20 Outubro 2020
Depois de ser recebido em uma audiência privada pelo papa Francisco na segunda-feira passada, 12-10, o cardeal George Pell concluiu uma inesquecível semana com a celebração de sua primeira missa pública desde que retornou a Roma, em 30 de setembro.
A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 17-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Cardeal Pell deixou o Vaticano em julho de 2017, para encarar um julgamento na Austrália, onde ele esteve preso por 400 dias por acusações de abuso sexual contra menores no passado, até que finalmente foi absolvido pela Suprema Corte no último mês de abril.
Ele celebrou a missa na capela da Domus Austrália, uma pousada quatro estrelas para peregrinos australianos, reformada no local de um antigo mosteiro perto da Porta Pia, onde ele foi o principal responsável pela criação em 2010, e que Bento XVI abençoou.
O cardeal Pell celebrou a Missa no 10º aniversário da canonização da madre Mary MacKillop, uma religiosa australiana que nasceu em Melbourne em 1842 e é a primeira santa do país. Ela fundou as Irmãs de São José do Sagrado Coração, que estabeleceram escolas e instituições de bem-estar, especialmente para a educação dos pobres rurais em toda a Austrália e Nova Zelândia. Ela foi canonizada por Bento XVI em 17 de outubro de 2010.
Em sua homilia, o cardeal lembrou que a canonização da madre MacKillop foi calorosamente recebida em toda a Austrália, não só por católicos, mas também por muitos que não eram de fé católica. Enquanto ele falou sobre a situação que a igreja está enfrentando hoje em meio à pandemia do coronavírus, não fez nenhuma referência à sua provação nos últimos três anos. Uma pessoa presente na celebração, que desejou manter o anonimato, disse à revista América que o rosto do cardeal estava marcado por uma paz e alegria que revelava seus sentimentos de reparação.
A celebração foi a primeira missa pública do cardeal Pell na cidade eterna desde 29 de junho de 2017, quando foi removido de suas faculdades após ser acusado de abuso sexual de menores pela polícia de Victoria na Austrália. Ele então procurou provar sua inocência e, com a permissão do Papa Francisco, deixou seu posto sênior no Vaticano como prefeito da Secretaria para a Economia e voltou à Austrália para ser julgado e tentar limpar seu nome. Ele voltou a Roma em 30 de setembro.
A celebração de hoje coroou uma semana memorável que começou na segunda-feira da semana passada, 12 de outubro, quando o Papa Francisco recebeu o cardeal Pell na biblioteca particular do palácio apostólico do Vaticano e lhe agradeceu por seu “testemunho de fé inabalável” ao longo dos últimos três anos enquanto procurava afirmar sua inocência.
A missa foi oferecida pela Domus Australia e seu reitor, John Boyle, com apoio organizacional da embaixada australiana e sua nova embaixadora, Chiara Porro.
A congregação de cerca de 45 pessoas, presentes apenas a convite da Embaixada da Austrália e limitada em número devido às restrições da Covid-19, incluía o ex-primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, um amigo e forte defensor do cardeal que por acaso estava na cidade a negócios, e a embaixadora dos Estados Unidos na Santa Sé, Callista Gingrich, e seu marido, Newt. Presentes também os reitores do Venerável Colégio Inglês, Philip Whitmore, e do Beda College, o cônego Philip Gillespie e o padre Robert McCulloch, amigo australiano do cardeal e procurador-geral dos Padres Columbanos, que passou grande parte de sua vida no Paquistão.
Durante a missa foi proferida uma oração pelo falecido embaixador australiano junto à Santa Sé, Tim Fischer, amigo próximo do cardeal que chefiava a missão diplomática do país por ocasião da canonização de madre Mary MacKillop.
No final da missa, a embaixadora Porro agradeceu ao cardeal pela celebração. Recordando o extraordinário empenho de Santa Mary MacKillop em responder à necessidade de educação, especialmente entre os pobres, destacando a necessidade urgente de dar atenção à educação de milhões de jovens pobres em nossos dias, especialmente durante esta época de pandemia e crise econômica.
Após a celebração, o purpurado saudou cada um dos presentes na missa. Ele deve permanecer em Roma pelo menos até seu 80º aniversário em 8 de junho de 2021, e possivelmente muito mais.
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Cardeal Pell, absolvido das acusações de abuso sexual, celebra sua primeira missa pública desde o retorno a Roma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU