e está atualmente engajada no projeto Green Schools, um programa que visa instalar painéis solares em 24.000 escolas ugandenses. Diana trabalha para promover a participação cidadã na gestão dos recursos ambientais através do Instituto Africano para a Governança da Energia (Aifeg). Ambas estão na linha da frente da campanha para travar a construção do maxi-oleoduto Eacop que deveria permitir o escoamento do petróleo de Hoima, no Uganda, até ao porto de Tanga. Um percurso de 1.443 quilômetros que tornaria a usina a maior do mundo.
“É um absurdo continuar a investir recursos para procurar, extrair e transportar os combustíveis fósseis, que são os principais responsáveis pela crise climática. Sei que muitos lobbies ligados ao petróleo e ao carvão gostariam de tirar vantagem da tragédia ucraniana, sob o pretexto de diminuir a dependência do gás russo. Pelo contrário, se queremos aprender algo com esta crise, é precisamente o momento de acelerar a transição para as fontes renováveis”, afirma Nakate. "As consequências afetam a todos", especialmente os mais pobres, a África em primeiro lugar, com o atual aumento dos preços dos alimentos.
“É paradoxal que o continente africano seja obrigado a importar alimentos quando teria todo o potencial para produzi-los. As terras são tiradas dos agricultores. O aumento global das temperaturas, além disso, tem uma recaída imediata sobre os nossos campos, queimados pelo superaquecimento climático”, ressalta a ativista da Aifeg. Justamente graças aos pequenos, porém, a possível mudança está amadurecendo. “Os jovens e as mulheres são o motor do movimento pela defesa da casa comum", conclui Nakate. "O futuro de seus filhos está em jogo. Dos nossos filhos, de todos nós. Não vamos deixá-las sozinhas.”
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“Se não salvarmos o ambiente, nós, africanos, morreremos de fome” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU