16 Junho 2015
No 50º aniversário do decreto sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, aprovado pelo Concílio Vaticano II e promulgado por Paulo VI no dia 21 de novembro de 1964, o último número da Irénikon, a revista periódica dos monges de Chevetogne, na Bélgica, dedica o seguinte editorial, que traduzimos e publicamos abaixo.
O texto foi publicado no jornal L'Osservatore Romano, 13-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o editorial.
1964-2014. Unitatis redintegratio tem 50 anos. Esse aniversário foi celebrado com maior ou menor intensidade em diversos lugares. Se os sinos de todas as catedrais na Alemanha, no dia 21 de novembro, tocaram para saudar o evento, em outros países ele foi lembrado com congressos, conferências, encontros, momentos de oração que se intercalaram nas semanas próximas ao dia do aniversário.
Também foi o pano de fundo ou a principal motivação das várias audiências do Papa Francisco que se encontrou com os representantes de diversas Igrejas e comunidades eclesiais. Esse "ir e vir" mostra que sempre existe um movimento ecumênico propriamente dito.
O ano de 1964 começara com o gesto profético do encontro em Jerusalém (5 de janeiro) e se concluíra com a promulgação do decreto sobre o ecumenismo (21 de novembro), prelúdio de muitos outros encontros.
Estes últimos se realizariam em diversas direções. Depois dos últimos debates particularmente difíceis (a famosa "semana negra" do Concílio), isso parecia ser uma vitória.
Também não se havia escrito na Irénikon (XXXVII, p. 466) que "o ecumenismo foi canonizado"? A porta estava aberta para todas as esperanças. Que ela possa não se fechar de novo, apesar dos friorentos que nos falam, sem dúvida, com razão, de um inverno ecumênico.
A porta está aberta e que permaneça aberta. O ecumenismo também precisa de ar fresco. Grande é a tentação de uma certa sonolência, de certas fusões satisfeitas, até mesmo complacentes.
Por outro lado, não ocorre o mesmo com a nova evangelização? Ela pode facilmente se tornar um discurso interno, entre iniciados. Portanto, devemos ir para a periferia, para todas as periferias. O mesmo vale para o ecumenismo. Ele deve recuperar o fôlego.
Geralmente considerado um ponto de partida, o Unitatis redintegratio também é um ponto de chegada. Ele não caiu do céu; é o fruto de uma longa gestação. Não nos esqueçamos dos pioneiros, tão frequentemente artífices nas sombras, nem sempre bem compreendidos, que, rejeitando toda "interrupção de gravidez", tornaram possível o nascimento da Igreja Católica ao ecumenismo.
Recordemos aqueles vitrais das catedrais medievais que mostram os apóstolos empoleirados sobre os ombros dos profetas, com o olhar voltado para a frente. Celebremos os apóstolos e não nos esqueçamos dos profetas.
Além disso, a missão não esgota a profecia. Esta última ainda se inclui entre os carismas da Igreja apostólica. São Paulo nos diz isso, falando da diversidade dos membros na unidade do corpo (cfr. 1Coríntios 12).
Ainda hoje precisamos dar prova de audácia. Voltemos àquele 5 de janeiro de 1964 que já antecipava aquele 21 de novembro repleto de promessas. Recentemente, evocando a figura de Paulo VI como o papa do diálogo, o cardeal Etchegaray lembrou que, durante o encontro em Jerusalém, ignorando que os microfones ainda estavam ligados, pouco antes da troca dos discursos, foram gravadas as palavras que Paulo VI e Atenágoras disseram um ao outro: "O que podemos fazer para avançar juntos?".
Essa interrogação permanece. Permanece para a Igreja, para as Igrejas, e permanece para cada um de nós. O que podemos fazer para avançar juntos e dar, juntos, um novo sinal profético?
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Cinquenta anos do decreto Unitatis redintegratio: a necessidade de um novo impulso ecumênico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU