16 Novembro 2022
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 16-11-2022.
"Elevo minha oração pelas vítimas inocentes do ataque terrorista nestes dias em Istambul. Nossa oração incessante também é pela atormentada Ucrânia: que o Senhor dê consolo aos ucranianos, força nas provações e esperança de paz". No encerramento de sua audiência de quarta-feira, numa plúmbea Praça São Pedro, Francisco quis recordar novamente a guerra na Ucrânia, assim como as vítimas do míssil que caiu na Polônia e as vítimas do ataque terrorista em Istambul, em um reflexão em que abordou a questão da "tristeza sadia" da solidão e da desolação.
"Que o Senhor converta os corações daqueles que ainda se posicionam contra a guerra", sublinhou o Papa em referência às últimas notícias sobre o míssil que caiu na Polônia, e que causou duas mortes, sem que a sua origem tenha sido ainda esclarecida".
Uma desolação que provoca um "tremor na alma", que "nos mantém acordados" e "nos protege do vento do capricho", disse Bergoglio, que convidou ao discernimento "para não tomar decisões precipitadas, na onda da emoção de momento, apenas para se arrepender quando for tarde demais".
E é que "a desolação pode ser uma oportunidade de crescimento. Na verdade, se não houver um pouco de insatisfação, de sadia tristeza, sadia capacidade de viver na solidão, de estar consigo mesmo sem fugir, corremos o risco de ficar sempre na superfície das coisas e nunca fazer contato com eles. o centro da nossa existência", insistiu, apontando para aquele "sacudir a alma" que "nos mantém acordados, favorece a vigilância e a humildade, e nos protege do vento do capricho".
“São condições essenciais para progredir na vida e, portanto, também na vida espiritual”, acrescentou Francisco, apontando para uma “serenidade perfeita, mas ‘asséptica’, quando se torna critério de escolhas e comportamentos, torna-nos desumanos, indiferentes a o sofrimento dos outros e incapaz de aceitar o nosso próprio".
“Eleições importantes têm um preço que a vida apresenta, um preço que está ao alcance de todos”, insistiu o Papa, que destacou que “a desolação é também um convite à gratuidade, a não agir sempre e apenas em vista de uma gratificação emocional”.
E é que, ao contrário do que se possa pensar, "estar arrasado oferece-nos a possibilidade de crescer, de iniciar uma relação mais madura, mais bonita com o Senhor e com os entes queridos, uma relação que não se reduz a uma mera entrega".
"Muitas de nossas orações são um pouco desse tipo, são pedidos de favores dirigidos ao Senhor, sem um interesse real por Ele", lamentou Bergoglio, que rebateu o "Como vai você?" de Jesus, "um modo muito bonito de entrar numa relação verdadeira e sincera com a sua humanidade, com o seu sofrimento, e também com a sua singular solidão. Com Ele, que quis partilhar a sua vida conosco em plenitude".
"Queridos irmãos e irmãs, a vida espiritual não é uma técnica à nossa disposição, não é um programa de 'bem-estar' interior que devemos programar. Não. É a relação com o Vivo, irredutível às nossas categorias", Francisco concluiu, apontando como "a desolação é então a resposta mais clara à objeção de que a experiência de Deus é uma forma de sugestão, uma simples projeção de nossos desejos". Porque "quem reza percebe que os resultados são imprevisíveis: experiências e passagens da Bíblia que muitas vezes nos emocionaram, hoje, estranhamente, não despertam nenhum entusiasmo. E, igualmente inesperadamente, experiências.
"Diante das dificuldades, portanto, nunca desanime, mas enfrente a prova com determinação, com a ajuda da graça de Deus que nunca nos falta. E se ouvirmos dentro de nós uma voz insistente que quer nos distrair da oração, vamos aprenda a desmascará-la como a voz do tentador tentador; e não nos deixemos impressionar: apenas faça exatamente o contrário do que ela nos diz!", concluiu.
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Papa Francisco, após os mísseis que caíram na Polônia: “Que o Senhor converta os corações daqueles que ainda se opõem à guerra” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU