O que há para festejar? Artigo de Edelberto Behs

Bolsonaro em palanque eleitoral durante o 7 de Setembro de 2022. (Foto: Redes Sociais | Jair Bolsonaro)

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15 Setembro 2022

 

"O importante é que o inominável defende a PátriaDeus e a família. A gente só não sabe qual família, se é a família brasileira ou a própria família para a realização de rachadinhas, cheques dúbios, compra de loja de chocolate, apartamentos ou mansão em Brasília", escreve Edelberto Behs, jornalista. 

 

Eis o artigo.

 

Depois da vergonhosa “festividade” do bicentenário da Independência do Brasil, que virou palanque eleitoral, o STE poderia cassar a candidatura do Brochonaro. Até mesmo o PDT do parisiense Ciro Gomes pediu a impugnação. Mas isso não vai rolar. O STE não tem cuião para tanto.

 

A pergunta que fica dessa parada eleitoreira é “o que é mesmo que os adoradores do mito comemoraram?” Foram os 107 apartamento da famiglia ou os 51 imóveis adquiridos mediante o pagamento em dinheiro vivo, certamente acomodado em malas, embora Brochonaro tenha “inventado” (kkkk) o Pix.

 

Quando não se tem realizações a apresentar à nação cabe a “invenção” do Pix. Um triplex e um sítio fizeram um barulho ensurdecedor no Brasil; 51 apartamentos resultados da lavanderia da famiglia não faz nem cócegas. O JN não faz o mesmo alarde quando, no tempo do PT, trazia, em tela de fundo, em minutos e minutos de denúncias, aquela tubulação em que rolava dinheiro do petrolão. Afinal, agora se trata apenas de simples apartamentos, nenhum triplex.

 

Será que os adoradores do mito comemoram a volta do Brasil ao mapa da fome? Os 33 milhões de brasileiros e brasileiras que não têm como fazer três refeições por dia? Ou aplaude a atuação de pastores, recomendados pelo Brochonaro, na intermediação de recursos do Ministério da Educação para municípios, intermediação cobrada em ouro ou impressões de bíblias? Não será o orçamento secreto o motivo para tanto festejo dos adoradores?

 

Ah, mas pode ser também as invasões de garimpeiros em terra indígenas, incentivados pelo Brochonaro, ou o contrabando de madeira avalizado por um dos seus (ex) ministros, ou, ainda, as queimadas na Amazônia. Tem também aquele ministro da Fazenda que, numa clara demonstração de credibilidade à economia brasileira, investe em paraísos fiscais.

 

Também podem comemorar a performance do Brochonaro ao interpretar pessoa com falta de ar por causa da covid. Ou a morte prematura de mais de 400 mil brasileiros e brasileiras por causa da demora na aquisição de vacinas, ou a falta de oxigênio em Manaus. Ah, tem ainda as latinhas de leite condensado, carnes, bebidas alcoólicas e prozac para militares.

 

O importante é que o inominável defende a Pátria, Deus e a família. A gente só não sabe qual família, se é a família brasileira ou a própria família para a realização de rachadinhas, cheques dúbios, compra de loja de chocolate, apartamentos ou mansão em Brasília.

 

O deus de Brochonaro não é o Deus de amor, solidariedade, paz, justiça, anunciado por Jesus. É o deus da arminha, da mentira, da violência e da enganação. Está mais para diabólico do que para santo!

 

E a pátria do capitão é aquela que compra briga com chineses, franceses, chilenos e americanos. Chineses por causa da “vachina”; franceses, no comentário machista dirigido à esposa do Macron; estadunidenses, na dúvida da eleição de Biden, e o Chile, ao atacar o presidente daquele país. A pátria do inominável é o que pode ser desmanchado e vendido.

 

Como se vê, adoradores têm motivos para ir à rua e proclamar os feitos do “mito”. Afinal, o Brasil não tem corrupção, a educação se expande, a saúde vai muito bem, obrigado, e o país é reconhecido no espectro internacional. Tudo crescimento negativo, mas não deixa de ser crescimento. É isso que adoradores festejam.

 

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