18 Fevereiro 2020
Pela primeira vez desde o início da Reforma Protestante, os católicos celebrarão uma missa na catedral de Saint-Pierre.
A reportagem é publicada por Riforma, 13-02-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em agosto de 1535, a missa foi abolida em Genebra, depois que os iconoclastas devastaram a catedral de Saint-Pierre, quebrando estátuas e destruindo imagens que não estavam em conformidade com o novo culto reformado. Desde então, nenhuma missa foi realizada no edifício, usado para o culto protestante. Um longo período que termina no sábado, 29 de fevereiro de 2020, com uma missa celebrada, às 18h30, por Pascal Desthieux, vigário episcopal do cantão de Genebra.
Esta proposta sem precedentes da paróquia protestante de Saint-Pierre-Fusterie surgiu de um longo debate após uma cerimônia ecumênica. A ideia "amadureceu" no Conselho Paroquial, que votou a favor. “Não houve oposição, o que é significativo. A ideia foi aceita porque corresponde ao nosso desejo de fazer da catedral um local de encontro para todos os cristãos de Genebra. Um espaço que transcende as fronteiras denominacionais", afirma Daniel Pilly, presidente do Conselho Reformado da igreja de Saint-Pierre.
Se os católicos romanos não celebram sozinhos uma missa em Saint-Pierre por quase 500 anos, ainda assim participaram de cerimônias ecumênicas. Por sua parte, os luteranos foram autorizados a celebrar as confirmações de seus catecúmenos no domingo de Pentecostes, quando o templo de Madeleine, onde tradicionalmente oficiavam, havia sido temporariamente fechado para os trabalhos de remoção do amianto. Os anglicanos também vieram, por vários anos, a entoar canções de Natal na catedral.
Se os católicos romanos estarão em sua casa em Saint-Pierre em 29 de fevereiro, também será o caso dos protestantes, que, como todos os cristãos, serão bem-vindos nessa missa e acolhidos na comunhão. "Isso não é nada especial para Genebra, pois já é praticado localmente em muitas paróquias durante as celebrações ecumênicas em que protestantes e católicos se convidam para a Ceia do Senhor e para a comunhão", lembra Daniel Pilly.
Esse convite também decorre dos excelentes relacionamentos, cheios de confiança, estabelecidos há vários anos com Pascal Desthieux. “É um sinal de que o clima em Genebra é extremamente favorável e frutífero com a Igreja católica romana. Fizemos progressos significativos em termos de ecumenismo, em particular com a Declaração Conjunta, assinada em 2017, que reconhece nossos respectivos ministérios", afirmou Emmanuel Fuchs, presidente da Igreja protestante de Genebra e também pastor de Saint-Pierre.
Para Daniel Pilly e Emmanuel Fuchs, mesmo que as diferenças entre protestantes e católicos permaneçam notáveis, o que as une é muito mais importante. “É um forte sinal de que estamos ‘emprestando’ a nossa catedral, uma vontade de nos abrir, de reunir a Igreja, de trazer o Evangelho e de testemunhar nosso amor por Cristo. Como o Papa Francisco disse, o ecumenismo se alcança caminhando. Estamos tentando caminhar juntos na esperança de que, quando tivermos caminhado o suficiente, os obstáculos que hoje parecem insuperáveis não o serão mais”, conclui Emmanuel Fuchs.
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Genebra, provas de ecumenismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU