07 Dezembro 2020
"No entanto, ainda é bastante válido o decreto "Unitatis redintegratio" promulgado em 21 de novembro de 1964 durante o Concílio Vaticano II, que convidava a Igreja Católica a promover o diálogo fraterno com todas as igrejas e comunidades eclesiais. O problema é que os próprios cristãos hoje não dão a mínima aos decretos conciliares e as indicações do Vaticano. Não só, o ecumenismo parece ter saído de moda. É até visto com suspeita, como uma perigosa desatenção a problemas muito mais sérios", escreve Danilo Fenner, em artigo publicado por Trentino, 05-12-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quase quarenta anos atrás, para o Pentecostes de 1981, o Arcebispo Gottardi estabeleceu que em todas as paróquias fosse celebrado o 1600º aniversário do Concílio Constantinopolitano I e o 1550º do Concílio de Éfeso. Hoje diríamos: o que é isso? Seria inútil lembrar que esta é uma terra que sempre cultivou o ecumenismo: nem mais sabemos o que significa ecumenismo. Então, vamos explicar para os não especialistas: o ecumenismo é aquele tipo de movimento subjacente dentro das igrejas cristãs que tende à unidade.
Um movimento que tem origens muito distantes: os primeiros passos remontam ao Concílio de Lyon em 1274. Desde então, algum progresso foi feito, mas pouco, e no meio também explodiu a bomba do protestantismo, por assim dizer. Na verdade, depois disso ninguém mais se atreveu a falar de diálogo entre cristãos até o início do século XX. E mesmo então a própria palavra "ecumenismo" era um enigma para a maioria.
Em 1919, o arcebispo luterano de Uppsala, Soederblom, escreveu um artigo no qual, pela primeira vez, propunha um "Conselho Ecumênico de Igrejas". O tipógrafo compositor pensou em um erro de grafia e imprimiu: “Conselho Econômico de Igrejas”. Seja como for, o século passado foi então todo um fervor nessa direção. Como explicar às gerações mais recentes que apenas vinte anos atrás a nossa diocese tinha o ecumenismo como sua "missão" estratégica, como componente essencial do projeto pastoral da Igreja Trentina, não como ninharia.
A referência institucional – podemos dizer - era o particular "mandato ecumênico" confiado por Paulo VI à diocese de Trento no distante 1964. Elucubrações de teólogos, poder-se-ia objetar hoje, lutando como estamos com a crise das vocações, a própria Igreja Católica atravessada por ferozes divisões internas, a tragédia do Covid, uma pobreza cada vez mais galopante. No entanto, ainda é bastante válido o decreto "Unitatis redintegratio" promulgado em 21 de novembro de 1964 durante o Concílio Vaticano II, que convidava a Igreja Católica a promover o diálogo fraterno com todas as igrejas e comunidades eclesiais.
O problema é que os próprios cristãos hoje não dão a mínima aos decretos conciliares e as indicações do Vaticano. Não só, o ecumenismo parece ter saído de moda. É até visto com suspeita, como uma perigosa desatenção a problemas muito mais sérios.
Na verdade, o Papa Francisco não parece ter essa opinião. Durante o seu pontificado tentou fornecer algumas chaves interpretativas, primeiro falando do ecumenismo da Palavra, da oração, da diversidade reconciliada, para depois insistir muito nos últimos meses (com referência à pandemia e suas trágicas consequências também no plano econômico) sobre o ecumenismo "da misericórdia".
Eis aqui, sim, um terreno no qual os cristãos - todos juntos - teriam algo a dizer e fazer. Em poucos meses - se o Covid permitir – será realizada a décima primeira assembleia do Conselho Ecumênico de Igrejas em Karlsruhe, que retorna à Europa depois de cinquenta anos de reuniões em outras partes do mundo. Veremos se dos aspectos dogmáticos será possível passar a questões mais terra-terra que são, justamente por isso, mais "divinas".
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O ecumenismo fora de moda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU